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Os atos de barbárie registrados em tempo real na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em uma tarde nublada de domingo, no dia 8 de janeiro do ano passado, deixaram um rastro de destruição do patrimônio público que, mesmo depois de um ano, ainda não foi totalmente recuperado.

A depredação provocada por golpistas atingiu parte do conjunto arquitetônico dos três principais palácios da República, que são tombados como patrimônio mundial, especialmente vidros, paredes e teto, mas foi especialmente severa em relação a equipamentos, mobiliário e obras de arte que faziam parte do acervo, muitos dos quais ainda passam ou passarão por delicados processos de restauração.

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"As equipes do [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] Iphan, por meio da superintendência no Distrito Federal, fizeram um minucioso levantamento dos danos, primeiro no conjunto arquitetônico, que é tombado. Nossa primeira ação foi a recuperação dos bens imóveis, como vidraçaria, mármore, recomposição dos plenários. Em seguida, ajudamos a elaborar relatórios sobre os bens integrados e bens móveis, painéis, obras de arte que faziam parte dos acervos de cada palácio. Eu creio que a gente teve uma resposta positiva do Brasil, como Estado, na capacidade de gestão da crise e dos bens recuperados", explicou o presidente do Iphan, Leandro Grass, em entrevista à Agência Brasil.

Museu da Democracia

Promessa da ministra da Cultura, Margareth Menezes, a criação de um memorial sobre os atos golpistas deve tomar forma por meio da construção do Museu da Democracia. A previsão é de investimentos da ordem de R$ 40 milhões no empreendimento, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

A iniciativa foi anunciada pelo Ministério da Cultura (MinC) na última sexta-feira (5). Segundo a pasta, desde o início de 2023, após os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, o órgão vem trabalhando para viabilizar a construção do museu.

O local foi definido após tratativas entre o MinC e a Secretaria de Patrimônio da União e será erguido no setor cultural de Brasília, lado norte da Esplanada dos Ministérios, ao lado do Teatro Nacional Cláudio Santoro. A destinação da área será formalizada por meio de acordo com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU).

Educação para a memória

Para Leandro Grass, além do crime contra o Estado democrático, os atos de vandalismo apontam para um outro desafio civilizatório, que é a salvaguarda do patrimônio cultural e artístico de um povo e uma nação:

"A primeira guardiã do patrimônio cultural é a própria população. Se a gente não conectar o povo ao seu patrimônio, é impossível preservá-lo."

A depredação do 8 de janeiro também impulsionou a retomada de uma agenda de educação patrimonial por parte do Iphan, que no ano passado lançou um edital no valor recorde de R$ 2 milhões para promover projetos, em todo o país, para o reconhecimento, a valorização e a preservação do patrimônio cultural brasileiro. "É preciso fomentar o sentimento de pertencimento da população com o que é patrimônio coletivo", acrescentou o presidente do Iphan.

Uma das cenas reproduzidas à exaustão e que ilustra o grau de selvageria e estupidez dos atos foi o momento em que um dos invasores, Antônio Cláudio Alves Ferreira, destruiu um relógio do século 17, que estava exposto no Palácio do Planalto.

Construído pelo relojoeiro Balthazar Martinot Boulle, a peça havia sido um presente da corte francesa ao imperador Dom João VI, em 1808. Tanto o relógio quanto a caixa de André Boulle, destruídos durante os atos de vandalismo, serão revitalizados a partir de um acordo de cooperação técnica formalizado com a Embaixada da Suíça no Brasil. Não é possível estimar o custo dessa recuperação, no momento.

Inventário do 8 de janeiro

Outras cerca de 20 obras destruídas no Palácio do Planalto passarão por um processo de restauração em um laboratório montado no Palácio da Alvorada, fruto de um acordo de cooperação com o Iphan e a Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

No Supremo Tribunal Federal (STF), que registrou quase mil itens furtados, quebrados ou completamente destruídos, os prejuízos materiais ultrapassam R$ 12 milhões, mas a restauração de obras de arte ainda não foi totalmente mensurada.

Já no Congresso Nacional, cerca de 82% das obras vandalizadas na Câmara dos Deputados passaram por tratamento, no entanto, muitas nem voltaram a ser expostas. No Senado, a recuperação dos bens musealizados totalizou mais R$ 483 mil, mas ainda há peças em processos de restauração.

A reportagem da Agência Brasil pediu um balanço atualizado sobre as reformas dos prédios e restauração dos bens vandalizados no 8 de janeiro, detalhados a seguir:

Palácio do Planalto

Os reparos e reformas na estrutura predial da sede da Presidência da República foram viabilizados pelos contratos de manutenção que já estavam em vigor. Ao todo, foram quase R$ 300 mil para consertos na parte elétrica, vidraçaria, divisórias, pintura, bancadas e tampos de mármore, peças sanitárias, gradil e elevador danificado.

Já a restauração das demais peças de valor histórico e artístico estão em andamento no laboratório montado para esse fim, sem prazo para conclusão e se custos estimados. A lista inclui:

- Pintura sobre tela As Mulatas, de Emiliano Di Cavalcanti

- Escultura em bronze O Flautista, de Bruno Giorgi

- Escultura em madeira, de Frans Krajcberg

- Relógio histórico de Balthazar Martinot (em parceria com a Suíça)

- Pintura sobre madeira Bandeira, de Jorge Eduardo

- Escultura de ferro de Amílcar de Castro

- Mesa imperial em madeira

- Marquesa em metal e palha, de Anna Maria Niemeyer

- Retrato de autoria não identificada

- Ânfora portuguesa em cerâmica esmaltada

- Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues

- Pintura abstrata de autoria não identificada

- Pintura de batalha de autoria não identificada

Outras três obras importantes, como uma escultura de ferro, de Amílcar de Castro, a marquesa em metal e palha, de Ana Maria Niemeyer, e a mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues receberam cuidados de profissionais das equipes da Diretoria de Engenharia e Patrimônio da própria Presidência da República e foram restaurados.

Congresso Nacional

No Senado Federal, as obras e serviços necessários para recuperação das instalações físicas no edifício principal, no Anexo I e no Anexo II totalizaram R$ 889,4 mil. Em outubro, o Senado reinstalou a tapeçaria de Burle Marx no Salão Negro do Congresso Nacional. Nas contas do órgão, a recuperação dos itens de valor histórico e artísticos somou cerca R$ 483 mil, restado dois bens para serem revitalizados.

Um relatório disponibilizado pela Câmara dos Deputados mostra que 46 presentes protocolares que estavam em exibição na casa foram tratados e higienizados, sendo que um segue desaparecido e seis ainda em restauro, totalizando 84,78% de recuperação. Já a lista de obras de arte e bens integrados à arquitetura do prédio foram 82,3% restaurados.

Seguem em processo de restauro, por exemplo, a maquete tátil do Congresso, a escultura em bronze de Alfredo Ceschiatti (1977) e o painel Ventania, de Athos Bulcão.

O custo de recuperação de um total de 68 bens do acervo cultural da Câmara dos Deputados, entre pinturas, esculturas, presentes protocolares, painéis, entre outros, somou cerca de R$ 1,4 milhão, com pagamento de mão-de-obra especializada e reposição de peças.

Além disso, foram destruídos dezenas de outros móveis e equipamentos eletrônicos que causaram mais de R$ 1,3 milhão em prejuízo.

Supremo Tribunal Federal

A destruição no edifício-sede do STF gerou um prejuízo de R$ 8,6, com 951 itens que furtados, quebrados ou completamente destruídos, segundo a assessoria do órgão. Além disso, a despesa para reconstrução do plenário, com troca de carpetes, cortinas e outros, somou outros R$ 3,4 milhões, totalizando cerca de R$ 12 milhões em prejuízo para os cofres públicos.

Até o momento, o STF informou terem sido restaurados 116 itens:

- 22 esculturas (entre bustos, estatuetas, Crucifixo do Plenário e Estátua A Justiça);
- 21 telas e tapeçarias;
- 4 galerias de retratos (galeria de ministros, de presidentes, de diretores-gerais e secretários-gerais);
- 19 objetos (lustres, Brasão da República, vasos);
- 50 itens de mobiliário (cadeiras, mesas, móvel expositor da Constituição, etc.).

