Anderson acusa Elias de ter deixado dívida de R$ 84 mi

Montante é correspondente aos restos a pagar da gestão tucana. Valor do déficit geral das contas, segundo o prefeito de Jaboatão, deve chegar a R$ 150 milhões

por Giselly Santos ter, 17/01/2017 - 11:23 Atualizado em: ter, 17/01/2017 - 11:54
Giselly Santos/LeiaJáImagens Anderson Ferreira disse que Elias "não deixou um legado" e foi "um grande marqueteiro" Giselly Santos/LeiaJáImagens

À frente da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), há 17 dias, Anderson Ferreira (PR) revelou ter herdado uma dívida de R$ 84,2 milhões oriunda da gestão do ex-prefeito Elias Gomes (PSDB). O dado foi apresentado em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (17) e o montante, segundo ele, é correspondente apenas a restos a pagar, ou seja, contratos adquiridos pelo tucano até 31 de dezembro de 2016.

O valor em caixa no Tesouro Municipal deixado foi de R$4,1 milhões, correspondentes a recursos da repatriação, e R$ 13 mil deixados por Elias Gomes. Além do montante de restos a pagar, o prefeito informou que está realizando uma auditoria na previdência municipal e o rombo, até o momento, já ultrapassa os R$ 30 milhões. O déficit geral das contas, segundo Ferreira, deve chegar a R$ 150 milhões. "Todos os dias chegam contas e empenhos a mais. O levantamento dos R$ 84 milhões eram os que estavam empenhados e levados a secretaria. Não tenho como detectar um número preciso agora. Todos os dias os secretários me ligam dizendo que o número aumentou", frisou. 

De acordo com o prefeito, o cenário encontrado desde que assumiu a gestão é diferente do que foi repassado para ele durante a transição. "Ouvíamos discursos que encontraríamos a cidade com recursos que nos ajudariam no início da gestão, mas não foi bem isso", disse. "Estamos tentando de todas as formas enxugar os danos deixados pela gestão passada", acrescentou.

Para reorganizar a máquina, o prefeito disse que reduziu o número de secretarias de oito para sete e as pastas executivas de 33 para 24, abriu mão dos carros oficiais para o primeiro escalão do governo e reduziu os cargos comissionados em 40%.

Apesar da baixa quantia em caixa, Anderson Ferreira se comprometeu em honrar os contratos. "Meu discurso não é político. É a real situação. Tem contratos destes que precisam ser retomados, outros renegociados. O município não quer dar calote em ninguém. Tem que haver paciência de quem prestou os serviços", declarou.

Destrinchando as dívidas, Anderson Ferreira disse que os setores que mais preocupam a gestão são saúde, educação e infraestrutura. Do montante geral, os restos a pagar na educação, por exemplo, é de R$ 11,4 milhões, sendo R$ 4 milhões correspondentes a merenda escolar. 

Secretário da Fazenda municipal, César Barbosa afirmou que o valor da dívida deveria ter sido deixada no caixa como, segundo ele, prevê a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). “Toda a dívida contraída nos dois últimos dois quadrimestres deve-se ter o recurso em caixa. Ou seja, esses R$ 84 milhões deveriam estar no caixa municipal, mesmo que o vencimento do serviço realizado em 2016 seja para a nossa gestão honrar”, detalhou. 

Críticas a Elias

Fazendo uma avaliação da gestão antecessora, Anderson Ferreira disse que Elias "não deixou um legado" e foi "um grande marqueteiro". "O gestor disse que ia deixar um céu para mim, um paraíso, mas não foi bem isso", cravou. "Repito até o que ele disse numa propaganda: 'Jaboatão é outra cidade'. É sim outra cidade endividada", emendou.

Sob a ótica do republicado, Elias não soube potencializar Jaboatão dos Guararapes em oito anos. "Um exemplo disso é a rejeição que seu candidato teve na eleição", ponderou, sem citar o nome do ex-vice-prefeito Heraldo Selva (PSB).

Veja detalhes das contas públicas da cidade:

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