Na ONU, Dilma critica EUA e intervenção militar na Síria
Durante o discurso na Assembleia Geral, a presidente também apoiou o reconhecimento do Estado palestino
Dilma Rousseff foi a primeira governante a discursar na abertura da 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), na manhã desta terça-feira (25), em Nova York. Durante pouco mais de 20 minutos, a presidente defendeu a tolerância e o respeito às diferenças, destacando a igualdade entre homens e mulheres, a crise econômica mundial, o fim dos conflitos internacionais, o legado da Rio+20, a importância dos blocos econômicos e a campanha de segurança no trânsito.
Inicialmente, Dilma ressaltou o desejo das mulheres de todo o mundo de terem a "igualdade de direitos e oportunidades, livres de todas as formas de discriminação e violência".
Logo em seguida, ela criticou as "políticas fiscais ortodoxas" adotadas pelos países desenvolvidos, que têm agravado a recessão com reflexos nos países emergentes. "A política monetária não pode ser a única resposta para resolver o crescente desemprego, o aumento da pobreza e o desalento que afeta as camadas mais vulneráveis da população", frisou, apontando a necessidade de esforços de cooperação entre os países e o G-20, o FMI e o Banco Mundial. Segundo Dilma, é preciso haver um equilíbrio entre políticas fiscais e sociais. "Nos últimos anos, acumulamos reservas cambiais expressivas, reduzimos fortemente o endividamento público e, com políticas sociais inovadoras, retiramos 40 milhões de brasileiros e brasileiras da pobreza, fortalecendo o mercado de consumo de massa".
Dilma também reagiu a acusação dos Estados Unidos de que o Brasil teria adotado medidas protecionistas para garantir mercado aos seus produtos. “O protecionismo deve ser combatido, pois confere maior competitividade de maneira espúria”, disse ela, que também defendeu as ações do Brasil, que foram "injustamente classificadas como protecionismo”. Segundo a presidente todas as decisões estão respaldadas pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Os conflitos no Oriente Médio e no Norte da África, especialmente na Síria, também foram destacados por Dilma, que foi aplaudida. "A Síria produz um drama humanitário de grandes proporções no seu território e nos vizinhos. Recai sobre o governo de Damasco a maior parte da responsabilidade pelo ciclo de violência que tem vitimado grande número de civis. Mas, sabemos também da responsabilidade das oposições armadas, especialmente daquelas que contam com o apoio militar e logístico de fora". A presidente defende o diálogo como caminho para a paz. "Não há solução militar para a crise síria. A diplomacia e o diálogo são, não só a melhor, mas creio, a única opção", ressaltou. Ela emendou: "Repudio a escalada de preconceito ‘islamofóbico’ em países ocidentais. Repudiamos também os atos de terrorismo que vitimaram diplomatas americanos na Líbia".
Dilma também reinterou o apoio do governo brasileiro ao reconhecimento do Estado palestino como membro pleno das Nações Unidas. "Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política regional".