Também foi necessária a substituição de quatro telas do fotógrafo Sebastião Salgado. Seguem em análise três espelhos e nove cadeiras que ainda não tiveram a restauração concluída, em razão da necessidade de material específico que está sendo adquirido elo tribunal.

Ainda segundo o STF, há outros 15 itens, entre vasos e mobiliários, passíveis de restauração. Esse acervo, que sofreu maiores avarias, está sendo objeto de estudo para definição da técnica mais apropriada e do material necessário. Outros 106 itens históricos de valor imensurável, como esculturas e móveis que não puderam ser restaurados e não podem ser repostos, e foram registrados como perdas irreparáveis.

A Suprema Corte ainda não conseguiu mensurar o valor total a ser gasto com as restaurações em curso.

"Quanto aos insumos utilizados nas restaurações, além do material que o STF já tinha em estoque e de materiais que conseguiu gratuitamente em parcerias, houve aquisições ao decorrer do ano de 2023. Diante desses dados, não há como estimar o custo individual de cada restauração. Vale lembrar que os itens danificados, com natureza de patrimônio cultural, são de valor inestimável", informou a assessoria do tribunal, em nota à reportagem.

 

A Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) promove, nesta terça-feira (20), uma Audiência Pública com o tema “Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Não Repetição: como estão essas políticas públicas em Pernambuco?”. sob a coordenação da deputada estadual Dani Portela (PSOL), a atividade busca trazer à tona a situação dos documentos que relatam a ditadura militar de 1964, que estão arquivados em dois equipamentos na cidade.

O primeiro é o Arquivo Público Estadual João Emerenciano, onde, segundo a deputada, foram observados problemas estruturais e de armazenamento do material, que incluem documentos relativos ao período militar em Pernambuco. “Os documentos estão expostos às águas das chuvas, com risco de incêndio, acondicionados em locais sem as mínimas condições de cuidado com o acervo”, relatou Portela.

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Também é mencionado pela parlamentar o Memorial da Democracia, localizado no Sítio da Trindade, na zona norte do Recife. Apesar de ter encontrado um lugar com um melhor estado de preservação, ela ainda salienta a importância de manter o local com boas condições para funcionários e visitantes.

“Além disso, constatamos que do ponto de vista da gestão, o espaço vivia um impasse, sem uma definição por parte do Governo do Estado acerca da administração. Até a semana passada, o Memorial mantinha suas atividades através do trabalho voluntário de 3 pessoas que trabalham no equipamento. Na última quinta-feira ocorreu a assinatura do convênio entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e a Cepe Editora, prevendo a administração financeira e administrativa do equipamento”, finalizou Dani.

Dentre as autoridades confirmadas estão o Secretário Executivo de Justiça e Direitos Humanos, Jayme Asfora; o diretor recém-empossado do Arquivo Público de Pernambuco, Sidney Rocha; a vereadora do Recife, Cida Pedrosa (PCdoB); a representante do Comitê Memória Verdade e Justiça, Amparo Araújo; além de representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE).

A quantidade de armas em acervos particulares no país, ou seja, não institucionais de órgãos públicos, se aproxima de 3 milhões. Nessa conta, consideramos as armas pessoais ou particulares pertencentes a: Caçadores, atiradores desportivos e colecionadores (CACs); Cidadãos comuns com registro para defesa pessoal;   Caçadores de subsistência; Servidores civis (como policiais e guardas civis) com prerrogativa de porte e que compraram armas para uso pessoal; Membros de instituições militares (policiais militares, bombeiros militares e etc) que compraram armas para uso pessoal.

Esse acervo mais do que dobrou quando comparado com o existente em 2018, que era de apenas 1,3 milhão de armas. Esse aumento rápido é preocupante pelas diversas pesquisas que relacionam a maior disponibilidade de armas com aumento da violência, em especial quando estão nas mãos de particulares e não são submetidas aos controles existentes, por exemplo, em Corregedorias e Ouvidorias.

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Além do aumento na quantidade, chama atenção a mudança de perfil desses registros. Em 2018, quase metade do acervo de armas pessoais então existente pertencia a membros de instituições militares (47%). O restante do acervo particular era praticamente dividido entre os registros na Polícia Federal (de armas pertencentes a servidores civis, cidadãos comuns com registro para defesa pessoal e caçadores de subsistência - com 26%) e registros pertencentes a CACs (27%).

Ao longo dos últimos quatro anos, essa proporção se inverteu com o crescimento da categoria de CACs, que passou a ter 42,5% do total de armas particulares no país, em 2022. Este é um efeito imediato do descontrole promovido pelos mais de 40 atos infralegais - decretos, portarias e instruções normativas - publicados entre 2019 e 2022, quase todos regredindo em controles até então vigentes. Os CACs foram a categoria mais beneficiada por essas mudanças, como a facilitação do porte municiado, o acesso a armas mais potentes e em grande quantidade.

"Esse aumento traz um impacto bastante significativo. Primeiro porque as armas na mão de militares, ainda que não seja de maneira institucional, estão com um grupo que tem treinamento para isso. Tem alguma vinculação de controle", diz Melina Risso, diretora de esquisa do Instituto Igarapé.

"O acesso às armas foi amplamente flexibilizado, mas não tivemos aumento na mesma intensidade do controle salvaguarda tínhamos antes. Por exemplo, os atiradores tinham classes dentro da categoria. O acesso a outros tipos de armamento dependidam da sua progressão no esporte. Nos últimos quatros anos acabamos com essa progressão até (que progressivamente atingam) as armas de grosso calibre. O acervo deles tornou-se mais potente".

Quando analisamos a quantidade de armas compradas por ano, vemos que a categoria dos CACs tinha um ritmo de compra muito mais lento no ano de 2018, com apenas 59 mil novas armas adquiridas. A partir de 2019, as compras dessa categoria se intensificam rapidamente.

No ano de 2022, vemos o ápice com mais de 430 mil novas armas compradas por esse grupo, volume maior do que o que fora adquirido entre 2018 e 2020, e mais de sete vezes maior do que a quantidade adquirida em 2018. Essa altíssima velocidade de compra se contrapõe à capacidade estatal de verificar essas solicitações apropriadamente e fiscalizar esse mercado que impacta diretamente na segurança pública.

'Podemos dizer que a quantidade aumentou demais. Temos mais armas e elas são mais potentes. As apreensões em São Paulo e no Rio já mostram um aumento de fuzis. E, portanto, há um alerta a ser feito: não estamos dizendo que um atirador CAC compra arma para desviar, mas o mercado das armas também funciona sob a ótica econômica de qualquer outro item. Há oferta e procura. Sabendo o aumento dessa oferta de armas, o crime se organiza para explorar essa movimentação. É um canal a mais para o crime explorar", diz Carolina Ricardo, diretora-executiva do Sou da Paz.

*Da assessoria 

O governador Paulo Câmara assinou, nesta sexta-feira (9), o decreto que formaliza o tombamento do Acervo da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara (CEMVDHC). Com 70 mil documentos catalogados e já digitalizados, o arquivo conta com documentos institucionais, certificados, homenagens, processos, material audiovisual, registros de óbito, livros, prontuários, fotografias, depoimentos e entrevistas, e foi constituída a partir dos trabalhos da comissão entre 2012 e 2016.

"Esse é mais um passo que nós estamos dando em favor da democracia, da verdade, da justiça, da liberdade. Pernambuco tem essa tradição e a gente vem fazendo esse trabalho há quase uma década. Toda Comissão da Verdade Dom Helder Câmara trabalhou nesse período e agora a gente está tombando todos os documentos, tudo aquilo que foi levantado, com a história contada de forma muito responsável", ressaltou o governador Paulo Câmara.

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O pedido de tombamento do material foi feito no último mês de outubro, pelo professor Manoel Severino Moraes de Almeida, coordenador do Grupo de Trabalho Memorial da Democracia de Pernambuco. Os conselheiros Ana de Fátima Braga e Maurício Barreto foram designados para a relatoria, e considerando a relevância histórica documental do acervo, o CEPPC/PE concluiu pelo parecer favorável ao pedido de tombamento por apresentar todas as prerrogativas para adquirir a condição de bem tombado pelo Estado.

