PCs que viram tablets serão aposta entre os Ultrabooks

Vários fabricantes estão investindo no design "conversível" proposto pela Intel. As máquinas foram o destaque do IDF 2012

idgnowpor Naiane Nascimento qua, 16/05/2012 - 16:17
Divulgação No mercado mundial exitem 21 modelos de ultrabooks, mas esse número deve chegar a 110 até o fim do ano Divulgação

Conversíveis. É assim que a Intel está chamando os Ultrabooks com tela sensível ao toque que se transformam em tablets. Elas integram a segunda geração dos portáteis ultrafinos que começam a substituir notebooks e desktops na carteira de produtos de muitos fabricantes de computadores, incentivados pela gigante dos processadores. Cinco deles, alguns ainda modelos de referência, foram apresentados nesta terça-feira (15) pelo vice-presidente da Intel, Kirk Skaugen, em seu keynote no Intel Developers Forum 2012, maior evento da empresa para discutir os rumos da indústria, realizado pela primeira vez no Brasil, em São Paulo. E alguns modelos - incluindo um da Lenovo - podem estar disponíveis no mercado brasileiro no segundo semestre deste ano.

Os Ultrabooks são hoje como uma obsessão para a Intel. A resposta da companhia para a sangria provocada pelos tablets na venda de computadores pessoais. A empresa tem um fundo de 300 milhões de dólares focado nesse segmento. Sua maior campanha de publicidade da década será voltada para a nova plataforma de máquina ultrafinas que, no entender da companhia, unem o melhor do mundo PC com a praticidade e mobilidade dos tablets, vistos pela empresa como um dispositivos secundário, companheiro do computador.

Hoje existem 21 modelos de Ultrabooks no mercado mundial. Até o fim do ano serão 110 modelos em todo o mundo. No Brasil, serão 11 modelos até junho e 20 até o fim do ano. Para ostentar a nomenclatura, as máquinas passam por testes de conformidade. Precisam atender a todos os requisitos técnicos definidos pela Intel. A tela touch passará a ser um deles, mas apenas na terceira geração. Hoje faz parte da configuração recomendada aos fabricantes pela gigante do computador, conforme explica o vice-presidente. "Cada OEM decide que recursos agregar. Assim como este ano estamos falando do touch, no ano que vem estaremos falando sobre controle de voz, reconhecimento facial", afirma Kirk Skaugen.

O design "conversível" também é uma recomendação, que tem tido grande aceitação por parte dos fabricantes, embasados em uma pesquisa recente realizada pela Intel com 81 famílias em quatro cidades: São Paulo, Xangai, Milão e San Francisco. Os usuários tiveram que desempenhar 50 tarefas em seus computadores, e opinar. Ao perguntados se preferiam usar a interface com tela sensível ao toque para realizar muitas das tarefas, 77% disseram que sim. Outras tantas também disseram que o uso do teclado continua sendo necessário, mas o percentual não foi revelado pela Intel, que usa a presença do teclado mecânico, acoplado fisicamente à máquina, como diferencial de um PC para um tablet. "Se a conexão do teclado for via Bluetooth estamos falando de um tablet", explica Kirk Skaugen.

O sucesso dos modelo de Ultrabooks conversíveis com tela sensível ao toque está diretamente relacionado à chegada do Windows 8 ao mercado. "Em um ano ou dois, vamos ter uma visão melhor se o Ultrabook tem realmente o melhor de um tablet e o melhor de um notebook em um único dispositivo. E ver o que o mercado prefere", diz o vive-presidente, que antes da entrevista quis saber se eu me sentia confortável tomando notas digitando diretamente no teclado virtual do iPad.



Preço, outro obstáculo - Não há dúvidas de que a Intel está apostando todas as suas fichas nos Ultrabooks. A companhia espera que eles venham ser mainstream já no fim do ano, mas não revela números sobre vendas. Limita-se a dizer que, até agora, estão dentro das expectativas, suprindo, no mix de produtos, a receita perdida com as vendas de desktops. O Brasil, lógico, é um dos mercados-chave para a companhia, por conta da venda aquecida de notebooks. Mas o preço ainda faz deles máquinas para uma população de alto poder aquisitivo, principalmente aqui.

Teremos Ultrabooks de menos de R$ 2 mil até o fim do ano, conforme o esperado? Perguntei a diversos interlocutores e as respostas foram diversas. Sem dar muitos detalhes, Steve Long Diretor Geral da Intel para a América Latina foi categórico: "Já temos hoje. Compramos diversas aqui para o IDF, em lojas brasileiras, por menos de R$ 2 mil", disse. A alta do dólar não ajuda. E alguns varejistas podem estar liquidando estoque para a chegada das novas máquinas nos próximos 60 dias.

A expectativa da Intel é que o início da fabricação local se reverta em queda de preços, principalmente agora, em um momento depressão cambial, com o dólar em alta. Lá fora, segundo Kirk Skaugen, já é possível encontrar Ultrabooks a partir de US$ 699. "Se você compra vários acessários para um tablet, para deixá-lo completo, ele acaba ficando mais caro que isso", diz o executivo.



Tablets - Isso significa que a Intel não terá tablets? De forma alguma. Durante o IDF, Américo Tomé, diretor de Produtos da Intel para a Amércia Latina, revelou detalhes da futura geração de processadores, nome código Cover Trail, redesenhada do zero a partir do Atom para atender às especificações do  Windows 8. "A Intel tem trabalhado muito próxima à Microsoft. A gente tem mais de 20 projetos em andamento com fabricantes ao redor do mundo que vão ser baseados em processadores Core ou Cover Trail, para atender às necessidades dos Ultrabooks conversíveis e dos tablets com Windows 8", explica o executivo.

A Intel acredita que, no segundo semestre, principalmente nos Estados Unidos, os tablets Cover Trail e os conversíveis com a terceira geração de processadores Core i3, i5 e i7, serão os produtos com melhor custo/desempenho para rodar Windows 8.

O Cover Trail já tem um road map definido para os próximos três anos. "Tablets com Cover Trail e o ARM se equivalem hoje. A gente posiciona o Atom com o ARM em termos de performance e desempenho de bateria", afirma Américo. O melhor desempenho será obtido nos conversíveis, com processdores Core", afirma Américo.

Segundo ele, há um mês já existiam 30 diferentes produtos conversíveis em desenvolvimento nos fabricantes, e este número tem crescido exponencialmente, mês a mês.

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