Justiça impede que Camargo doe livros da Fundação Palmares

Ele anunciou que iria se desfazer de milhares de clássicos do acervo para como proposta para combater o 'marxismo'

qui, 24/06/2021 - 07:56
Reprodução/Twitter Sérgio Camargo posa em frente ao logo da instituição, o qual também é alvo do gestor Reprodução/Twitter

O presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo foi judicialmente impedido de excluir e doar livros do acervo da instituição nessa quarta-feira (23). Alinhado a aversão do presidente Jair Bolsonaro ao comunismo, ele afirmou que iria se desfazer de 5,3 mil obras 'ideológicas' e 'marxistas'.

Na determinação do juiz federal Erik Navarro Wolkart, da 2ª Vara Federal de São Gonçalo, ficou estabelecido que Camargo vai ter que pagar R$ 500 por cada item que venha a ser doado, conforme O Globo.

"Por mais que eventualmente, e na visão da Fundação ou de seu principal dirigente, não haja uma correlação direta entre a finalidade da referida Instituição e os livros apontados (folhetos, folders e catálogos do seu acervo), o expurgo dos mesmos de maneira açodada, sem um amplo diálogo com a sociedade, que, ao fim e ao cabo, é a destinatária do material, pode representar prejuízo irreparável”, aponta parte do documento da justiça federal.

Ele ainda pode recorrer da decisão, mas será intimado para contestar as alegações da ação em até 15 dias. Repreensor do movimento negro no Brasil, nomes de destaque da música nacional são reiteradamente atacados pelo gestor da instituição, que é acusado de querer apagar a história dos povos africanos no país e seus desdobramentos.  

Camargo já criticou até o logo da Fundação e também busca alterá-lo por fazer referência ao machado de Xangô.

Em seu perfil no Twitter, ele garantiu que vai recorrer da decisão e classificou as obras como ‘bandidólatras’ e de ‘perversão sexual’. “A Palmares apresentará recurso contra a liminar. Caso seja vitoriosa, fará a doação das obras marxistas, bandidólatras, de perversão sexual e de bizzarias. Descobertas após triagem no acervo, tais obras contrariam e corrompem a missão institucional da Fundação, definida por lei”, escreveu.

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