Presidente da CPI do MST corta microfone de Sâmia Bomfim
Tenente Coronel Zucco desligou microfone da deputada que lia notícia sobre investigação aberta contra ele
Nesta terça-feira (23), o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), desligou o microfone da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-RJ) enquanto ela lia a notícia de que seu nome foi incluído na investigação da Polícia Federal sobre os atos antidemocráticos.
‘’Acabou de sair a notícia que o Moraes autoriza a polícia Federal a retomar a investigação do presidente da CPI do MST pela participação nos atos antidemocráticos. Que até agora o senhor estava dizendo que era mentira'', disse a parlamentar do PSOL.
Diante o discurso de Sâmia, Zucco cortou a fala da deputada, justificando que não iria permitir ‘’ataques pessoais’’ e que a investigação não era pauta da CPI.
"Deputada Sâmia, eu aceitei a questão de ordem do deputado Kim [Kataguiri]. Nós não vamos permitir ataques pessoais. Sobre essa nota que a senhora falou, já tinha sido publicado. Isso não é pauta dessa CPI", afirmou.
O político do Partido Republicanos se refere a uma questão de ordem apresentada na manhã de hoje, pelo vice-presidente do colegiado, Kim Kataguiri (União Brasil - SP), que interrompeu a fala da deputada carioca Talíria Petrone (PSOL) após ela lembrar que o relator da CPI, o bolsonarista Ricardo Salles (PL-SP), era investigado pela PF. Kim lembrou que, de acordo com o regimento da Casa, nenhum deputado poderia se referir de "forma injuriosa" a membros do Legislativo.
Após a atitude de Zucco, houve um início de bate-boca, com a psolista alegando, fora do microfone, que não havia concluído a fala e que presidente da CPI precisava cumprir o regimento. Por fim, o deputado concedeu tempo à parlamentar.
"Eu nunca faltei com respeito com o senhor, não utilizei elogio ou palavrão. Eu li uma manchete. Por que lhe incomoda tanto uma manchete de jornal? A manchete está pública, qualquer cidadão brasileiro pode ter acesso a esses fatos. Para mim, o senhor não tem que prestar depoimento nenhum, é para a Polícia Federal", disse Sâmia.
O deputado gaúcho é suspeito de incentivar e patrocinar atos antidemocráticos no Rio Grande do Sul e em Brasília contra o resultado das eleições de outubro 2022. O pedido de investigação começou em seu estado, mas o Tribunal Regional Federal da Quarta Região entendeu que, como Zucco tem foro privilegiado, a análise deveria ser feita pelo Supremo Tribunal Federal. Sendo assim, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decidiu retomar a investigação na última sexta-feira (19).
Em seu perfil do Twitter, Sâmia se manifestou sobre o caso, alegando que Zucco não pode impedir um fato de ser divulgado.