Estudantes realizam protesto "Enem pro espaço"
Participantes criticaram métodos de avaliação e aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio
Críticas contra o método de avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e suas fraudes. Foi o que ocorreu no protesto “Enem pro espaço”, organizado por estudantes pernambucanos, na tarde desta quarta-feira (4), no Parque Treze de Maio, bairro de Santo Amaro, área central do Recife. Aproximadamente 100 pessoas, entre universitários, concluintes do ensino médio, recém aprovados em universidades públicas e privadas e professores participaram do evento. A ação não teve vínculo algum com organizações, e foi mobilizada através das redes sociais.
“Estudantes de vários estados brasileiros se comunicaram através da internet. O objetivo foi realizar protestos hoje, simultaneamente, em diversas partes do país”, relata um dos organizadores do protesto no Estado, Vitor Lacerda. Segundo o organizador, a ideia não é extinguir o Enem, mas sim exigir um método mais eficaz de avaliação. “O método de avaliação tem que mudar. As provas são mal elaboradas, e a redação é corrigida às pressas. É impossível avaliar alguém assim. Também reivindicamos que a Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular) volte a corrigir as redações”, pontuou Lacerda.
O organizador também aponta que o investimento feito na área de educação pelo governo federal é muito pouco. “Queremos que 10% do nosso Produto Interno Bruto (PIB) seja destinado à educação. O Brasil só terá desenvolvimento se a educação melhorar”, falou. Ainda de acordo com ele, eram esperadas aproximadamente 400 pessoas no protesto, mas, muitas não compareceram. “Muita gente não cumpriu o que combinamos nas redes sociais. A sociedade não pode ficar parada enquanto acontecem tantos erros no nosso país”, criticou o protestante.
Mesmo já estudando numa instituição pública, Agsa da Silva também apoiou o protesto e disse que o ato é importante e justo. “Eu faço serviço social na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas estou aqui ajudando os estudantes no protesto. Em relação ao Enem, acho que é uma boa forma de avaliação, mas o problema está nas escolas que possuem métodos de ensinos antigos. O governo prega igualdade, mas os direitos por uma boa educação são roubados”.
Luiz Eduardo Leimig, 21, tentou o curso de medicina este ano na Federal e não passou. Ele não é a favor do jeito como o Enem avalia os candidatos. “Eu não concordo com o método dos avaliadores. Também não entendo como a nota é calculada e a redação é uma loteria". O primeiro colocado geral do vestibular 2012 da Universidade de Pernambuco (UPE), João Pedro Cavalcanti Pereira, compareceu ao evento e também expôs críticas ao Enem: “Quero protestar contra a forma de aplicação do Enem, não pelo próprio exame em sim, mas pelos problemas que vêm acontecendo nos últimos três anos. A correção das provas, por exemplo, é um processo muito obscuro e os alunos não têm como calcular a própria nota, pois não é divulgada essa informação”.
Educadores - Em meio ao protesto, estava o professor de história, Elias Nascimento. Ele explica que muitos educadores não são contra o exame nacional, porém, a reclamação é contra a falta de transparência. “A maior parte dos professores não é contra o Enem. A gente protesta em relação a transparência de aplicação e avaliação. Não foi deixado claro a metodologia de avaliação. Queremos saber onde está o erro”, comentou Nascimento.
Segundo a organização do protesto, foram recolhidas assinaturas para serem enviadas ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Até agora, não há previsão de novos proitestos pela organização do "Enem pro espaço".