A assinatura do decreto foi realizada após a aprovação, por unanimidade, do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco (CEPPC/PE), na última terça-feira (6). “Atualmente, sob a guarda do Conselho Estadual de Preservação, existe alguns livros de tombamento. Nesses livros ficam inscritos aqueles bens que são reconhecidos em âmbito estadual como valor histórico, geográfico, arqueológico e também antropológico. Nesse caso após a assinatura do decreto nós encaminhamos para a efetiva inscrição no livro”, explicou o vice-presidente do conselho, Cássio Raniere.

HISTÓRIA - A CEMVDHC foi criada por iniciativa do governador Eduardo Campos, por meio da Lei no 14.688 de 1º de junho de 2012 e instalada na mesma data, com o seu regimento interno aprovado pelo Decreto no 38.386, de 29 de junho de 2012 – a Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara teve como finalidade “examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos ocorridas contra qualquer pessoa, no território do Estado de Pernambuco, ou contra pernambucanos ainda que fora do Estado, praticadas por agentes públicos estaduais durante o período fixado no art. 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a consolidação do Estado Democrático de Direito”. O resultado do trabalho da comissão foi apresentado em formato de relatório composto por dois volumes, publicados pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), em 2017.

Estiveram presentes à assinatura desta sexta-feira a vice-governadora Luciana Santos; os secretários estaduais Oscar Barreto (Cultura) e Marcelo Canuto (chefe de gabinete do governador); a secretária executiva de Direitos Humanos, Laura Gomes; o presidente da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Ricardo Leitão; o coordenador do Grupo de Trabalho Memorial da Democracia de Pernambuco, Manoel Moraes; o representante do Conselho de Patrimônio Allan Gadelha; as vereadoras do Recife Cida Pedrosa e Liana Cirne; além de membros da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara e do CEPPC.

*Da assessoria de imprensa

 

Bem-acondicionada em uma caixa, a tela 'Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500', uma das obras mais conhecidas de Oscar Pereira da Silva (1867-1939) foi devolvida ao seu porto seguro. No caso, o Museu do Ipiranga, que está fechado ao público desde 2013 e deve reabrir na semana do bicentenário da Independência, em setembro deste ano.

A pintura a óleo de 1,90 m por 3,30 m está presente no imaginário nacional, pois é fartamente reproduzida em livros escolares e outros materiais. Há sete anos, juntamente com boa parte do gigantesco acervo da instituição paulista - que pertence à Universidade de São Paulo (USP) -, ela foi removida da sede do museu para um dos sete imóveis alugados para guardar esses importantes materiais.

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Datado da última década do século 19, o edifício histórico estava bastante comprometido e acabou interditado por razões de segurança. Ele foi restaurado e reformado nos últimos 3 anos por R$ 211 milhões. Simultaneamente, o acervo também foi reorganizado e as obras de arte restauradas ao custo de R$ 1,25 milhão.

"A maquete (que mostra São Paulo em 1841) e quadros como 'Independência ou Morte' (obra de Pedro Américo que mede 4,15 m por 7,60 m) não saíram do edifício, foram restauradas no local. A tela que voltou ontem (na última segunda-feira) foi a pintura de Oscar Pereira da Silva feita em 1922. Voltaram também dois medalhões do salão nobre", conta a historiadora Vânia Carneiro de Carvalho, coordenadora do programa de exposições do museu. "Na próxima semana chega o restante referente à primeira exposição que vai ser montada", acrescenta.

É um clima de casa nova e uma sensação de alívio, com a importante instituição cultural começando a respirar os ares do esperado retorno. Na reabertura, serão instaladas 11 exposições de longa duração e uma temporária, com 3.567 mil peças do acervo - que conta com mais de 450 mil itens. "Os objetos que serão expostos continuam sendo tratados e já temos 90% deles prontos para ir para as vitrines", adianta Carvalho.

Esta é a novidade. O restante não "volta" ao prédio principal. A reserva técnica, que antes ocupava - e sobrecarregava - o topo do edifício, agora seguirá em quatro imóveis no bairro do Ipiranga. Com isso, o prédio do museu sofre menos. E os visitantes ganham mais áreas expositivas.

Sobre as novas exposições, espera-se uma apresentação contemporânea e repleta de recursos multimídia. Mas sem perder de foco o escopo que está no DNA da instituição. "O acervo do Museu do Ipiranga é um dos mais importantes do País", comenta o historiador Paulo César Garcez Marins, professor do Museu Paulista da USP. "O vínculo universitário faz com que nossas exposições estejam necessariamente ligadas a linhas de pesquisas institucionais, que são história do imaginário, do cotidiano e da sociedade, e o universo do trabalho. Nossas exposições se organizam em dois eixos: para entender a sociedade e para entender o museu. E procuramos dar conta do estudo da sociedade brasileira a partir dessas linhas científicas", explica.

ANSIEDADE

Historiadores aguardam com expectativa a reabertura. "É fundamental por muitas razões. A primeira é a devolução de uma instituição cultural centenária, participante da vida social, escolar, científica e política de São Paulo, aos cidadãos brasileiros. O museu é uma referência marcante para muitas gerações", comenta o historiador Paulo Henrique Martinez, professor na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Ele ainda lembra que esse restauro valoriza "os próprios museus como espaços de preservação, pesquisa, educação e lazer em torno da memória histórica, de bens artísticos e culturais". E ressalta o fato de o Ipiranga ser "um museu histórico". "As suas coleções, exposições e equipes são reconhecidamente de alto nível profissional na preservação, estudo e divulgação do conhecimento".

ELABORAÇÕES

Professor na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), o historiador Marcelo Cheche Galves lembra que a instituição "tradicionalmente foi produtora e reprodutora de uma história oficial do País" e, nesse sentido, é imprescindível que esteja aberta em um momento de "profusão de atividades sobre o bicentenário da Independência".

Especializada em artes e marketing cultural, Gisele Jordão, professora da ESPM, destaca o aspecto icônico do Museu do Ipiranga: "é o símbolo da Independência do Brasil", frisa. "(Além disso, ele) contribui para a autoavaliação da sociedade e, em especial, sua reabertura no ano do bicentenário de suas narrativas centrais cria relevo para algo que a sociedade brasileira necessita de contínua reflexão: nossa autonomia e constituição social e econômica na contemporaneidade", argumenta ela.

Para a jornalista Lucia Santa-Cruz, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos da Memória Brasileira e Representação (Lembrar) da ESPM Rio, "toda efeméride pode servir para afirmarmos valores predominantes na sociedade, as chamadas verdades históricas, ou para rediscutirmos exatamente se estas verdades não seriam versões que se tornaram hegemônicas".

Nesse sentido, ela situa a importância da reabertura do Museu do Ipiranga justamente pelo aspecto geográfico. "A Independência do Brasil se consolidou no imaginário nacional como o nosso mito fundador enquanto nação, e como um grito que teria sido dado às margens do Ipiranga, lugar onde em 1895 a recém-declarada República construiu o Museu do Ipiranga para homenagear a emancipação política brasileira", ressalta.

Santa-Cruz lembra ainda que datas redondas "sempre serviram para usos políticos dos governos da ocasião". "O centenário da Independência, em 1922, foi considerado como uma oportunidade de mostrar para o exterior que o País era uma nação forte e consolidada, uma república respeitável. Por isso, os eventos e as comemorações propostos naquela época eram direcionados para o exterior e para visitantes estrangeiros", afirma, como exemplo, a especialista.

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"Tapetes do Oriente: A Magia da Arte Milenar” é o nome da exposição aberta em Belém na sexta-feira (26),  no espaço Do It Coworking, com apresentação de 50 peças, incluindo os famosos tapetes persas, feitos à mão por artesãos de várias regiões do oriente. Belém é a primeira capital a receber a exposição, um projeto que pretende circular pelas principais capitais brasileiras em 2022.

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“Nunca houve registros de uma exposição de tapetes orientais dessa magnitude na cidade. E olha que Belém já foi rota de passagem de exposições de arte desde o século XIX. Artistas do mundo inteiro passaram por aqui durante a Bèlle Èpoque. É realmente um evento imperdível. Um programa para toda a família", destaca a historiadora da arte e curadora da exposição Caroline Heera Fernandes.

