Tópicos | Déficit de Atenção

O Ministério da Saúde indica que, pelo menos, dois milhões de brasileiros convivam com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Cerca de 3% a 5% das crianças em todo o mundo já foram diagnosticadas com o transtorno, que é genético e não tem cura. Durante a pandemia, o debate acerca dos transtornos mentais e síndromes foi acalorado, já que as tensões sociais e econômicas têm grande impacto na saúde mental da população e um “boom” de novos diagnósticos surgiu. 

Nas redes sociais, o burnout (nome mais popular da Síndrome do Esgotamento Profissional) foi o centro de muitos relatos de fadiga, desatenção, ansiedade e sintomas de cunho psicossomático no geral. Esses mesmos sintomas, também associados à depressão, transtorno borderline, entre outros, são parte da rotina de vários dos pacientes com TDAH. A confusão entre os sinais é comum e muitas pessoas não têm ciência de que esses transtornos dialogam dentro de cada sistema e podem, inclusive, serem os provocadores uns dos outros. 

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Na maioria dos casos, o TDAH é melhor tratado com uma combinação de terapia comportamental e medicação. Para crianças em idade pré-escolar (4-5 anos de idade) com TDAH, a terapia comportamental, particularmente o treinamento para os pais, é recomendada como a primeira linha de tratamento antes que a medicação seja tentada. 

O que funciona melhor pode depender da criança e da família. Bons planos de tratamento incluirão monitoramento próximo, acompanhamentos e mudanças, se necessário, ao longo do caminho. Reconhecer o problema e se permitir ser ajudado, porém, é o primeiro grande passo. 

“Busque ajuda. Não é nada demais, você não tem culpa. Nasceu desta forma e a gente sabe que é genético. Buscar ajuda não é ser diminuído, pelo contrário, é mostrar que você é uma pessoa bem-informada e que conhece seu sistema e as mudanças de comportamento. Sempre que preciso, busque um profissional especializado, que tenha as ferramentas e o conhecimento necessários para lhe ajudar nesse momento. O ser humano não é engessado e nem uma ciência exata”, é o que diz o neuropsicólogo Carol Costa, entrevistado pelo LeiaJá. 

Confira a entrevista completa 

— Carol Costa Júnior, neuropsicólogo e coordenador do setor de psicologia do Sistema Hapvida em Pernambuco

LeiaJá: O que é ou o que causa o TDAH? Há mais de um tipo desse transtorno? 

CC: O TDAH é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e é genético, as pessoas já nascem com ele. O que as pesquisas indicam é que é genético. Ele provoca alterações físicas e estruturais no cérebro. Sabe-se, de forma muito recente, que o córtex pré-frontal de pessoas que têm o TDAH é um pouco menor do que o tamanho normal. Essa área é responsável pelo sistema inibitório, personalidade, ação, tomada de decisões.  

É um transtorno que afeta a vida da pessoa como um todo. As crianças são mais agitadas que o normal, que não param de falar, se movimentam e falam o tempo todo. Também causa transtornos funcionais sociais, porque muitas vezes só eles falam e têm a vez, e isso para o grande grupo é complicado, pois gera uma estigmatização [das pessoas com TDAH]. 

Temos o TDAH em crianças com predominância do TDA - o déficit de atenção; crianças desatentas, que não conseguem focar e se distraem com facilidade. E tem também as com foco em hiperatividade, as crianças mais agitadas. Os níveis são leve, moderado e severo. Também temos o Transtorno Hipercinético, que se encaixa na condição do TDAH. São formas diferenciadas de apresentação do transtorno. 

LeiaJá: Especialmente durante a pandemia, surgiram muitos relatos e “memes” de pessoas se perguntando: “tenho TDAH, burnout ou depressão?”, e as discussões apontaram para a similaridade entre os sinais de cada um. Essa impressão é verídica? 

CC: Em alguns momentos, os transtornos se fundem. Muitas vezes um é comorbidade do outro. Por exemplo, o espectro autista (TEA), muitas vezes, tem o TDAH como comorbidade. O TDAH pode até se fundir com a depressão. Por quê? Essa criança, ao longo da vida, ela é muito agitada, fala muito e conforme cresce e tem contato com os pares, percebe que as pessoas começam a se afastar dela. Como jovem, passa a ter depressão. Muita gente diz que o TDAH some, mas não é verdade, a pessoa que começa a controlá-lo para não ser banida do convívio social. Muitos também desenvolvem a depressão e a ansiedade por não conseguirem manter o foco, por terem baixo rendimento escolar, embora sejam os mais inteligentes. Tudo isso [os sintomas] é muito próximo. Essas pessoas também têm dificuldade de fixar informações, são muito esquecidas, têm dificuldade de socialização, o que pode se confundir com a ansiedade e com o burnout. 

