Na Assembleia-geral, Dilma cobra reforma abrangente da ONU

Para a presidente, a ampliação é fundamental para tornar o Conselho de Segurança "mais representativo, mais legítimo e eficaz". Tema foi bastante discutido entre Estados-membros no final de semana

por Dulce Mesquita seg, 28/09/2015 - 12:03
Ichiro Guerra/PR Presidente fez o discurso de abertura da 70ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta segunda-feira (28), em Nova York Ichiro Guerra/PR

No discurso de abertura da 70ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, nesta segunda-feira (28), a presidente Dilma Rousseff voltou a defender a reforma estrutural da entidade, inclusive do Conselho de Segurança. Essa é uma questão que vem sido defendida pelo Brasil há alguns anos. Para a chefe do Executivo brasileiro, esse é o momento de a ONU avançar nessa discussão.

Dilma disse que a Organização obteve grandes avanços ao incorporar na agenda 2030 os desafios do desenvolvimento sustentável e priorizar os desafios urbanos e questões de gênero e de raça. No entanto, ela ressaltou que houve recuos. “Não se conseguiu obter o mesmo êxito na segurança coletiva (...). Os conflitos regionais, alguns com alto potencial destrutivo, assim como a expansão do terrorismo que mata homens, mulheres e crianças, que destrói patrimônio da humanidade, que se expulsa de suas comunidades seculares milhões de pessoas mostram que a ONU está diante de um grande desafio”, frisou.

“Não se pode ter complacência com esses atos de barbárie, como aqueles perpetrados pelo chamado Estado islâmico e por outros grupos associados”, sustentou a presidente, dizendo que a situação dos refugiados é consequência das ações dos conflitos civis e militares em várias nações, que “abriu espaço para a proliferação do terrorismo”.

Para a brasileira, a indicação causada pelo foto do corpo de um menino sírio numa praia da Turquia deve gerar ações de solidariedade prática. “Em um mundo onde circulam livremente mercadoria, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”, defendeu.

Dilma disse que o Brasil está “de braços abertos para receber refugiados”, sendo aplaudida pelos chefes de Estado e Governo presentes. “Somos um país multiético, que convive com as diferenças e que sabe a importância delas para nos tornar mais fortes, mais ricos, mais diversos tanto cultural, quanto social e economicamente”.

A presidente disse que esse cenário precisa gerar mudanças abrangentes nas estruturas da ONU. No final de semana em Nova York, Dilma discutiu o assunto com representantes da Alemanha, Japão e Índia.

“Seu Conselho de Segurança precisa ampliar seus membros permanentes e não-permanentes para tornar-se mais representativo, mais legítimo e eficaz”, defendeu ela, que disse que a maioria dos Estados-membros da ONU espera que uma ação nesse sentido seja tomada. “Temos a esperança de que a reunião que hoje se inicia entre para a história como ponte de inflexão na trajetória das Nações Unidas, que traga resultados concretos no longo e inconcluso processo de reforma da Organização”, salientou.

No pronunciamento, a presidente Dilma defendeu ainda a criação do Estado Palestino, "que conviva pacificamente com Israel, e elogiou a restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, bem como o acordo nuclear com o Irã.

 

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