Dilma diz que falta de investimento torna SP 'inviável'
A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta quinta a construção de casas de qualidade para a população de menor renda e não "muquifos". Ao receber líderes de movimentos de moradia em seu gabinete no Palácio do Planalto, a presidente disse não entender por que as empreiteiras "não têm interesse" em construir habitações para a população que ganha até três salários mínimos.
Durante o encontro, Dilma falou da importância do Programa Minha Casa Minha Vida, assegurou que "não faltarão recursos para o programa, particularmente para quem ganha até três mínimos", onde existe a maior parte do déficit habitacional brasileiro e cobrou do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, financiamentos para este segmento.
Mércia Alves, da ONG Centro Don Helder Câmara e Nazareno Afonso, da Associação Nacional de Transportes Públicos, informaram que a presidente Dilma concorda com as críticas do Fórum Nacional de Reforma Urbana, que em seu documento inicial, apresentado na Rio + 20, deixou em segundo plano a questão da mobilidade urbana.
Para reforçar a crítica, a presidente citou São Paulo, ao comentar que a cidade é um exemplo de local que começa a ficar inviável, porque não recebeu investimentos em transporte público. A capital paulista é administrada há anos pelo PSDB ou aliados, como o atual prefeito Gilberto Kassab. Ganhar a prefeitura paulistana é prioridade do PT nas eleições municipais de outubro.
Muquifos
Segundo Donizete Fernando de Oliveira, presidente da União Nacional de Moradia Popular, para ajudar na construção de casas para quem ganha até três mínimos, cujo déficit é da ordem de quatro milhões de moradias, conforme dados da Fundação João Pinheiro, o governo pretende ajudar com a concessão de terras públicas, ampliação de financiamentos e redução da burocracia.
Mas Dilma reforçou que a sociedade civil organizada precisa estar presente para garantir a construção de casas de qualidade. "Temos de fazer habitação de qualidade e não muquifos", afirmou a presidente, de acordo com relato de três dos participantes, lembrando uma expressão usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.