LeiaJá: Como diferenciar transtornos cujos traços comportamentais e sintomas são parecidos? 

CC: Por isso é necessária uma equipe multidisciplinar. Profissionais especializados para intervir e identificar com segurança e ética onde esse indivíduo está inserido. Para isto, existem algumas escalas de avaliação, testes e questionários, pelos quais conseguimos perceber. Não são transtornos que se percebem através de exames ou de imagens. Todo o diagnóstico é comportamental e observacional-clínico. Logo, são entrevistas com os pais, entrevistas com o paciente e observações do paciente em determinadas situações. Assim, a equipe multidisciplinar chega ao diagnóstico. Em alguns casos, será preciso a intervenção medicamentosa. Há casos de TDAH que precisam, para que as terapias aconteçam, do tratamento medicamentoso, feito com psicofármacos para que a pessoa foque, fique mais atenta, e possa ter uma vida mais funcional. 

LeiaJá: Quem pode fazer o diagnóstico do TDAH? 

CC: O diagnóstico é feito pela equipe multidisciplinar. São parte dessa equipe terapeutas, neurologistas, psiquiatras infantis, neuropediatras, psicólogos, neuropsicólogos, psicopedagogos, professores, médicos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, neuroeducadores. Todos esses estão aptos a identificar o indivíduo com o TDAH. O tratamento é através de sessões terapêuticas que trabalham foco, atenção e memória, também com auxílio do tratamento medicamentoso. 

LeiaJá: Qual o grupo (idade, gênero) mais afetado pelo TDAH? 

CC: O TDAH se percebe na infância, geralmente na idade escolar. A prevalência maior é em meninos, mas aí existe uma discussão: será que a prevalência do TDAH é mesmo maior em meninos ou a menina sente um peso social de se manter mais comedida, mais recatada, culturalmente falando? Isso já é base de algumas pesquisas, mas estatisticamente, a prevalência maior é em meninos; os transtornos no geral, as neuropatologias, surgem mais em meninos. Na fase da alfabetização o transtorno costuma ficar mais evidente, por conta da desatenção. O TDAH segue ao longo da vida; não tem cura, mas tem tratamento. 

LeiaJá: O TDAH ainda é um transtorno desconhecido e/ou negligenciado? 

CC: Antigamente tínhamos o menino "danado", agitado, o "burro da sala", a criança que não aprende nada. Esse era o TDAH da época. Isso mudou através da expansão da neurociência comportamental e da psicologia, que ganharam força analisando padrões de comportamento e buscando evidências. Temos uma metodologia para isso. Hoje há um entendimento do que é essa desatenção. Não existe mais o menino burro, mas o que precisa de uma metodologia adaptada. Temos aí os Planos Educacionais Individuais (PEIs), profissionais voltados ao atendimento dessa demanda. É uma dificuldade no aprendizado, mas não é limitante. Cada vez mais as pessoas estão buscando informações e hoje conseguimos ter uma visão um pouco maior. 

 

Se os internautas tinham alguma dúvida de que Marília Mendonça é gente como a gente, esses questionamentos chegaram ao fim. Através do Twitter, a rainha da sofrência entregou que, como muita gente, lidar com números não é exatamente a sua praia - mas, no caso da cantora, a dificuldade seria causada por um déficit de atenção.

Através da rede social, a artista acabou publicando uma mensagem na qual alega admiração pelos profissionais que lidam com números, e entregou que sofre do transtorno de concentração.

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Alguns seguidores, então, passaram a compartilhar suas próprias experiências com o déficit de atenção e comentaram sobre o uso de alguns medicamentos para conter os sintomas. Marília, então, acabou entregando que também consome remédios para controlar o transtorno, mas que nem isso é suficiente para ajudá-la a lidar com números. A cantora ainda deu a entender que sofre com isso desde pequena, contando que ficou com trauma das matérias escolares da área de exatas.

