Janot: 'Eu ia matar Gilmar Mendes e depois me suicidar'

Ex-procurador-geral da República disse que a 'mão de Deus' evitou que isso acontecesse

por Giselly Santos sex, 27/09/2019 - 08:18
Wilson Dias/Agência Brasil Wilson Dias/Agência Brasil

Dois anos depois de deixar o comando da Procuradoria Geral da República (PGR), Rodrigo Janot revelou que chegou a ir armado para uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes. Em entrevista ao Estadão e a revista Veja, ele disse que faria isso e, logo depois, cometeria suicídio. 

“Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele e depois me suicidar”, disse o ex-procurador-geral. A intenção de atirar em Gilmar surgiu, segundo Janot, depois do ministro apresentar “uma história mentirosa” sobre a filha de Janot,  Letícia Ladeira Monteiro de Barros. “E isso me tirou do sério”, disparou o ex-PGR. 

Em maio de 2017, o então chefe do Ministério Público Federal apresentou ao STF um impedimento de Gilmar Mendes diante da análise do julgamento do habeas corpus do empresário Eike Batista porque a mulher dele, Guiomar Mendes, atuava no escritório Sérgio Bermudes, responsável pela defesa de Eike. Depois dessa solicitação, segundo Janot, Gilmar disse que Letícia advogava para a empreiteira OAS em processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Foi logo depois que eu apresentei a sessão (...) de suspeição dele no caso do Eike. Aí ele inventou uma história que a minha filha advogava na parte penal para uma empresa da Lava Jato. Minha filha nunca advogou na área penal... e aí eu saí do sério”, afirmou o ex-procurador-geral.

Rodrigo Janot contou que no dia que foi armado ao STF, encontrou Gilmar Mendes na antessala do cafezinho da Corte, sozinho, mas não conseguiu cometer o crime. “Mas foi a mão de Deus. Foi a mão de Deus”, disse. “Cheguei a entrar no Supremo (com essa intenção). Ele estava na sala, na entrada da sala de sessão. Eu vi, olhei, e aí veio uma ‘mão’ mesmo”, emendou.

Janot ainda deu mais detalhes: “Esse ministro costuma chegar atrasado às sessões. Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para cima dele. Mas algo estranho aconteceu. Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo. Nesse momento, eu estava a menos de dois metros dele. Não erro um tiro nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu que esteve perto da morte”.

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