'Cena se repete', diz moradora sobre enchentes em Moreno
Segundo moradores, a falta de políticas públicas fez com que o município ''enfrentasse o transbordamento do Rio Jaboatão pelo segundo ano consecutivo''
Após o Rio Jaboatão ter transbordado na noite desta quarta-feira (14), no município de Moreno, alguns moradores das áreas afetadas continuam desalojados e com medo de que cenas venham a se repetir nos próximos dias.
Em entrevista ao LeiaJá, a estudante Ingrid Fernanda, moradora do bairro de Cambonge, disse que as enchentes já fazem ''parte da história do município'', porém nos últimos anos, vêm acontecendo com uma maior frequência.
''Faz um ano que tivemos outra enchente, e esse cenário sempre nos remete a de 2005. Como esquecer? Eu vi a água tão perto. E o aperto de ver se repetir aquele cenário de destruição é o mesmo'', disse a moradora ao lembrar das fortes chuvas de maio do ano passado, e da maior enchente registrada na cidade que ocorreu em junho de 2005.
Foto: Guilherme Gusmão/LeiaJá
A estudante comenta o assunto culpabilizando a atual gestão municipal, assim como também os governos anteriores.
''O tempo passou, mas o descaso continua o mesmo, temos um rio sufocado, promessa de uma barragem que nunca foi construída. Políticas públicas? Não conhecemos isto. Junto com a perca material vem a falta de água para um povo que não tem uma perspectiva que isto mudará um dia. Temos ações da população para acolher quem perdeu suas coisas mais uma vez, para quando se reestabelecer, acontecer de novo'', afirmou.
Outra moradora que sempre vivencia o problema é a gestora de recursos humanos Nayane Alves, 27 anos. Ela mora na Avenida Dantas Barreto, na região central do município, onde as águas do Rio Jaboatão sempre invadem as residências do local.
Nayane relatou que desde o início da manhã de ontem, percebeu que o nível do rio estava subindo devido às fortes chuvas.
''Passamos o dia observando o nível do rio, e percebemos que ele transbordou muito rápido. A água começou a entrar por um dos ralos da minha casa, além disso, conseguiu invadir as residências dos meus familiares. A situação foi angustiante'', disse.
Ela ainda afirmou que as equipes da prefeitura e da Defesa Civil de Moreno não disponibilizaram locais que abrigassem os moradores, assim como também, não ajudaram nas retiradas dos móveis.
''Não moro na beira do rio porque quero. Moro por necessidade. É triste ver que até o momento, não tive nenhuma assistência da prefeitura'', pontuou.
Prefeitura de Moreno e Defesa Civil se pronunciam
A prefeitura do município, através de suas redes sociais, informou que as equipes da Secretaria de Assistência Social estão visitando as famílias que tiveram suas residências atingidas pelo transbordamento do Rio Jaboatão nas últimas horas.
O trabalho que também conta com o apoio de servidores de outras secretarias, tem como objetivo conferir se esses moradores já são assistidos por programas sociais ou precisam fazer algum cadastramento.
Foto: Reprodução/Instagram
Na manhã desta quinta-feira (15), a Defesa Civil do município divulgou um balanço das ações realizadas nas últimas 24 horas. De acordo com os números, foram aproximadamente 150 chamados recebidos, espalhados por sete localidades da cidade. Além disso, as equipes receberam chamados de vistorias de barreiras.
O levantamento ainda apontou que as regiões mais afetadas pela enchente ficam localizadas nas comunidades de Cambonge, Galinha D'água e ABC.
Aproximadamente 80 famílias ficaram desalojadas, sendo que boa parte delas já voltaram para suas casas após o recuo do rio.
O balanço também identificou ocorrências de queda de muro, danificações de pontes e danos de algumas casas.