Caso Marielle: ato no Rio cobra respostas para o crime
Dois meses após o assassinato de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, a polícia ainda não revelou suspeitos
RIO DE JANEIRO - O Dia das Mães foi mais difícil para Luyara Santos e Marinete Silva, filha e mãe da vereadora Marielle Franco (PSOL). Dois meses após o crime que chocou o mundo, ainda não há respostas oficiais sobre a morte da parlamentar e do motorista Anderson Gomes. Nesta segunda-feira (14), um novo ato foi convocado para a Cinelândia, em frente à Câmara Municipal onde Marielle atuava, para pressionar por respostas.
As perguntas "quem matou" e "quem mandou matar" motivaram a campanha que está tomando as redes sociais nesta segunda, mobilizada pela hashtag #JustiçaParaMarielleEAnderson. Nesta manhã, a mãe e o pai de Marielle estiveram presentes em uma mobilização, organizada pela Anistia Internacional, em frente à sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado.
"É uma dor muito grande, mas a gente quer que isso se resolva. A gente não se conforma e não vai se calar enquanto não tiver uma resposta pra gente", disse dona Marinete. Na semana passada, depois de quase cinco horas, a Polícia Civil fez uma reconstituição no local onde ocorreu o crime, no Estácio. A simulação serviu para entender a dinâmica da execução e contou com a presença de algumas testemunhas oculares, inclusive da assessora da parlamentar, que estava no carro.
Em um dos primeiros contatos com a imprensa após o crime, o delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios da Capital e um dos responsáveis pelo caso, ratificou a necessidade de preservar as informações sobre o caso. "É preciso garantir, para o sucesso dessa investigação, em razão da sua complexidade, absoluto sigilo", afirmou.
Em entrevista à Rádio CBN, o secretário de Segurança, general Richard Nunes, também criticou o vazamento de informações, as quais apontam o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o ex-PM Orlando Araújo "Curicica", que está preso em Bangu, como suspeitos, segundo o depoimento de uma testemunha ao qual o jornal O Globo teve acesso.
"Quando surge um vazamento como esse, nós temos que reorientar nossa estratégia de investigação. E isso nos causa um retardo", disse o general, sobre um possível atraso na conclusão do inquérito por conta da divulgação. Nunes ainda confirmou que alguns dos dados revelados já estavam sendo acompanhados pela polícia, contudo, não apontou especificamente quais.
Para o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), com quem Marielle trabalhou por dez anos na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), é preciso equilibrar o tempo da angústia por resultados com o tempo da investigação. "Temos de dar assistência à família, estar próximo à família, mas, ao mesmo tempo, entender que a investigação não é pelo nosso desejo. Mas a investigação está acontecendo, as medidas estão sendo tomadas e a gente vai ter que conseguir manter o assunto vivo e manter a mobilização, porque isso é o mais importante", disse.