Olinda e Recife: cidades irmãs até na política
As aniversariantes deste dia 12 de março se assemelham, entre outras coisas, até nos embates entre governo e a minoria da oposição
Elas são históricas, possuem pontos turísticos e atraem pessoas de todo o mundo. Mas essas não são as únicas semelhanças entre as cidades do Recife e Olinda. Irmãs geograficamente e aniversariantes nesta quarta-feira (12), as duas possuem situações semelhantes no quesito política: em ambos os municípios o governo se sobressai em relação à minoria da oposição.
Na capital pernambucana, a força dos vereadores opositores decaiu devido as recentes mudanças. Apesar de antes serem quatro e agora aumentarem para dez, a bancada da oposição ainda está se estruturando e elaborando a melhor estratégia para atuar na fiscalização do prefeito Geraldo Julio (PSB).
Assumindo cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Raul Jungmann (PPS) e Priscila Krause (DEM), respectivamente, foram dois que deixaram a Casa José Mariano e consecutivamente, o colegiado opositor. Fora eles, a saída da vereadora Aline Mariano (PSDB), que agora assumiu a Secretaria de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas do Recife, enfraqueceu a bancada que restou apenas André Régis (PSDB), mas este último, devido às aproximações entre tucanos e pessebistas, preferiu declarar independência em relação aos blocos da Câmara.
Com as mudanças, a oposição da Câmara do Recife possui atualmente os vereadores do PT: Jurandir Liberal, Luiz Eustáquio, Henrique Leite, Jairo Brito e Osmar Ricardo. Do PTB: Antônio Luiz Neto, Carlos Gueiros e Eduardo Marques e ainda as vereadoras Isabella de Roldão do PDT e Marília Arraes do PSB. Apesar das mudanças e da nova configuração, o líder da oposição, Jurandir Liberal, acredita que já tem conhecimento suficiente para atuar no colegiado com os demais parlamentares. “A gente tem um mandato de 14 anos. Já ocupei várias comissões e eu conheço o trabalho da maioria dos colegas”, explicou, reforçando a importância do bloco. “Quando o governo só tem base de apoio ele não é questionado e a oposição ajuda o eleitor a refletir. E, se o gestor foi inteligente, ele procura justamente aproveitar os questionamentos da oposição”, destacou.
Em Olinda a situação assemelha-se não em relação à quantidade, mas pelos opositores também serem minoria, e inclusive, terem até pedidos de audiências rejeitados. Na Casa Legislativa, dos 17 vereadores, apenas quatro atuam na oposição: Jorge Federal (PMDB) como o líder, Arlindo Siqueira (PSL), Jesuíno (PSDB) e Riquinho (PROS).
Mesmo a bancada representando menos de 30% dos parlamentares da Câmara de Olinda, o líder da oposição, Jorge Federal, defende a atuação do bloco e frisa a relevância da existência da equipe. “A oposição na verdade é o ponto de equilíbrio entre o executivo e a representação do povo. É quem tem a legitimidade e o desejo que as coisas ocorram bem para a população, porque o executivo nas suas ações, até tem vontade de fazer as coisas, mas fazem e depois abandonam”, pontuou avigorando a ideia. “A oposição é necessária e salutar. É onde a democracia existe quando você consegue ouvir o opositor, mas quando não ouve é uma ditadura, porque onde não há oposição há ditadura”, disparou.
Para a moradora da cidade de Olinda e estudante de direito, Yngrid Oliveira, 22 anos, os políticos deveriam valorizar e investir mais no local. Além disso, ela reconhece também a falta de interesse por parte da população. “Acho que existe pouco interesse do povo e das autoridades. A cidade é abandonada e está sendo governada por um prefeito que nem daqui é, não conhece a cidade e muito menos a necessidade dela. Não tem o cuidado e não está estimulando o turismo. Desinteresse por parte do povo, dos vereadores e do prefeito”, criticou Oliveira referindo-se ao fato de Renildo ser alagoano.
Segundo o cientista político, Adriano Oliveira, a função da oposição em qualquer gestão, seja ela municipal, estadual ou nacional é muito relevante, porém são necessárias traçar estratégias de trabalho. “Em qualquer ambiente a oposição é necessária e deve ser valorizada. No caso de Olinda existem críticas ao prefeito da cidade, mas em geral as oposições não partem com uma alternativa, eles apenas criticam. Elas têm que dizer por que o governo é ruim e propor uma alternativa”, esclareceu.
Oliveira explicou que o melhor caminho para a atuação opositora tanto no Recife como em Olinda é buscar pontuar a atuação. “Às vezes a oposição é forte só de espetáculo e falta conteúdo, então ele deva pesquisar e escolher pautas, e a partir disso colocar em discurso as demandas do eleitor”, frisou o cientista político.