Estudo aponta necessidade de partidos indicarem mulheres

Levantamento mostra que é importante atuar junto aos partidos para que eles internalizem a necessidade de promover candidaturas femininas

sex, 09/09/2022 - 16:30
Elaine Menke/Câmara do Deputados Mulheres participando de cerimônia no Congresso Nacional Elaine Menke/Câmara do Deputados

Um estudo fruto da parceria entre o Observatório Nacional da Mulher na Política, vinculado à Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, e o Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília mostra que é importante atuar junto aos partidos para que eles internalizem a necessidade de promover candidaturas femininas. 

A legislação já exige um mínimo de 30% de candidaturas femininas desde 1997, mas esse percentual só foi alcançado em 2014. O motivo é que os partidos interpretavam que precisavam apenas reservar os 30% e não preencher, o que foi corrigido depois.  Essa interpretação desfavorável, segundo a professora de Ciência Política da UnB Flávia Biroli, revela a predominância masculina nos partidos políticos.

“Historicamente, eles tiveram ampla maioria masculina no controle dos recursos e na ocupação dos espaços, cargos eletivos e não eletivos inclusive", afirmou.       

 Para ela, partidos políticos são espaços difíceis para as mulheres. Outro exemplo do desprestígio dos partidos em relação às mulheres, segundo a professora, é a baixa indicação delas para as chefias de secretarias municipais e estaduais. Esses postos poderiam alavancar candidaturas mais à frente. Hoje, apenas 13% das prefeituras são ocupadas por mulheres.

“Se os partidos não indicam mulheres, isso significa que se subtrai delas a possibilidade de ter esse elo na construção das carreiras políticas”. 

Recursos

Apesar da necessidade de avanços, o estudo afirma que as candidaturas femininas à Câmara dos Deputados passaram de 29% em 2014 para 32% em 2018 e 35% em 2022. No caso das mulheres negras, passou de 3% em 2014 para 6% este ano. Mas nas eleições de 2018 para deputado federal, em média, as mulheres receberam R$ 95 mil de financiamento por candidata contra R$ 142 mil para cada homem. 

Flávia Biroli informou, portanto, que um dos pontos de estudo neste ano será a observância da destinação de pelo menos 30% dos recursos para as candidaturas femininas, o que foi decidido pela Justiça e ratificado pelo Congresso na Emenda Constitucional 117. A pesquisadora lembra que as mulheres são 45% dos filiados a partidos. Ou seja, elas têm interesse na política. 

*Da Agência Câmara de Notícias

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