Por ser um evento que reúne história, arte e cultura, Caroline acredita que será uma rica oportunidade para os estudantes conhecerem mais a fundo as tradições milenares dos povos do Oriente. “Os tapetes foram criados por povos nômades que viviam no deserto. E hoje, milhares de anos depois, um tapete artesanal pode fazer com que você se sinta em casa em qualquer lugar do mundo. Como filha de imigrantes na Amazônia e que adora viajar, isso faz todo sentido pra mim”, revela a curadora.

A exposição tem visitação gratuita e a classificação é livre. Ficará aberta até 12 de dezembro, data da programação do Projeto Circular Campina e Cidade Velha, o que será mais um atrativo para o público que estiver visitando o centro histórico da capital.

Uma curiosidade sobre os tapetes em exposição é que 20 deles vão participar do longa-metragem brasileiro “Relato de um certo Oriente”, inspirado na obra de Milton Hatoum, que está sendo filmado em Belém.

Durante o período da mostra, haverá programação paralela para os visitantes e em datas específicas, que incluirá palestras e bate-papos com especialistas e imigrantes no Pará.

“Os visitantes também vão aprender como diferenciar um tapete original feito à mão de um tapete industrial. E vão ver de perto os famosos tapetes persas, conhecidos como os mais lindos do mundo. Eles são feitos à mão na região do Irã, antiga Pérsia, onde teve início essa tradição milenar da tapeçaria.”, explica Caroline.

Serviço

Exposição “Tapetes do Oriente: A Magia da Arte Milenar”, de 26/11 a 12/12.

No Do It Coworking (Rua Avertano Rocha, 192 – Campina - Belém/PA).

Visitação de segunda a sexta-feira, das 10 às 19 horas. No domingo, dia 12/12, ficará aberta das 10 às 14 horas.

Da assessoria da exposição.

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A biblioteca Francisco Paulo Mendes, localizada na Casa da Linguagem, em Belém, recebeu no dia 13 de setembro um acervo com clássicos da literatura. Os livros doados faziam parte da coleção pessoal do professor de Letras e pesquisador Paulo Nunes, e agora estão disponíveis para todos os interessados.

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O acervo oferece aos leitores obras de literatura internacional e nacional. Os exemplares estão no espaço destinado à pesquisa universitária. Entre outros autores há Miguel de Cervantes, Honorè de Balzac, William Shakespeare, Machado de Assis, Fiódor Dostoiévski e Adélia Prado.

De acordo com o professor Paulo Nunes, a ação incentiva os leitores a conhecer mais a cultura do país. "Os livros estavam trancados em casa, tristes. Eles precisavam ser acariciados por outras mãos que não são as minhas, vistos por outros olhos que não são meus. Por isso, parti para mais uma doação", afirma.

Essa não é a primeira doação feita pelo professor Paulo Nune para a Casa da Linguagem. Para ele, doar é um ato de amor e resistência. "O que me deixa feliz é que a Fundação Cultural do Pará, através da oficina Curro Velho e da Casa da Linguagem, ao aceitarem cuidar de meu pequeno acervo, acabam fazendo jus a uma tradição de valorização da literatura", afirma o professor.

Os livros foram recebidos por colaboradores do núcleo da Casa. A servidora Elaine Oliveira, da Fundação Cultural, disse que as obras contribuirão muito para a biblioteca, principalmente em um país que ainda tem um baixo nível de leitura. "Expandir o universo cultura dessas pessoas por meio da leitura educa e forma cidadãos mais críticos", destaca.

Os exemplares auxiliarão no desenvolvimento intelectual dos leitores, explica Socorro Baía, diretora da biblioteca Arthur Vianna. "É um acervo que muito contribuirá para ampliar os conhecimentos acerca da literatura e linguística para estudiosos no assunto, devido proporcionar uma visão geral do processo criativo de escritor e aprofundar o estudo da arte literária", reforça a diretora.

A doação de livros a bibliotecas públicas pode ser feita por qualquer pessoa. Basta procurar a coordenação na Casa da Linguagem e se informar sobre os documentos necessários para dar início ao processo.

Por Quezia Dias.

 

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, anunciou por meio de sua conta no Twitter que vai criar o "Museu da Vergonha" na instituição. A declaração de Sérgio acontece após a Justiça impedir que ele doasse mais de 300 mil livros do acervo da fundação.

"O Museu da Vergonha na nova sede da Palmares, exibirá para a sociedade o nefasto legado dos 30 anos de gestões de esquerda na instituição (comunismo, ‘bandidolatria’, perversões e bizarrias). A Palmares deixou de ser uma senzala marxista", publicou Camargo.

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Ele acentua que o museu servirá "para que não se repitam os erros do passado". Além disso, o presidente da Fundação Palmares garante que "a vergonhosa submissão ao marxismo chegou ao fim. A Palmares terá um acervo totalmente renovado, digno e amplo. A instituição não é uma senzala dos comunistas", pontuou.

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Senadores lamentaram o incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, na última quinta-feira (29). Parlamentares lembraram que o governo federal foi alertado em diversas ocasiões sobre o risco que corria o acervo da instituição e afirmaram que a tragédia é um exemplo do descaso com a cultura.

Filmes, material impresso e documentos foram consumidos pelo fogo. Segundo o Corpo dos Bombeiros, as chamas começaram após a manutenção de um ar-condicionado em uma sala da instituição. Não houve vítimas.

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“É muito triste ver parte do importantíssimo acervo da Cinemateca pegando fogo. Pior ainda é saber que o MPF-SP já havia alertado o governo federal, que é o responsável pelo órgão, para risco de incêndio. É inadmissível tamanho desprezo à nossa cultura”, lamentou José Serra (PSDB-SP).

Para a senadora Leila Barros (PSB-DF), era uma “tragédia anunciada”. Ela também reforçou que, em audiência no último dia 20, o Ministério Público Federal de São Paulo alertou o governo federal, responsável pela Cinemateca Brasileira, para o risco de incêndio. 

“A tragédia anunciada se concretizou. Parte da memória do cinema nacional brasileiro foi destruída em um incêndio na Cinemateca. Apesar do alerta feito pelo MPF sobre os riscos, nada foi feito. O que já não vinha bem em virtude de um governo que enxerga a cultura como um instrumento de manipulação ideológica, degringolou de vez com a pandemia e a crise econômica”, apontou.

Líder do PT, Paulo Rocha (PA) cobrou profunda investigação, mas apontou o governo Bolsonaro como responsável. 

“O legado do governo Bolsonaro para o Brasil na cultura é a completa falta de gestão e suas consequências graves. O incêndio da Cinemateca Brasileira, como se poderia imaginar, é um crime anunciado. Exigimos investigação total dessa perda irreparável”, afirmou. 

Assim como Paulo Rocha, outros senadores petistas avaliaram que o incêndio é resultado do descaso do governo federal com a cultura. “ Mais um crime contra a história e a cultura brasileira”, escreveu Jaques Wagner (PT-BA). “O governo comete mais um crime de prevaricação ao ignorar os alertas”, avaliou Rogério Carvalho (PT-SE). “Essa destruição não é um acidente. É uma política de governo”, apontou Humberto Costa (PT-PE).

Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) recordou outras tragédias recentes:

“Museu da Língua Portuguesa, Museu Nacional e, agora, a Cinemateca: o abandono criminoso do patrimônio cultural é uma política de governo e a memória do povo brasileiro lamentavelmente se consome, mais uma vez, em chamas. Até quando teremos essas tragédias?”, indagou. 

Izalci Lucas (PSDB-DF) cobrou maior cuidado com a cultura:

“ É a história de nossa gente, quem fomos e o que somos. Vamos continuar ajudando a cultura e nossa história”, afirmou. 