Além disso, Marília recebeu mensagens de apoio e motivação de outros internautas que também sofrem do mesmo problema, conhecido como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - ou, simplesmente, TDAH. 

As pessoas com Transtorno por Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) têm o cérebro levemente menor, segundo um estudo divulgado nesta quinta-feira (16), que reitera que se trata de uma alteração física, e não apenas de má conduta.

Este estudo, o maior até agora dedicado ao cérebro das pessoas com esta síndrome, encontrou "diferenças estruturais" e evidências de atraso no desenvolvimento, segundo os pesquisadores.

"Os resultados de nosso estudo confirmam que as pessoas com TDAH têm diferenças na estrutura cerebral, o que sugere que o TDAH é um transtorno no cérebro", afirmou a diretora do estudo, Martine Hoogman, do Centro Médico da Universidade Radboud, na Holanda.

"Esperamos que isto ajude a reduzir o estigma de que o TDAH é 'apenas um rótulo' para crianças com dificuldades ou que é provocado por uma educação pobre", acrescentou em um comunicado.

As conclusões do estudo, no qual participaram 1.713 pessoas com esta síndrome e 1.529 pessoas sem ela, foi publicado na revista The Lancet Psychiatry.

O TDAH é diagnosticado geralmente na infância, mas pode perdurar nos adultos. Seus sintomas mais frequentes são os problemas de concentração, a hiperatividade e a impulsividade.

A causa do transtorno gera controvérsia e alguns especialistas insistem que o TDAH é apenas um pretexto para utilizar medicamentos que suavizem o comportamento de crianças com personalidades conflitivas.

Neste estudo, Hoogman e sua equipe analisaram as ressonâncias magnéticas de pessoas entre 4 e 63 anos, com ou sem TDAH, e mediram o volume total de seu cérebro, assim como o tamanho de sete regiões que podem estar vinculadas ao transtorno.

O volume total era menor em pessoas diagnosticadas com a síndrome, também de cinco zonas do cérebro, disseram os cientistas.

"Estas diferenças são muito pequenas (...) por isso, a dimensão de nosso estudo, sem precedentes, era crucial para nos ajudar a detectar isto", acrescentou Hoogman.

Outros estudos anteriores, que vinculam as mudanças no volume do cérebro com o TDAH, eram muito pequenos para ser conclusivos, afirmou.

Nestas quinta (7) e sexta-feira (8), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) recebe um ciclo de palestras acerca do tema “Abordagem multidisciplinar em pacientes com autismo, déficit de atenção e hiperatividade”. O evento é uma realização de vários diretórios acadêmicos de cursos da instituição de ensino.

O intuito é promover a troca de experiências entre estudantes e profissionais, por meio de discussões e informações. Para realizar a inscrição, é necessário depositar o valor de R$ 10 na conta de Anderson de Melo Costa (Banco do Brasil, agência 3613-7, conta 14.661-7). Também deve ser preenchida a ficha de inscrição, além de escanear o comprovante de depósito e enviar para o e-mail edffito@gmail.com, e, no primeiro dia do ciclo, também deve ser entregue um quilo de alimento não perecível.

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Todas as atividades serão realizadas no Centro de Ciências da Saúde (CCS), do Campus Recife da UFPE. A unidade fica na Avenida Professor Moraes Rego, 1235, no bairro da Cidade Universitária, na Zona Oeste da cidade. Veja abaixo a programação do ciclo de palestras.

Amanhã (7)

8h-12h: Credenciamento e abertura

14h-17h: Importância da multidisciplinaridade

Sexta-feira (8)

8h-12h: Autismo – crianças e adolescentes

14h-16h: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

16h-17h: Encerramento: depoimentos

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Nesta semana, o Opinião Brasil traz um debate sobre o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. O jornalista Thiago Graf recebe as psicólogas Márcia Nery (CRP 02/6322) e Ana Flávia (CRP 02/16229).

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Durante a conversa, Márcia Nery fala sobre o diagnóstico, que precisa ser dado por um médico e não por um psicólogo. Em casos de déficit de atenção, os medicamentos e a terapia são prescritos para que danos maiores não sejam causados aos pacientes. A psicóloga ainda comenta que, no caso dos adultos, é notável a presença do transtorno. “Chegar atrasado, não conseguir manter o horário, nem relacionamentos podem ser alguns dos hábitos”, exemplifica.

