TDAH, como lidar com essa realidade?
O diagnóstico deve ser feito, em média, aos cinco anos de idade
Algumas décadas atrás, uma criança agitada, com baixo rendimento na escola, facilmente era tratada como um jovem preguiçoso e levado. Hoje, anos depois, sabemos o nome desse possível distúrbio, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou simplesmente o TDAH.
Com muita pesquisa, a ciência associada à pedagogia e psicologia já são capazes de determinar, depois de uma bateria de exames e investigação multidisciplinar, familiar e de rendimento das crianças, se um jovem possui esse transtorno hereditário.
Os traços mais comuns são a dificuldade de focar e realizar alguma atividade, a inquietude ou falta de motivação para realizar algumas atividades. Esses sintomas podem determinar o déficit de atenção, que mais comumente vem associado à hiperatividade.
A psicóloga paulista Juliana Duarte, especialista em musicoterapia, lembra que é preciso uma avaliação detalhada de uma série de profissionais para estabelecer se de fato uma criança tem ou não algum transtorno. “Crianças são naturalmente mais ativas. O que não é normal é o excesso de comportamentos que outras crianças não demonstram, como impulsividade, problemas de concentração e de relacionamento”, destaca.
Quando diagnosticado, em média aos cinco anos de idade, uma das primeiras dúvidas dos pais é onde devem colocar a criança para estudar. “Muitos pais nem imaginam a forma correta de lidar com isso, pensam que o filho precisa de uma escola especial, quando na verdade esse seria o pior caminho”, afirma Rejane Maia, diretora pedagógica do Colégio Apoio.
O melhor caminho é a inclusão. Estima-se que em média 6% da população possui esse distúrbio. Segundo Rejane, crianças com TDAH precisam conviver no meio mais normal possível. A escola tem que ser comum, contudo, com uma proposta de ensino diferenciada. “É preciso incluir no ensino atividades diferenciadas que gerem recompensas imediatas para esses alunos”, comenta Rejane, que lembra o quão necessário é incluir músicas, vídeos e atividades enérgicas durante as aulas.
A diferença na falta desse material é que a informação chega ao estudante, mas ele não consegue focar e seguir naquilo que lhe foi mostrado. “Sem uma escola com uma boa proposta não é possível esse aluno ter sucesso”, afirma a psicóloga Juliana.
Os pais ainda precisam de um auxílio profissional para lhes indicar a melhor forma de ajudar os filhos. Segundo a psicóloga, não é incomum durante avaliações dos filhos os pais descobrirem que um deles sofre desde a infância de TDAH. “Isso já aconteceu várias vezes. Quando eu falo os sintomas, alguns pais se identificam e acabam descobrindo que sofrem do mesmo problema dos filhos”, comenta Juliana.
O tratamento é feito com uso contínuo de medicação, que deve ser específico para cada caso. No Brasil, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção recebe e orienta portadores do transtorno e sugere como prosseguir com o tratamento.