Campos evita compromisso com habitacional de Tabaiares
Prefeito eleito do Recife foi questionado sobre as moradias prometidas há sete anos por Geraldo Júlio, em visita à comunidade; “tem obras que são feitas depois do prazo” defendeu-se o gestor que encerra seu 2º mandato
Na tarde desta terça (1), o prefeito Geraldo Julio (PSB) se reuniu com o correligionário João Campos, eleito para sucedê-lo a partir de 2021, para tratar da transição de governo, em seu gabinete, na Prefeitura do Recife. Na ocasião, Campos informou que as definições sobre as secretarias serão feitas nos próximos 30 dias e evitou dar detalhes sobre a composição da nova administração municipal. O LeiaJá questionou se o prefeito eleito cumpriria a promessa, feita por seu antecessor em 2013, da construir um conjunto habitacional para os moradores de Caranguejo Tabaiares, na área central do Recife. À época, Geraldo Julio visitou a comunidade em razão de um incêndio, que destruiu 24 palafitas.
Campos culpou a conjuntura nacional pelo atraso, mas afirmou que irá “olhar para a questão habitacional”. “É importante ressaltar que o Brasil não tem uma política continuada de moradia nas últimas décadas, inclusive as mais recentes foram desmontadas, como o ‘Minha Casa, Minha Vida’, como o novo programa ‘Casa Verde e Amarela’, que não contempla habitação de faixa 1, que seria habitação de interesse social. Todas as cidades brasileiras estão sofrendo com o déficit de moradia e a capacidade financeira de vencer esses déficits sozinhos é completamente ‘desafiador’, devido a um problema no pacto federativo”, colocou.
O prefeito eleito argumentou ainda Geraldo Julio iniciou um projeto habitacional no Aeroclube, na zona Sul, para construir mais de 600 casas. “Essas moradias vão ser o suficiente para zerar o número de palafitas de algumas áreas. Isso mostra o compromisso que ele tem com habitação”, acrescentou.
De 2013 para cá, a gestão Geraldo Julio deverá deixar pelo caminho mais 1,5 mil unidades habitacionais (que ainda estão em andamento ou para serem iniciadas) embora tenha entregue 2,4 mil unidades. Apesar de alegar que faltam recursos federais, a Prefeitura do Recife nunca aprovou, por exemplo, o Plano Local de Interesse Social, um instrumento exigido pela lei de 2001 que cria o sistema nacional de habitação de interesse social. O atual prefeito se despede da prefeitura sem ter concluído as obras dos habitacionais do Pilar (256 unidades), do Sérgio Loreto (224 unidades) e do Encanta Moça I e II (600 unidades).
“Essas habitações estão em obras e as obras públicas são assim. Tem obras públicas que foram concluídas antes do prazo, como a da Conde da Boa Vista, que para 20 meses ficou em 12 meses, o Hospital do Idoso, que era uma obra para 16 meses ficou pronta em 12 meses. Tem obras que são feitas antes do prazo e tem obras que são feitas depois do prazo na administração pública. Quem tem experiência e conhece, sabe que isso pode acontecer”, defendeu-se Geraldo Julio.