*Da Agência Senado

Os acervos musical e pessoal do regente Geraldo Menucci serão doados à Fundação Joaquim Nabuco. A decisão de doar os arquivos foi dos quatro filhos do maestro, Andrea, Daniel, Alexandre e Catarina, após o falecimento do pai, no dia 19 de junho, como forma de atender ao seu último desejo em vida. “Ele sempre demonstrou que gostaria que esse acervo pudesse ficar em algum lugar onde se respeitasse a cultura e pudesse estar aberto para pesquisas públicas”, conta Catarina Menucci. De acordo com ela, os documentos reunidos eram antes distribuídos nas quatro estantes do apartamento de Geraldo. São fotos e matérias de jornais, projetos, gravações, discos e partituras.

O presidente da Fundaj, Antônio Campos destaca  que a instituição vai funcionar como um agente disseminador da atuação do maestro. "Ter em nosso acervo o material construído ao longo da vida do maestro Geraldo Menucci é algo que nos deixa bastante honrados. Ao longo de sua vida, ele deixou um legado consistente para a história da música pernambucana e nacional, portanto,  é muito importante ter alguém para contar essa história à sociedade e a Fundaj vai exercer esse papel de cuidar e disseminar tudo que o maestro construiu", afirma.

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Geraldo Menucci nasceu no Rio de Janeiro, mas passou a maior parte da vida no Recife. Começou a estudar violino cedo, aos 14 anos, e depois fez graduação em Regência e Composição na Escola Nacional de Música da Universidade da Bahia. Quando se mudou para a capital pernambucana, em 1951, foi admitido como maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Recife. Um dos seus maiores legados é a Banda Municipal de Recife, a qual foi um dos organizadores e regente, em 1958.

O regente dedicou a vida para fazer uma das coisas que mais amava: fortalecer a cultura erudita. Criou o Coral Bach do Recife, primeiro coral brasileiro a fazer 11 apresentações pela Europa, como o concerto no VI Festival da Juventude pela Paz e Amizade, em Moscou. Ele também participou da criação do Coral Hashomer Alzair da juventude israelita de Pernambuco. Além dos corais, outra paixão de Menucci era a cidade do Recife. Para homenagear as paisagens e os rios da Veneza Brasileira, o maestro e violinista organizou uma Serenata Fluvial inédita, com 250 pessoas tocando e carregando luminárias em barcos ao longo do Rio Capibaribe.

Geraldo era um defensor da democracia na cultura e foi um dos membros do Movimento de Cultura Popular (MCP) na década de 1960. Ele atuou junto a outras personalidades importantes, como Dom Helder Câmara e Paulo Freire. Em São Paulo, criou o Coral Willys, com o qual realizou mais de 100 concertos, e mobilizou estudantes de música como professor e regente.

Já em 1980, novamente em Recife, iniciou novos projetos. Reassumiu a função de regente da Orquestra Sinfônica do Recife e fundou o Centro de Criatividade Musical de Recife, para a Secretaria da Educação do estado. Foi ainda diretor geral e orientador pedagógico por 27 anos da Fundação Centro de Criatividade Musical de Olinda, que tinha como público-alvo os jovens de baixa renda.

A trajetória de Geraldo Menucci poderá ser recontada, homenageada e estudada a partir da doação de todo o acervo biográfico e profissional do maestro.

Da assessoria

O presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo foi judicialmente impedido de excluir e doar livros do acervo da instituição nessa quarta-feira (23). Alinhado a aversão do presidente Jair Bolsonaro ao comunismo, ele afirmou que iria se desfazer de 5,3 mil obras 'ideológicas' e 'marxistas'.

Na determinação do juiz federal Erik Navarro Wolkart, da 2ª Vara Federal de São Gonçalo, ficou estabelecido que Camargo vai ter que pagar R$ 500 por cada item que venha a ser doado, conforme O Globo.

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"Por mais que eventualmente, e na visão da Fundação ou de seu principal dirigente, não haja uma correlação direta entre a finalidade da referida Instituição e os livros apontados (folhetos, folders e catálogos do seu acervo), o expurgo dos mesmos de maneira açodada, sem um amplo diálogo com a sociedade, que, ao fim e ao cabo, é a destinatária do material, pode representar prejuízo irreparável”, aponta parte do documento da justiça federal.

Ele ainda pode recorrer da decisão, mas será intimado para contestar as alegações da ação em até 15 dias. Repreensor do movimento negro no Brasil, nomes de destaque da música nacional são reiteradamente atacados pelo gestor da instituição, que é acusado de querer apagar a história dos povos africanos no país e seus desdobramentos.  

Camargo já criticou até o logo da Fundação e também busca alterá-lo por fazer referência ao machado de Xangô.

Em seu perfil no Twitter, ele garantiu que vai recorrer da decisão e classificou as obras como ‘bandidólatras’ e de ‘perversão sexual’. “A Palmares apresentará recurso contra a liminar. Caso seja vitoriosa, fará a doação das obras marxistas, bandidólatras, de perversão sexual e de bizzarias. Descobertas após triagem no acervo, tais obras contrariam e corrompem a missão institucional da Fundação, definida por lei”, escreveu.

Para ampliar o seu alcance nos meios digitais gratuitamente, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) fechou uma parceria com a plataforma Google Arts & Culture. A instituição assinou um contrato de confidencialidade (NDA). Esse termo protege dados estratégicos da parte contratante. O acordo é essencial para preservar processos, documentos,valores aplicados, projetos, produtos e estratégias comerciais das empresas.

Com o recurso Google Arts & Culture, disponível nos sistemas iOS e Android e para desktop, as obras do rico acervo da Fundaj e as mais de 16 mil peças históricas do Museu do Homem do Nordeste (Muhne) serão digitalizadas e visualizadas digitalmente por todo o mundo, assim como os volumes da Biblioteca Blanche Knopf, vinculada à Fundação Joaquim Nabuco. A biblioteca, por exemplo, conta com mais de 130 mil volumes, entre livros raros, fascículos e periódicos.

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Em relação ao novo parceiro, o presidente da Casa, Antônio Campos, destacou a importância do trabalho com tecnologias, que ajuda a compartilhar a cultura, a arte e a história, além de permitir que os museus criem exposições online.  

“É uma maneira nova e imersiva de explorar a diversidade cultural na web por meio de um aplicativo gratuito. A partir de agora, o Google Arts & Culture ganha a parceria de mais uma instituição cultural. Conforme o acordo, a própria Fundaj é a responsável pela produção do conteúdo na plataforma e por acompanhar as capturas que podemos agendar na instituição”, declarou Antônio Campos.

Como funciona

Cada instituição fica responsável por seu conteúdo, seja replicando uma exposição física quanto criando uma nova para ser acessada apenas virtualmente. Todas as obras deverão ser acompanhadas de uma ficha técnica e uma descrição para que o utilizador tenha informações sobre o autor, a peça e o contexto histórico.

Por se tratar de um recurso internacional, é preciso disponibilizar o conteúdo em inglês e em português. O trabalho produzido para a plataforma pode ser publicado no site da instituição.

Da assessoria de imprensa

Um usuário do site Internet Archive está fazendo upload da "MTV Gringa", uma faixa da programação da MTV Brasil, que exibia programas estadunidenses e europeus da emissora.

No texto que apresenta a coletânea, intitulada "80s MTV VHS Recordings 1981 to 1989 Collection", o usuário explica que parte dos vídeos são registros pessoais, porém, outros conteúdos ele adquiriu na internet com o passar do tempo. Na lista de vídeos, é possível encontrar vários programas apresentados por Video-Jóqueis (VJs), como Alan Hunter, Martha Quinn e Phil Collins, além do registro da estreia do canal em agosto de 1981.

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Todos os vídeos estão disponíveis e o acesso é gratuito. Para acessar o conteúdo é necessário fazer um cadastrocriar login, senha e confirmar a identidade enviada ao e-mail informado.

Ainda não foram disponibilizados vídeos da MTV brasileira. A revista Isto É publicou em setembro do ano passado que haviam 40 mil fitas guardadas na antiga cede do canal e que mais de duas décadas de história da emissora estava sendo digitalizada. De acordo com a revista, a Editora Abril, responsável pela marca até 2013, procurava parceria com investidores para que os vídeos fossem lançados em um acervo.

