A missão de ser mãe e política

No Dia das Mães, comemorado neste domingo (12), o LeiaJá mostra como se concilia a profissão e a maternidade

dom, 13/05/2018 - 09:00

Ser mãe já é um desafio diário, mas unir a atividade materna com a vida política e, mais ainda, em ano eleitoral tem suas peculiaridades. Neste domingo (13), quando o país celebra o dia dedicado as mães, o LeiaJá conversou com pré-candidatas a cargos eletivos e mulheres que já estão cumprindo seus mandatos sobre como encaram a maternidade a partir da atuação política.

Com uma agenda repleta de visitas aos municípios pernambucanos e eventos, a pré-candidata a governadora de Pernambuco Marília Arraes (PT) e mãe de Maria Isabel, hoje com 2 anos e 11 meses, contou que conciliar a maternidade e a política não é uma tarefa fácil em um País onde o machismo ainda é tão forte. “Mas a gente está aqui para quebrar essas barreiras e lutar a cada dia mais pela ampliação dos espaços ocupados pelas mulheres na política nacional, estadual e local”, ressaltou Marília.

A neta do ex-governador Miguel Arraes também disse que, particularmente, a maternidade só ampliou o seu desejo e disposição de trabalhar para fazer a boa política. “Afinal o nosso trabalho, no Legislativo ou no Executivo, mexe com toda a sociedade. E nossos filhos, assim como todos os demais cidadãos, são impactados pelos resultados de nossas decisões, projetos e ações políticas. Minha filha, Maria Isabel, está com quase três anos e sempre que é viável ela acompanha nossas agendas e atividades, seja aqui na RMR ou no interior. Ela está aprendendo desde cedo, como tem que ser, que todos temos responsabilidades”, expôs. 

Também postulante do PSOL a governadora, a advogada Danielle Portela vai disputar a primeira eleição este ano e, mesmo tendo uma filha com 15 anos, ela contou que para aceitar o convite do partido teve, antes, uma conversa Alice.  

“Minha vida já é muito corrida e ela foi crescendo com a consciência das responsabilidades que eu tinha. Dividir a maternidade com a campanha será um desafio grande, sou não solo. Para que eu decidisse me colocar nesta candidatura, que ia ampliar meu tempo de dedicação a outras atividades, tive um conversa com ela, perguntei se topava este desafio e no que isso ia repercutir na nossa vida pessoal. Ela disse que me admirava muito no sentido de acreditar nas minhas lutas e foi importante o posicionamento dela para que eu aceitasse”, detalhou Danielle.

Mesmo a campanha não tendo iniciado ainda, de acordo com a pré-candidata, a filha já tem começado a ficar mais tempo sozinha pelas atividades partidárias de preparação para o pleito. “Ela tem ficado muito tempo só agora, mas temos conversado sempre, nossa relação é muito aberta, e ela também já conhece o mundo político por ter me acompanhado sempre sem atos e manifestações como militante. Sempre esteve nas ruas comigo, ela compreende o cenário que estamos vivendo agora”, disse a psolista, contando que há cerca de 20 dias adotou uma cadela para a filha tentando “compensar de alguma forma” a ausência. 

A agenda cheia de compromissos políticos é um cenário também vivenciado pela presidente nacional do PCdoB e deputada federal Luciana Santos que, neste ano, pode concorrer a uma vaga no Senado. Mãe de Luana, 6 anos, a parlamentar ponderou que conciliar as atividades maternas com o trabalho no dia a dia é “sempre uma dureza”. 

“Conciliar as atividades familiares e a rotina de trabalho cotidiano, com tantas viagens e agendas, já não é fácil e em tempos de eleições sempre tem uma carga adicional de dificuldades. Mas, no limite, a gente busca conciliar. No meu caso tem um elemento que ajuda que é dividir as responsabilidades com o pai dela [o deputado estadual Waldemar Borges]. Quando viajo a Brasília, por exemplo, ela fica sob os cuidados dele”, detalhou Luciana.

Apesar disso, a deputada disse que “sempre que possível” leva Luana para as atividades de mandato ou campanha, além de tentar reservar algum “tempo na agenda para manter com ela a rotina de acompanhamento nas atividades escolares, para brincar, andar de bicicleta, ler um pouco, fazer ao menos uma das refeições diárias juntas, coisas desse tipo”. “A tecnologia também contribui para manter a proximidade. Dá para a gente se ver e se falar todos os dias, trocar impressões sobre o que aconteceu na escola, com os colegas, mesmo quando estou em viagem”, contou.

Maternidade romantizada

A deputada estadual Priscila Krause (DEM), mãe de Matheus, 8 anos, e de Helena, 7 anos, ressaltou que é necessário trazer à tona uma realidade sobre a maternidade: gratificante, porém que requer esforço. “A maternidade é aquela coisa extremamente romantizada, mas que na vida real traz sacrifícios para mulheres de toda e qualquer classe social e profissão, embora umas um pouco mais em algumas profissões”. 

“Também existe um esforço do ponto de vista físico. Eu chego em casa e eu não vou fazer as minhas coisas, eu não vou descansar, eu vou aproveitar o tempo para ficar com eles e fazer as atividades deles. Dar atenção desde a tarefa de casa até brincar é cansativo, embora para algumas pessoas pode não ser”, declarou. 

A parlamentar contou que o fato de trabalhar com política aumenta o grau de dificuldade por não ter uma rotina fixa. “Preciso ter uma pessoa em casa porque não sei a hora que chego. Tanto faz chegar às 18h como chegar às 21h e eu não posso deixar eles sozinhos. Houve momento em que tive que levar eles comigo porque não tive escolha. Eu tento explicar porque os pais dos amiguinhos não trabalham no sábado, por exemplo, quando muitos sábados e domingos são para mim de trabalho”. 

Apesar de tudo, Priscila Krause salientou que não há amor maior do que a de uma mãe por um filho. “Ser mãe é você descobrir que você é capaz de fazer coisas que você nunca imaginaria que fizesse porque é movido por um amor. A gente pensa que ama pai, que ama mãe, marido, a gente ama mesmo é filho. Ser mãe é descobrir isso”, definiu a deputada. 

Por Giselly Santos e Taciana Carvalho

 

 

 

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