Movimento RenovaBR elege 16 candidatos
Metade dos eleitos (8) é filiado ao partido Novo, 3 estão na Rede, 1 no PDT, 1 no PPS, 1 no PSL, 1 no PSB e 1 no DEM
O movimento RenovaBR apresentou nesta segunda-feira, 15, seus 16 eleitos entre os 120 candidatos que lançou nas eleições 2018. No total, os bolsistas do grupo tiveram 4,5 milhões de votos para o Congresso Nacional e Assembleias Legislativas. Foram eleitos 1 senador, 9 deputados federais e 6 estaduais. Metade dos eleitos (8) é filiado ao partido Novo, 3 estão na Rede, 1 no PDT, 1 no PPS, 1 no PSL, 1 no PSB e 1 no DEM. "Espero que essa composição, diversificada, ajude o Brasil a se livrar da armadura da polarização", disse Eduardo Mufarej, criador e coordenador do grupo.
Apesar da diversidade e do convívio de pelo menos 6 meses (com atividades e aulas), o grupo de bolsistas eleitos possui diferenças que reproduzem a polarização destas eleições. O recém-eleito deputado federal Luiz Lima (PSL-RJ), por exemplo, afirmou defender a posição do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) em relação a demarcação de terras indígenas.
"A quantidade de terras indígenas hoje é realmente muito significativa. Concordo com a posição de Bolsonaro de que isso pode ser revisto. Mas acho que o índio precisa ser valorizado como cidadão, queria ver um índio defendendo a seleção brasileira", falou Lima.
A posição de Lima é oposta a de sua colega do Renova, Joênia Wapichana (Rede), a 1ª mulher indígena a conquistar uma vaga na Câmara. "No Renova, a gente aprendeu a se unir dentro daquilo que é possível, daquilo que é comum. Claro, que em causas como a indígena, cada um assumirá o seu papel", afirmou.
Entre os membros do Renova que foram eleitos pelo partido Novo, metade já declarou apoio pessoal ao candidato Bolsonaro. Os eleitos para o Congresso Lucas Gonzales (Novo-MG) e Vinicius Poit (Novo-SP) garantiram "que não irão permanecer neutros e que irão fazer, sim, campanha por Bolsonaro". "Não dá pra imaginar a volta do PT", diz Poit.
Já os eleitos pela Rede, inclusive a índia Joênia, estão agindo com mais prudência. "Ou nulo ou no Haddad. A Rede já se posicionou dizendo 'ele não'. Mas ainda vou conversar antes de tornar pública minha opinião", disse.
O senador por Sergipe Alessandro Vieira (Rede-SE) pretende se posicionar apenas nesta quarta-feira, 17, depois de conversar com sua base. A deputada estadual Marina Helou (Rede-SP) também prefere esperar mais uma semana para declarar seu voto. A única eleita pelo Renova e que abriu o voto em Fernando Haddad foi Tabata Amaral (PDT-SP). "Não era a minha primeira opção. Mas foi o que sobrou pra gente", disse.
Marcelo Calero (PPS-RJ) afirmou que vai seguir a orientação do partido pela neutralidade e não pretende declarar voto para presidente nas eleições 2018.
Segundo Mufarej, o Renova não irá atuar como um bloco político e também não será uma força proponente de pautas dentro do Congresso. Os eleitos com a marca do movimento tem, como compromisso, cumprirem seus mandatos, atuarem pela transparência, a redução de pelo menos 30% de gastos em seus gabinetes e apoio à reforma política.
"O Renova não tem nenhuma preferência partidária. Nem podemos ter. Nós vamos respeitar a opinião de todos os eleitos. Acredito que eles aprenderam a navegar em todos os contextos políticos e a dialogar uns com os outros", disse Mufarej.
Ele admitiu que a onda bolsonarista impulsionou algumas candidaturas do movimento. "Foi um efeito cascata. Acho que pegou todo mundo de surpresa". Para ele, candidatos de movimentos como Agora!, Acredito e outros grupos tiveram mais dificuldades por barreiras econômicas e do próprio sistema. "É preciso discutir a questão do financiamento das campanhas. Hoje, a competição é desleal", falou.
O próximo passo do Renova é o desenvolvimento de um módulo de mandato que deve ser entregue aos eleitos com a chancela do grupo. O módulo irá reforçar os conceitos básicos como transparência e diminuição de gastos públicos. A partir do ano que vem, o Renova irá voltar a selecionar bolsistas para seus cursos.
O grupo, que, além de Mufarej, teve o apresentador Luciano Huck como um dos seus idealizadores e financiadores, funcionou como uma espécie de fundo que atuou na formação de novos quadros políticos. Os bolsistas, escolhidos através de provas e entrevistas, recebiam bolsas de estudo a partir de R$ 5 mil. No início do processo, imaginava-se a eleição de um número maior de deputados. Já no início da campanha, esse número foi revisto e orbitou entre 10% a 20% dos selecionados.