Desde o ano de 1978, a data de 20 de abril é lembrada como o Dia do Disco no Brasil. A escolha de colecionadores dos tradicionais "bolachões de vinil" homenageou o dia da morte do cantor e compositor Ataulfo Alves (1909-1969).

Os discos, que saíram de circulação com o advento dos CDs e da tecnologia,  voltaram à moda em uma onda de nostalgia retrô. Para alguns, no entanto, o vinil nunca deixou de tocar na vitrola e no coração. Para a assessora de imprensa Natália Helen, de 33 anos, a infância em meio aos discos dos pais e da irmã mais velha foi a principal influência para que a música a acompanhasse desde os tempos de criança.

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"Meus pais trouxeram os clássicos do rock e minha irmã sucessos estrondosos do começo da década de 1990 como o Black Album (1991), do Metallica", conta. Colecionadora desde a adolescência, a jornalista ressalta que, além de ser fã de todas as vertentes do rock e de bandas como Bee Gees, algumas peculiaridades do vinil a conquistaram.

"Sempre gostei do som chiado proporcionado pelo disco de vinil, coisa completamente eliminada nos CDs. Parecia que eu estava vivendo aquela época em que o disco foi gravado", destaca. Casada há dez meses, Natália ainda não conseguiu levar a coleção de 300 exemplares para a nova casa, mas dá a sua dica para os leitores do LeiaJá para a trilha sonora perfeita no Dia do Disco: "por toda a revolução que causou na música e em uma geração, Nervemind (1991), do Nirvana.

Outro que segue a vertente do rock n' roll e coleciona raridades é o engenheiro têxtil Alessandro Pecego, de 47 anos. "Meus avós tinham o Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967) e o Magical Mystery Tour (1967) dos Beatles. Eu adorava aquela capa, então minha mãe me dava a capa e colocava o disco na vitrola da minha avó e eu ficava ouvindo", lembra Pecego.

Mesmo tendo que se desfazer de parte do acervo da família, o engenheiro conta que há pouco mais de 15 anos voltou a alimentar as prateleiras com vinis clássicos. "Na época o dólar estava num valor bacana, então quase toda semana eu batia na Galeria do Rock (espaço comercial na região central de São Paulo) e  comprava, tenho várias reedições dos vinis clássicos de 180 gramas e boxes maravilhosos", destaca.

Para afastar o tédio na quarentena, Pecego elabora sua playlist com o que considera de melhor na coleção. "Gosto muito do Eric Clapton, tem um disco dele ao vivo junto com o JJ Cale (1938-2013), esse disco eu toco direto. Posso citar o último trabalho solo do Bruce Springsteen, 'Western Stars' (2019), é um disco contemplativo, que me acalma bastante nesse período de reflexão e isolamento", considera.

Fã de bandas consideradas clássicas como Rush, Deep Purple e Whitesnake, além do trabalho mais recente da cantora estadunidense Beth Hart (War In My Mind), Pecego revela que tem um jeito especial de curtir o seu som. "Procuro pôr na sequência: Clapton, depois uma banda mais antiga, depois vou caminhando em ordem cronológica e eu ponho o disco inteiro, lado A, lado B, não fico pulando faixa, coloco o disco todo para ouvir", declara o colecionador, que recomenda o Western Stars como ideal para celebrar o Dia do Disco.

Já o cabeleireiro e DJ Charles Soares, de 56 anos, é colecionador de discos há mais de três décadas, mais precisamente desde o ano de 1986. "Comprava nas galerias, eu era aficcionado, via um sebo com discos e entrava, mesmo com a rinite atacada, para comprar", diverte-se.

Charles Soares é aficcionado pelo bom e velho vinil. Foto: arquivo pessoal

Adepto da discotecagem e da dança, Soares embalou pela vertente da Black e da Soul Music. "Eu gosto de escutar música, de discotecar, mas gosto de dançar também então eu sempre fui do Soul, naquela época era o Soul Music e era muito bom", recorda.

Em tempos de pandemia, Soares está inclusive reunindo-se com os amigos via Internet para tocar nas transmissões ao vivo. "A trilha sonora do isolamento é Disco Music, Black Music, Funk dos anos 1980, New Wave e bandas como Cool And The Gang, Smiths, Devo, algumas indicações são essas, tenho muita coisa", afirma o cabeleireiro.

Além de clássicos como  Elvis Presley (1935-1977), Kurtis Blow, Rick James (1948-2004), AC/DC, Madonna, Michael Jackson (1958-2009), Soares também registra seu trunfo para o Dia do Disco. "Eu vou indicar um, inclusive ele faleceu semana passada: Vaughan Mason (1950-2020) com o disco "Bounce, Rock, Skate, Roll" (1980).

Na próxima sexta-feira, dia 10, Gugu Liberato completaria 61 anos de idade. Como você viu, o apresentador morreu em novembro de 2019 ao sofrer um acidente doméstico em casa, quando caiu de uma altura de quatro metros após subir no sótão de sua residência em Orlando, nos Estados Unidos. Em homenagem à sua trajetória, a família do comunicador, por meio de sua assessoria de imprensa, anunciou na última quinta-feira, dia 8, o projeto Memória Gugu Liberato, que está organizando o acervo que reúne as peças que contam 40 anos de sua história.

De acordo com a assessoria, esta foi uma preocupação de seus filhos e familiares, que decidiram olhar de forma profissional todos os elementos que marcaram a carreira de Gugu. Para os objetos não ficarem apenas em caixas ou trancados em armários, foi feita uma parceria com a Vida em Ordem, uma empresa especialista em organizar acervos, bibliotecas, arquivos pessoais e profissionais.

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Entre os documentos, estão os figurinos dos programas e projetos especiais, discos, produtos licenciados, fotos pessoais e profissionais e até os quadros feitos com rolhas, criados pelo próprio apresentador. Tudo será catalogado, registrado e tratado como preciosidade, segundo a assessoria. Cartões recebidos de amigos como Silvio Santos, fotos do dia em que recebeu Julio Iglesias em sua casa... uma infinidade de memórias como uma coleção de discos, livros, CDs e DVDs autografados, os prêmios recebidos ao longo da carreira, os discos de ouro, 11 estatuetas do Troféu Imprensa, Troféu Internet e até o Grande Prêmio da TV Mundial, conferido pela NTV japonesa aos programas Corrida Maluca e Passa ou Repassa.

Ainda de acordo com as informações do projeto, Gugu comprou em um leilão parte da obra do autor e dramaturgo Geraldo Vietri, responsável por grandes sucessos da TV Tupi como as novelas Nino, O Italianinho, Meu Rico Português, Antônio Maria, entre outros. A Dramaturgia estava nos planos do apresentador, que pensava em transformar o estúdio da GGP, aonde gravava programas de auditório, em uma produtora de novelas.

Todo este acervo tem como objetivo, num futuro do próximo, criar uma mostra e oferecer gratuitamente para faculdades de Jornalismo, inclusive a Casper Líbero, onde ele se formou. Esse material ilustrará em detalhes a trajetória profissional de quem escreveu um capítulo importante da TV brasileira.

E aí, gostou da novidade? Realmente uma ótima homenagem ao apresentador, não é?

A juíza da 16ª Vara da Fazenda Pública, Ana Luíza Villa Nova, negou pedido de liminar para suspender o contrato de R$ 21 milhões da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para a digitalização do acervo de sua TV. O termo é alvo de uma ação popular movida por um coordenador do MBL em São Paulo, que vê "imoralidade" no contrato.

"Ocorre que ao menos nesta fase de cognição sumária e com base nas alegações e documentos apresentados, o que se verifica é que referida contratação foi precedida de licitação, sem que haja qualquer indício de irregularidade do procedimento, situação que afasta a plausibilidade do direito invocado, sendo certo que, como observado pela Alesp e pelo Dr. Promotor de Justiça, a suspensão do contrato que está em execução causaria consideráveis prejuízos, de difícil reparação", anotou.

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A decisão foi dada em ação popular do advogado Rubens Alberto Gatti Nunes, o Rubinho Nunes, coordenador do Movimento Brasil Livre, que se embasa em reportagens do jornal O Estado de S. Paulo a respeito de elos entre os empresários contratados pela Casa e investigações pelas quais eles respondem.

