CFOs devem fazer parte do board?
A quantidade de CFOs (principais executivos de finanças) que faz parte dos conselhos de empresas não é grande. Razão disso é a Sarbanes-Oxley (lei que visa garantir a criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas companhias) que promove a independência do conselho. Mas hoje a lógica dessas orientações pode não mais se aplicar aos líderes de finanças.
Fazer ou não fazer parte do board é um debate antigo dos CFOs. Mas ganha nova configuração na era pós-Sarbanes-Oxley, termo criado professores Jean C. Bedard e Hoitash Rani, ambos do departamento de Contabilidade da Bentley University (Massachusetts) e por Hoitash Udi, da Northeastern University (Boston).
De 2004 a 2007, eles analisaram os registros de 7.034 empresas de capital aberto e descobriram que 549 delas escolheram para o board CFOs menos propensos a relatar deficiências de controle interno, conforme descrito nas seções 302 e 404 da Sarbox. Essas companhias que possuem CFOs no conselho registraram ganhos de qualidade, de acordo com os três professores.
"Ter mais executivos no conselho pode impactar negativamente na qualidade de relatórios financeiros e ter o COO pode não melhorar a qualidade dos relatórios financeiros", afirma o estudo. Mas o CFO no board é visto como um caso especial.
"Um trabalho recente mostra que a importância do CFO está crescendo e que o impacto dessa figura sobre alguns resultados corporativos supera a influência dos CEOs", conclui o artigo dos professores. "Nossos resultados sugerem benefícios da nomeação do CFO para o conselho de administração”, aponta.
Outra constatação dos autores do estudo é que o fortalecimento do CFO permite que eles "se concentrem no desempenho de suas próprias responsabilidades de forma mais eficaz".
"Ao se concentrar no CFO como membro do conselho, o estudo reconhece que o papel e a importância dos CFOs têm crescido em relação a outros funcionários da empresa", dizem os pesquisadores. "No entanto, poucos reconhecem que os CFOs são ‘insiders’ no board.”
Salários em alta
Uma das curiosidades do levantamento é em relação aos salários. CFOs que fazem parte do board poderão contar com remuneração maior. Executivos de finanças registraram aumento de 27,3% no salário em comparação com os de colegas de finanças que não fazem parte do conselho.
A pesquisa identificou ainda que CFOs que fazem parte do board ficam cerca de 9,65 anos na companhia, contra 5,44 anos para os que não fazem parte do board.