Salles publica vídeo com erro sobre queimadas na Amazônia

Ministro do Meio Ambiente e o vice-presidente Mourão repostaram um vídeo feito por pecuaristas que negam a existência das queimadas na Floresta Amazônica

por Jameson Ramos qui, 10/09/2020 - 16:56

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, compartilharam em seus perfis do Twitter um vídeo que nega as queimadas na Floresta Amazônica. No entanto, a filmagem, que é narrada em inglês, foi feita com erro e pode gerar desinformação. Para se ter noção, em uma das cenas, um mico-leão-dourado, que vive exclusivamente na Mata Atlântica, foi mostrado como se estivesse na Floresta Amazônica.

Além disso, o vídeo é 'assinado' pela Associação de Criadores do Pará (AcriPará), presidida por Maurício Pompeia Fraga Filho, processado por submeter pessoas que trabalhavam em uma de suas fazendas a condições análogas à escravidão. Segundo a Veja, nos dias 28 e 29 de junho de 2018, 30 trabalhadores foram encontrados em situações degradantes. Maurício pagou o valor de R$ 1,5 milhão para se ver livre do processo.

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Em entrevista à GloboNews, Maurício Fraga Filho assumiu que a entidade ruralista cometeu uma gafe ao usar o mico-leão-dourado para ilustrar que a Amazônia não está pegando fogo. O presidente da AcriPará explica que a ideia da filmagem foi de duas associadas que estavam "revoltadas" com um vídeo que circulou "contra a imagem do produtor". 

"Elas acabaram cometendo uma gafe. Usaram uma imagem de arquivo da produtora que fez o vídeo, que foi a imagem do mico-leão-dourado. Mas entendemos que o mais importante do vídeo é a mensagem que ele passa, mas realmente foi uma gafe essa do mico-leão-dourado", explicou.

Sobre o compartilhamento feito pelos integrantes do governo federal, o representante dos ruralistas aponta: "A intenção era só circular pelas redes sociais, acho ninguém enviou para o ministro, ele deve ter pego, muitas pessoas pegaram nas redes sociais e foram divulgando", disse Maurício.

Queimadas

Segundo divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no mês de julho foi registrado um aumento de 28% nas queimadas na região da Amazônia, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em números totais, foram 6.803 focos de incêndio durante o mês, com o ápice em 30 e 31 de julho: foram 1.500 registrados.

A quantidade de incêndios é a maior registrada para o mês desde 2017 e, segundo informações da ONG Greenpeace, o acúmulo de focos no final de julho - especialmente no dia 30, quando foram 1.007 - é o maior desde julho de 2005. No mês passado, o Inpe alertou que as queimadas deveriam continuar nos meses seguintes.

Briga com DiCaprio

Nesta última quarta-feira (9), o ator Leonardo Dicaprio pediu através de sua conta do Twitter que as empresas estrangeiras, que injetam dinheiro no Brasil para a proteção da Amazônia, retirassem o apoio. 

Em resposta, o ministro Ricardo Salles publicou: "Caro Leonardo Dicaprio, o Brasil está lançando o projeto de preservação 'Adote um Parque' que permite que você ou qualquer outra empresa ou indivíduo escolha um dos 132 parques na Amazônia e patrocine diretamente a 10 euros por hectare por ano. Você vai pôr seu dinheiro onde está a sua boca?".

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