No mérito, Nunes quer a anulação do termo. Para o advogado, a contratação "está eivada de suspeitas, sendo patente sua a imoralidade".

Em seu parecer, a promotora de Justiça Carla Mapelli afirmou que a "par das suspeitas que pairam sobre a contratação impugnada, no setor de comunicação e TV a serem prestados à Alesp, com dúvidas sobre a idoneidade dos sócios e ante o vultoso valor, por outro lado, em uma análise perfunctória, própria do presente momento processual, a Alesp logrou esclarecer que o contrato foi devidamente precedido de licitação".

"Nessa conformidade, por ora ainda há de prevalecer a higidez do certame licitatório, o que deverá ser objeto de debate no curso desta ação popular", afirmou.

A Assembleia Legislativa ainda alertou. "A eventual suspensão do contrato, a par de causar irreparável prejuízo para a memória do Parlamento paulista devido à interrupção dos serviços de catalogação e arquivamento do acervo, impossibilitaria a transmissão em tempo real das sessões plenárias, CPIs, comissões, sessões solenes e programas de TV, em detrimento do interesse público e dos princípios da publicidade, da eficiência e da transparência, privando a sociedade de acompanhar os trabalhos legislativos, notadamente num momento em que projetos de grande relevância para o Estado estão sendo debatidos e votados".

Entenda o caso

A concorrência para o acervo, que se encerrou em dezembro passado, contou com seis propostas. Com o novo contrato, a relação entre Giovane Favieri e o Legislativo paulista completa dez anos, que envolveram três licitações. No período, sua empresa recebeu R$ 34,9 milhões em termos para o acervo.

Ao mesmo tempo, a empresa também foi subcontratada pela Fundac, que gere a TV, para fornecer equipamentos, pelo valor mensal de até R$ 312 mil mensais, até 2017 - serviço que não envolvia concorrência.

Em reportagem especial, o Estado mostrou que, em 2019, por meio de uma licitação, a Casa contratou a GDMAIS, que pertence a Enzo Favieri, filho de Giovane, para o fornecimento de equipamentos, após o serviço deixar de ser subcontratado. A reportagem também mostrou que os contratos da TV foram investigados pelo Ministério Público, que arquivou os inquéritos.

Na concorrência, a empresa forneceu documentos cujo registro de criação apontam para computadores da própria Assembleia, e também da empresa de um ex-diretor da TV. Até março, após o fim do edital, a GDMAIS ainda compartilhava a mesma sala comercial da Rental, na Avenida Moema, zona Sul de São Paulo.

Atestados de capacidade foram emitidos à empresa pela própria Fundac, em uma época em que não havia funcionários na GDMAIS, segundo dados do Ministério da Fazenda.

Giovane chegou a afirmar que a empresa "só locava equipamentos e só precisava de um responsável técnico e um assistente para manutenção, que a GDMAIS mantinha como prestadores de serviço".

À época, o publicitário admitiu atuar também pela empresa do filho. "Como pai e também mentor dos meus filhos ajudo em tudo que posso, pois qual o pai responsável não faria isso".

Giovane também é conhecido como publicitário de campanhas políticas. Ele chegou a ser denunciado por lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato, em ação que envolve a campanha do ex-prefeito de Campinas, Dr. Hélio (PDT).

O dinheiro seria oriundo do empréstimo fraudulento do Banco Schahin feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O publicitário afirma que prestou os serviços à campanha e desconhecia a origem do valores.

O caso foi desmembrado para a Justiça Eleitoral de Campinas, na carona do julgamento do Supremo Tribunal Federal que decidiu pela competência das Varas Eleitorais para o julgamento de crimes comuns conexos com caixa dois.

Além da campanha de Dr Hélio (PDT), Giovane trabalhou para as candidaturas de Marta Suplicy (derrotada em 1998 ao governo de São Paulo e eleita em 2000 à Prefeitura), além de Oswaldo Dias, em Mauá (Grande São Paulo), e Telma de Souza, em Santos, litoral paulista.

Após a Lava Jato, também locou equipamentos às campanhas de Fernando Haddad em 2016, à reeleição para a Prefeitura, e em 2018, quando o petista foi derrotado por Jair Bolsonaro na disputa pelo Planalto.

A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) defendeu, perante ao Tribunal de Justiça de São Paulo, o contrato de sua TV, no valor de R$ 21 milhões, com a empresa Rentalcine, para a digitalização do acervo do canal. A Casa ainda afirmou que uma eventual liminar suspendendo contrato paralisaria as atividades da emissora.

A reposta da Casa se dá em ação popular do advogado Rubens Alberto Gatti Nunes, o Rubinho Nunes, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) que se embasa em reportagens do jornal O Estado de S. Paulo a respeito de elos entre os empresários contratados pela Casa e investigações pelas quais eles respondem. No mérito, Nunes quer a anulação do termo. Para o advogado, a contratação "está eivada de suspeitas, sendo patente sua a imoralidade".

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Atendendo ao pedido da Promotoria, a juíza Ana Luíza Villa Nova, da 16ª Vara da Fazenda Pública, determinou que a Casa se manifestasse em até 72 horas, no fim da semana passada. A promotora Carla Malpelli pediu que o Legislativo esclareça detalhes sobre a licitação e se levantou dados sobre investigações que pairam sobre a empresa contratada.

"Consoante se vê pelos documentos acostados e pelas informações prestadas pelo Pregoeiro responsável, o certame que culminou na adjudicação à empresa Rental do contrato impugnado, do qual participaram sete licitantes, transcorreu sem intercorrências e obedeceu estritamente todo o procedimento traçado pelas leis de regência para essa modalidade licitatória. A empresa Rental sagrou-se vencedora porque, efetivamente, além de ter atendido às exigências do edital, foi a que apresentou o menor preço dentre as concorrentes", argumenta a Casa.

A Assembleia ainda alertou. "A eventual suspensão do contrato, a par de causar irreparável prejuízo para a memória do Parlamento paulista devido à interrupção dos serviços de catalogação e arquivamento do acervo, impossibilitaria a transmissão em tempo real das sessões plenárias, CPIs, comissões, sessões solenes e programas de TV, em detrimento do interesse público e dos princípios da publicidade, da eficiência e da transparência, privando a sociedade de acompanhar os trabalhos legislativos, notadamente num momento em que projetos de grande relevância para o Estado estão sendo debatidos e votados".

Entenda o caso

A concorrência para o acervo, que se encerrou em dezembro, contou com seis propostas. Com o novo contrato, a relação entre Giovane Favieri e o Legislativo paulista completa dez anos, que envolveram três licitações. No período, sua empresa recebeu R$ 34,9 milhões em termos para o acervo.

Ao mesmo tempo, a empresa também foi subcontratada pela Fundac, que gere a TV, para fornecer equipamentos, pelo valor mensal de até R$ 312 mil mensais, até 2017 - serviço que não envolvia concorrência.

Em reportagem especial, o Estado mostrou que, em 2019, por meio de uma licitação, a Casa contratou a GDMAIS, que pertence a Enzo Favieri, filho de Giovane, para o fornecimento de equipamentos, após o serviço deixar de ser subcontratado. A reportagem também mostrou que os contratos da TV foram investigados pelo Ministério Público, que arquivou os inquéritos.

Na concorrência, a empresa forneceu documentos cujo registro de criação apontam para computadores da própria Assembleia, e também da empresa de um ex-diretor da TV. Até março, após o fim do edital, a GDMAIS ainda compartilhava a mesma sala comercial da Rental, na Avenida Moema, zona Sul de São Paulo.

Atestados de capacidade foram emitidos à empresa pela própria Fundac, em uma época em que não havia funcionários na GDMAIS, segundo dados do Ministério da Fazenda. Giovane chegou a afirmar que a empresa "só locava equipamentos e só precisava de um responsável técnico e um assistente para manutenção, que a GDMAIS mantinha como prestadores de serviço".

À época, o publicitário admitiu atuar também pela empresa do filho. "Como pai e também mentor dos meus filhos ajudo em tudo que posso, pois qual o pai responsável não faria isso".

