Jornalistas recebem envelopes com explosivos no Equador
Devido à semelhança entre os cinco casos, o Ministério Público abriu uma investigação única por terrorismo, crime punido com até 13 anos de prisão
Cinco envelopes contendo pen drives carregados com explosivos foram enviados a jornalistas no Equador, e um deles explodiu, sem causar ferimentos graves, informou o ministro do Interior do país, Juan Zapata.
Segundo o ministro, da localidade de Quimsaloma, na província costeira de Los Ríos, foram enviados três envelopes a Guayaquil, e dois, a Quito.
Os envelopes estavam dirigidos aos jornalistas Lenin Artieda, da Ecuavisa; Mauricio Ayora, da TC Televisión; Carlos Vera, apresentador de programas em veículos de comunicação locais; Milton Pérez, da Teleamazonas; e Miguel Rivadeneria, da rádio EXA.
O envelope endereçado a Vera foi interceptado pela polícia em uma empresa de correio de Guayaquil e não chegou a seu destino, destacou Zapata.
Um dos principais portos de exportação de cocaína para a Europa, Guayaquil é epicentro de disputas violentas entre quadrilhas de narcotraficantes. "Há uma mensagem absolutamente clara de calar jornalistas que foram fortes em sua forma de ser, ou de calar a imprensa", expressou o ministro.
O comandante nacional de Criminalística da Polícia, Xamier Chango, comentou que "a carga usada no dispositivo que explodiu na emissora Ecuavisa poderia ser 'RDX', um explosivo de tipo militar".
Devido à semelhança entre os cinco casos, o Ministério Público abriu uma investigação única por terrorismo, crime punido com até 13 anos de prisão. A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) pediu às autoridades "garantir a segurança" dos trabalhadores da imprensa e "investigar rapidamente esse ataque à liberdade de imprensa. É uma situação grave, que deixa os jornalistas e empresas de comunicação em estado de comoção.”
A ONG Fundamedios, que promove a liberdade de imprensa no país, explicou que o envelope endereçado a Artieda continha uma ameaça ao jornalista. O que foi endereçado à Teleamazonas incluía uma nota que dizia: "Esta informação irá desmascarar o correísmo. Se achar que é de utilidade, podemos chegar a um acordo e lhe envio a segunda parte. Entro em contato com você."
A Fundamedios expressou que o ocorrido "é preocupante, inaceitável", viola a liberdade de expressão e "requer a intervenção imediata do Estado".
O governo do presidente Guillermo Lasso criticou "os atos violentos cometidos contra jornalistas e veículos de comunicação", e as tentativas "de amedrontar" o jornalismo.
No ano passado, o canal RTS foi atacado com disparos, e, em 2020, um artefato explodiu nas instalações da emissora Teleamazonas.
O Equador vivencia atualmente uma forte onda de violência que cresceu juntamente com as apreensões de drogas. O índice de mortes violentas no país passou de 14 para cada 100.000 habitantes em 2021 para 25 a cada 100.000 em 2022.