Chapa coletiva de mulheres luta por pessoa com deficiência

Encabeçada pela ex-deputada estadual Terezinha Nunes, a chapa conjunta reúne outras três mulheres: uma mãe de uma criança com microcefalia e outra com um filho autista, além de uma cadeirante

por Victor Gouveia sex, 07/02/2020 - 13:55
Victor Gouveia/LeiaJá Imagens Após anos de luta social, elas decidiram entrar na luta política Victor Gouveia/LeiaJá Imagens

Na luta por inclusão social e tratamento digno na rede pública de saúde, um grupo de mulheres decidiu unir esforços para representar as pessoas com deficiência na Câmara dos Vereadores do Recife. Encabeçada pela ex-deputada estadual Terezinha Nunes, a chapa conjunta reúne outras três mulheres: uma mãe de uma criança com microcefalia, outra com um filho autista, além de uma cadeirante.

Na manhã desta sexta-feira (7), a pré-candidatura pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) foi lançada no Centro do Recife, com a presença de grupos em defesa do atendimento multidisciplinar para tratar as particularidades de cada caso. “Existem realidades muito fortes de pessoas que buscam tratamento, de pessoas que buscam ser incluídas na sociedade, e a gente sente isso na pele, tanto com os nossos filhos ou como no caso de Cibelle [amiga de chapa]”, avaliou a candidata Carolina Aleixo, mãe de um garoto autista.    

Por representatividade e voz ativa na gestão pública, a cadeirante Cibelle Albuquerque explica sua decisão de entrar na vida política. “A mulher com deficiência vive numa vulnerabilidade muito grande e precisa ter esse olhar. Quantas mulheres estão em casa e com medo de tá na rua por sofrer violência ou por sofrer preconceito? A gente precisa mudar essa realidade”, cravou.

Elas também evidenciam o desgaste das mães que lutam por direitos judiciais e sociais para que os filhos sejam assistidos. Germana Soares, mãe de um menino com microcefalia em decorrência do zika vírus, explica que muitas delas também precisam de assistência, visto que, se doam integralmente para os pequenos. Por isso, as candidatas pretendem criar uma frente na Câmara e tentar transformá-la em uma comissão permanente para que o compromisso com as demandas de pessoas com deficiência seja mantido. “É uma luta de mulheres”, afirmou a ex-deputada Terezinha Nunes.

“Quantas vezes a gente não elege alguém e não ouve nem falar o que aquele político fez por nós? Então, como a gente faz parte dessa causa, vamos dar resposta às pessoas. A gente quer trazer resultados e lutar de verdade para que as pessoas sejam tratadas com dignidade”, pontuou Carolina ao evidenciar a transparência que a chapa pretende manter durante o mandato.

A ex-deputada Terezinha Nunes é responsável pela antiga Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas com Deficiência na Alepe, ela exalta a união de mulheres da chapa e revela uma contraposição à velha política pelo que define como "voto de opinião". “O povo ficou muito desgastado com os políticos, então ouve o recado que a sociedade estava cansada de individualismo na política, e as pessoas não estão mais querendo sair de casa para isso”, frisou.

Terezinha acredita que o coletivismo e pluralidade das chapas ganharão força nas eleições de 2020. Ao analisar o novo modelo, ela criticou os antigos métodos para conquistar o eleitorado. “Quem tem reduto eleitoral e base de bairro ainda vai conseguir o voto é muito comprometido e alguns até comprados”, concluiu.

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