ONU aprova proposta russa contra crimes cibernéticos
País quer combater o uso das tecnologias de comunicação e informação com propósitos criminosos
A ONU aprovou nesta sexta-feira uma proposta apresentada pela Rússia que busca criar uma nova convenção sobre crimes cibernéticos, causando alarme entre grupos defensores das liberdades e as potências ocidentais.
A Assembleia Geral aprovou uma resolução patrocinada pela Rússia e apoiada pela China que prevê a criação de um comitê de especialistas em 2020 para elaborar uma "convenção internacional exaustiva para combater o uso das tecnologias de comunicação e informação com propósitos criminosos".
Os Estados Unidos, as potências europeias e grupos defensores das liberdades temem que isto sirva para legitimar os ataques contra a livre expressão, pois os governos de numerosos países qualificam de "criminosas" as críticas de opositores.
Um grande número de países tenta restringir ou impedir o acesso à Internet.
A China, por exemplo, restringe as buscas para evitar o acesso a temas que ameacem a liderança comunista ou sites de notícias que façam uma cobertura crítica.
A Índia, por sua parte, cortou em agosto a Internet na Caxemira, após retirar a autonomia desta região de maioria muçulmana.
O Irã bloqueou o acesso à Internet em novembro, enquanto reprimia os protestos deflagrados por um aumento dos combustíveis.
A ONG Human Rights Watch (HRW) qualificou a lista de patrocinadores da resolução como "uma galeria de alguns dos governos mais repressivos da terra".
"Se o plano é desenvolver uma convenção que conceda aos países legalidade para cortes e censura na Internet enquanto potencialmente se criminaliza a liberdade de expressão esta é uma boa ideia", ironizou Louis Charbonneau, da HRW.