Mais informações sobre espionagem dos EUA serão reveladas

Em audiência pública no Congresso nacional, jornalista que denunciou esquema americano de espionagem explicou que poucos documentos foram divulgados até agora

ter, 06/08/2013 - 18:46
Lia de Paula/Agência Senado Gleen Greenwald disse que há cerca de 20 mil documentos a serem analisados Lia de Paula/Agência Senado

O jornalista Gleen Greenwald, do jornal britânico The Guardian, garantiu que muitos outros documentos sobre a espionagem internacional dos Estados Unidos ainda serão divulgados. "Tudo o que já foi publicado é uma parte muito pequena perto de todas as informações que tenho", disse ele, nesta terça-feira (6), em audiência pública conjunta das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado e da Câmara.

Segundo ele, o ex-técnico da Agência Nacional de Segurança (NSA, sigla em inglês) Edward Snowden passou para ele um montante que pode chegar a 20 mil documentos. E apenas uma pequena parte desses já foram divulgados. "Preciso de muito tempo para ler e entender tudo. Algumas vezes, preciso ler umas sete vezes para entender e até consultar peritos", explicou. "Com certeza, haverá muito mais informações sobre espionagem a serem reveladas, incluindo sobre como estão invadindo o sistema brasileiro", garantiu.

Segundo ele, o trabalho do governo norte-americano para vigiar o Brasil e cidadãos brasileiros envolve cerca de 70 mil pessoas. Segundo ele, empresas de telefonia e internet fornecem informações a NSA sem qualquer questionamento. Para ele, a preocupação é sobre o que os funcionários que têm acesso a essas informações podem fazer com elas.

Os parlamentares que integram as comissões têm um cronograma para ouvir as empresas de telecomunicações e internet que atuam no Brasil. A ideia é tentar descobrir quais delas colaboram com o esquema dos EUA. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também deve ser convocado para discutir a questão.

De acordo com o jornalista, a estratégia dos EUA começou a ser usada com fins de guerra. "Tendo acesso a e-mail e ligações telefônicas, eles podem ficar sabendo de tudo o que está acontecendo. Eles podem controlar melhor os países que invadiram", salientou. Isso ocorreu, por exemplo, no Afeganistão e no Iraque, na "Guerra ao Terror", para ficar "sabendo de tudo sobre o inimigo".

O mesmo tem sido feito em outros países, mas não exatamente como tática de guerra, mas como arma para obter informações comerciais e industriais. "Eles estão aumentando para todo o mundo porque acham que quanto mais sabem mais poder têm", frisou.

Ao governo brasileiro, os EUA afirmaram que não têm acesso ao conteúdo dos e-mails e ligações, mas apenas ao registro geral desses - conhecidos como metadados. Mas Greenwald desmente essa informação. “Os documentos que publicamos mostram que eles podem coletar o conteúdo do e-mail, uma lista de pesquisa do Google, o site que está visitando, e até as ligações podem ser invadidas a qualquer minuto", afirmou. Essas informações seriam coletadas e, posteriormente, o governo selecionaria o que seria monitorado.

 

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