Já Ana Flávia explica o que é a hiperatividade, um comportamento que pode ser diagnosticado dos sete aos 12 anos. A psicóloga fala que existem pontos positivos para quem tem o déficit de atenção. “Quem tem hiperatividade pode fazer várias coisas ao mesmo tempo, além de não se cansar com muita facilidade”, comenta.

O Opinião Brasil é produzido pela TV LeiaJá e toda segunda-feira você confere um novo programa aqui, no portal LeiaJa.com.

Algumas décadas atrás, uma criança agitada, com baixo rendimento na escola, facilmente era tratada como um jovem preguiçoso e levado. Hoje, anos depois, sabemos o nome desse possível distúrbio, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou simplesmente o TDAH.

Com muita pesquisa, a ciência associada à pedagogia e psicologia já são capazes de determinar, depois de uma bateria de exames e investigação multidisciplinar, familiar e de rendimento das crianças, se um jovem possui esse transtorno hereditário. 

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Os traços mais comuns são a dificuldade de focar e realizar alguma atividade, a inquietude ou falta de motivação para realizar algumas atividades. Esses sintomas podem determinar o déficit de atenção, que mais comumente vem associado à hiperatividade.

A psicóloga paulista Juliana Duarte, especialista em musicoterapia, lembra que é preciso uma avaliação detalhada de uma série de profissionais para estabelecer se de fato uma criança tem ou não algum transtorno. “Crianças são naturalmente mais ativas. O que não é normal é o excesso de comportamentos que outras crianças não demonstram, como impulsividade, problemas de concentração e de relacionamento”, destaca.

Quando diagnosticado, em média aos cinco anos de idade, uma das primeiras dúvidas dos pais é onde devem colocar a criança para estudar. “Muitos pais nem imaginam a forma correta de lidar com isso, pensam que o filho precisa de uma escola especial, quando na verdade esse seria o pior caminho”, afirma Rejane Maia, diretora pedagógica do Colégio Apoio.

O melhor caminho é a inclusão. Estima-se que em média 6% da população possui esse distúrbio. Segundo Rejane, crianças com TDAH precisam conviver no meio mais normal possível. A escola tem que ser comum, contudo, com uma proposta de ensino diferenciada. “É preciso incluir no ensino atividades diferenciadas que gerem recompensas imediatas para esses alunos”, comenta Rejane, que lembra o quão necessário é incluir músicas, vídeos e atividades enérgicas durante as aulas.

A diferença na falta desse material é que a informação chega ao estudante, mas ele não consegue focar e seguir naquilo que lhe foi mostrado. “Sem uma escola com uma boa proposta não é possível esse aluno ter sucesso”, afirma a psicóloga Juliana.

Os pais ainda precisam de um auxílio profissional para lhes indicar a melhor forma de ajudar os filhos. Segundo a psicóloga, não é incomum durante avaliações dos filhos os pais descobrirem que um deles sofre desde a infância de TDAH. “Isso já aconteceu várias vezes. Quando eu falo os sintomas, alguns pais se identificam e acabam descobrindo que sofrem do mesmo problema dos filhos”, comenta Juliana.

O tratamento é feito com uso contínuo de medicação, que deve ser específico para cada caso. No Brasil, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção recebe e orienta portadores do transtorno e sugere como prosseguir com o tratamento.

Não é a primeira vez que alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade-(TDHA) não recebem tratamento especial das Escolas. Em Recife houve um caso a uns 04 anos de um aluno do Colégio de Aplicação. As instituições de ensino não podem omitirem seu papel pedagógico para essas situações diferenciadas.

Este é o entendimento também da 4ª Turma Cível do Distrito Federal, que manteve a decisão da 2ª Vara Cível de Ceilândia de condenar uma instituição de ensino por não adequar-se às necessidades especiais de um aluno que possuía hiperatividade

O juiz tomou como base o artigo 227 da Constituição Federal:

"É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".

De acordo com a ação, em 2006, a criança foi diagnosticada com TDHA. Em decorrência da doença, observou-se que houve prejuízos em seu rendimento escolar. Para tanto, os pais do aluno solicitaram um modelo pedagógico diferenciado, o que não foi empregado adequadamente pelo colégio.

Esta decisão do TJDF é um precedente importante para as famílias dos alunos com TDHA.

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