Giovane também é conhecido como publicitário de campanhas políticas. Ele chegou a ser denunciado por lavagem de dinheiro, no âmbito da Operação Lava Jato, em ação que envolve a campanha do ex-prefeito de Campinas, Dr. Hélio (PDT). O dinheiro seria oriundo do empréstimo fraudulento do Banco Schahin feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. O publicitário afirma que prestou os serviços à campanha, e desconhecia a origem do valores.

O caso foi desmembrado para a Justiça Eleitoral de Campinas, na carona do julgamento do Supremo Tribunal Federal que decidiu pela competência das Varas Eleitorais para o julgamento de crimes comuns conexos com caixa dois.

Além da campanha de Dr Hélio (PDT), Giovane trabalhou para as candidaturas de Marta Suplicy (derrotada em 1998 ao governo de São Paulo e eleita em 2000 à Prefeitura), além de Oswaldo Dias, em Mauá (Grande São Paulo), e Telma de Souza, em Santos, litoral paulista.

Após a Lava Jato, também locou equipamentos às campanhas de Fernando Haddad em 2016, à reeleição para a Prefeitura, e em 2018, quando foi derrotado por Bolsonaro na disputa pelo Planalto.

Um conjunto formado por 1.898 artefatos gráficos salvaguardados pelo Museu da Cidade do Recife - MCR, datados do final do século XIX ao século XX, será lançado em catálogo online e impresso, acompanhado por DVD, no dia 30 de janeiro, às 19h. O Catálogo do Acervo Cartográfico do MCR ficará disponível para download gratuito no site da instituição e será comercializado na loja do museu por R$ 30 reais, cuja venda será revertida para ações de preservação das coleções do MCR.

O evento, aberto ao público e com acessibilidade em Libras, contará com a palestra Cartografia do Recife: um acervo para a cidade, ministrada pela equipe do museu e do projeto. Idealizado pelo pesquisador, fotógrafo e produtor cultural Josivan Rodrigues, o Catálogo do Acervo Cartográfico do MCR é fruto do incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura - FUNCULTURA, da Fundarpe, Secretaria de Cultura do Governo de Pernambuco.

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Além de mapas e cartas, compõem o conjunto projetos urbanísticos (a exemplo da Praça de Casa Forte e o Parque 13 de Maio), arquitetônicos (Teatro de Santa Isabel e Biblioteca de Casa Amarela) e de mobiliário, gravuras e cartazes, entre outras tipologias. A mídia DVD incorporada à publicação impressa trará consigo todas as 1.898 imagens digitalizadas no Inventário do Acervo Cartográfico do MCR, assim como os seus respectivos índices, organizados por número de tombo, descrição e autor.

De acordo com Josivan Rodrigues, se trata de um convite à sociedade para conhecer mais essa coleção que apresenta testemunhos essenciais da história social e cultural do Recife. "O catálogo impresso reúne uma amostra da diversidade deste acervo, com cinquenta artefatos reproduzidos em suas 52 páginas; já o DVD vem com a coleção completa. Os documentos, já reconhecidos por pesquisadores, podem agora ter seu público ampliado.

"Esse projeto é importante pois promove o acesso remoto ao passo que resguarda os originais do manuseio constante. Através do catálogo será possível filtrar quando é realmente necessário ter em mãos os originais", explica o pesquisador. No plano de ação do projeto, está prevista como contrapartida a distribuição gratuita de parte da tiragem para bibliotecas e instituições públicas de ensino.

Betânia Corrêa de Araújo, diretora do Museu da Cidade do Recife, assinala: o catálogo deverá ser utilizado pela equipe educativa da instituição nos próximos anos. "Agora é hora de comemorar e compartilhar o resultado, e também de arregaçar as mangas para as futuras - e incontáveis - etapas!", explica.

A publicação a ser lançada foi precedida pelo trabalho de inventário e catalogação dos documentos, projeto também idealizado por Josivan Rodrigues com incentivo do Funcultura, quando foram detalhadamente observadas, descritas e digitalizadas as peças da coleção. Esta fase, por sua vez, foi antecedida pelo trabalho de higienização, planificação e acondicionamento realizado com o apoio da Caixa Econômica Federal.

"Esse acervo documenta a mentalidade de cada época e como a cidade era pensada em determinados períodos. A maioria do nosso acervo é do século XX, e através dele é possível perceber as inúmeras mudanças pelas quais a cidade passou em prol do melhoramento urbano", orienta Sandro Vasconcelos, historiador do Museu da Cidade do Recife, responsável por coordenar  a classificação, o inventário e a catalogação de todo o projeto.

O pesquisador salienta a extrema importância da parceria da instituição com a sociedade civil em trabalhos do gênero: "Resultados como esse contemplam cada vez mais o público em geral. A possibilidade de criar desdobramentos a partir do acervo demonstra a capacidade do museu em levar adiante o compromisso de manter, preservar e divulgar os acervos. Quanto mais projetos assim, mais oportunidades de devolver para a sociedade produtos utilizáveis tanto para conhecimento, quanto para ideias lúdicas". Vasconcelos é mestre em história e coordenador do Núcleo de Pesquisas José Antônio Gonsalves de Mello do MCR.

Serviço

Lançamento do Catálogo do Acervo Cartográfico do Museu da Cidade do Recife e palestra Cartografia do Recife: um acervo para a cidade

30 de janeiro (próxima quinta-feira) | 19h

Museu da Cidade do Recife (Forte das Cinco Pontas, s/n, São José)

Informações: (81) 3355-3108

Acesso gratuito

Valor do catálogo: R$ 30. 52 páginas, 21 x 21 cm, com DVD anexo

*Da assessoria

Um acervo rico em objetos, viaturas, fotografias e documentos. Estes são os destaques do museu que conta a história e os momentos mais importantes do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo. Inaugurado em 2005 no bairro da Vila Mariana, zona sul de São Paulo, o Museu do Corpo de Bombeiros permite aos visitantes, inclusive, manusear equipamentos utilizados pela corporação que comemora 139 anos em 2019.

A caminhada pelo Centro de Memória do Corpo de Bombeiros pode ser considerada uma viagem no tempo e desperta a curiosidade de crianças, jovens e adultos. A Sala de Ferramentas possui equipamentos desconhecidos para a maioria das pessoas, como um alargador hidráulico, que entra em ação quando há necessidade do resgate de vítimas presas às ferragens. Equipamentos históricos como as primeiras charretes usadas como viaturas, a Sala de Equipamentos Aquáticos e a sala que abriga fotos dos maiores incêndios ocorridos em São Paulo, como o dos edifícios Andraus, Joelma e Grande Avenida, também estão expostos gratuitamente.

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A ideia central do Museu do Corpo de Bombeiros é preservar a história da corporação procurando descrever toda a trajetória dos seus 139 anos de existência e mostrar como a instituição evolui para seguir prestando serviço à comunidade, apresentando o trabalho dos mais de 9 mil profissionais que colocam suas vidas em risco para manter o bem-estar e a segurança dos paulistas.

Serviço:

Centro de Memória do Corpo de Bombeiros

Rua Domingos de Moraes, 2.329, Vila Mariana – São Paulo – SP

Agendamentos de visitas em grupo: ccbcentrodememoria@policiamilitar.sp.gov.br

Para o agendamento de visitas individuais, consulte disponibilidade pelo telefone: (11) 3396.2596

 

Com o mandato de presidente do Brasil chegando ao fim, Michel Temer (MDB) inaugurou um Centro de Memória com os seus arquivos. A coleção de lembranças do emedebista, que assumiu a presidência após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016, será exposta na Faculdade de Direito de Itu, no interior paulista, onde ele foi professor e diretor.

O memorial foi inaugurado nesta última quarta-feira (19). Lá estarão disponíveis para pesquisa itens relativos aos anos de mandato de Temer como presidente da República. "Onde melhor localizar meu acervo histórico senão onde minha vida pública teve início?", indagou o emedebista.

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Segundo publicado pela Agência Brasil, no acervo há mais de 75 mil itens, como peças museológicas, e-mails, cartas, gravações audiovisuais, livros e discursos proferidos por temer no Brasil e no exterior. Tudo será transferido de Brasília para Itu logo após a passagem da faixa presidencial para o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), em 1º de janeiro.

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