Rosso prega reaproximação da Câmara com a sociedade

De acordo com o candidato a presidência da Casa, a 'sociedade está afastada e com uma visão negativa não só da Câmara, mas da política em geral'

por Giselly Santos seg, 09/01/2017 - 15:13
Paulo Uchôa/LeiaJáImagens Rosso lançou a campanha em Pernambuco para homenagear o ex-governador Eduardo Campos Paulo Uchôa/LeiaJáImagens

Em périplo pelo país como candidato à presidência da Câmara Federal, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) encontrou com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), nesta segunda-feira (9). Durante a reunião, que aconteceu no Palácio do Campo das Princesas, o social democrata apresentou suas propostas para um eventual mandato à frente da Casa. Entre as prioridades, segundo Rosso, está a reaproximação do Legislativo com a sociedade. 

“Começo basicamente aqui minha campanha. Vim transmitir ao governador Paulo Câmara isto e dizer a ele que a nossa agenda para os próximos dois anos será, basicamente, a geração de emprego, ajuste fiscal, repactuação de alguns assuntos e aproximar a Câmara da sociedade. A sociedade está afastada e com uma visão negativa não só da Câmara, mas da política em geral”, afirmou em conversa com a imprensa após deixar a audiência, de pouco mais de 40 minutos, com o gestor. 

Rosso, que já esteve no Rio Grande do Norte, na Paraíba e no Ceará, optou pela capital pernambucana como o local para lançar oficialmente o nome para disputa com uma transmissão pelo Facebook. “Temos uma história comum com Eduardo Campos. Ele começou a campanha dele lá em Brasília, no Sol Nascente, que é a minha base eleitoral. Hoje estou fazendo o reverso”, salientou. 

Apesar do desejo de gerir a Câmara e da oficialização, Rosso tem até o dia 1º de fevereiro para consolidar a participação na disputa e desbancar o favoritismo do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Entretanto, para o parlamentar, a reeleição de Maia “gera uma insegurança jurídica”, pois o presidente da Câmara será, na prática, o vice-presidente da República pelos próximos dois anos. 

“A candidatura do presidente Maia já está judicializada no Supremo Tribunal Federal [STF]. Há um dispositivo constitucional que impede a recondução para outro biênio na mesma legislatura. Então, nós só saberemos, de fato, o resultado na abertura das urnas, em 2 de fevereiro, entretanto, eu digo com convicção que teremos muitas surpresas pela frente. O Brasil exige um perfil de equilíbrio e que aproxime a Câmara da sociedade. Favoritismo há tantos dias, tanto tempo da disputa, o resultado nem sempre é o esperado”, ponderou. “Vai ser um presidente subjudíce na linha sucessória. Isso é muito sério”, acrescentou. 

Outro desafio de Rosso é no próprio partido, no qual encontra divergências sobre a postulação. “A bancada se reuniu no fim do ano passado e por unanimidade escolheu o nosso nome. O que vemos é um momento de muita intriga, em campanhas a criatividade fica muito aguçada. A campanha só se viabiliza trabalhando. Não existe um projeto só de partido, são 513 deputados. Nossa bancada tem 39. O PSD é um partido grande, pode haver dissidências. Estou muito tranquilo com relação a isto”, observou. 

A passagem de Rosso por Pernambuco acontece três dias após Maia se reunir, no Recife, com cerca de 40 deputados - das bancadas de Pernambuco, Paraíba e Ceará – e arrancar elogios tanto da bancada de oposição quanto do governo. O que para o social democrata é possível de reverter. “Estar [na reunião] não significa que vai votar. Ele é o presidente da nossa Casa, se ele me convida para um evento eu estarei lá. Alguns deputados que estavam lá já falaram comigo”, afirmou. Mesmo com isso, o deputado não vai se reunir com a bancada pernambucana agora, apenas no fim da campanha. 

Ligação com Eduardo Cunha

O deputado Rogério Rosso foi presidente da Comissão do Impeachment na Câmara e nos bastidores da Casa o nome dele tem ligação direta com o do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O vínculo tem gerado avaliações negativas sobre ele. Indagado pela imprensa sobre como pretende se desvincular de Cunha, Rosso explicou que precisava, como líder do PSD, ter uma aproximação com o peemedebista e lembrou ter sido o único, durante o processo de cassação do ex-parlamentar, a não modificar os membros da Comissão de Constituição e Justiça. “Vincularam-nos de uma forma intolerante, mas para denegrir mesmo a nossa candidatura. Porém contra os fatos não há argumentos”, esclareceu. 

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