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Basta abrir as redes sociais para se deparar com vários relatos de pessoas que dizem sofrer transtornos psiquiátricos. Parece que nossos amigos e familiares foram atingidos por uma onda de depressão, TDAH e crises de ansiedade depois de ver vídeos no Youtube, podcasts e publicações.

Essa tendência expõe mais um prejuízo do exagero de informações ao qual somos submetidos em uma rotina debruçada sobre telas. O presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o doutor em Neuropsiquiatria Leonardo Machado, alertou para os perigos de substituir a psicoterapia por dicas no Instagram.

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"Quando você pega informações da internet, elas nem sempre são passadas de maneira correta. Nem sempre são profissionais, às vezes são pessoas que têm o diagnóstico e vão fazer algum comentário sobre. Além de a pessoa se identificar, ela pode supervalorizar alguns pontos e, eventualmente, pegar informações equivocadas", destacou Leonardo.

Dificuldade na produção de laudos

O especialista mencionou que a 'moda' do autodiagnóstico também se deve à dificuldade de produzir laudos psiquiátricos por sua característica dimensional. Nesse sentido, faltam exames com marcadores biológicos para ajudar a definir o quadro do paciente, como ocorre com a tuberculose e a gripe, por exemplo.

Como os transtornos primários partem de características comuns - como a procrastinação -, os diagnósticos só são cravados após a avaliação da intensidade, da persistência e do impactos dos sintomas na vida do paciente.

As pessoas que queimam as etapas do tratamento acabam submersas em um campo do conhecimento que não dominam e, geralmente, passam a se enxergar com uma condição mais grave do que realmente é. 

"Isso acontece até com estudante de medicina quando está aprendendo psiquiatria", citou o neuropsiquiatria.

Normalização do debate

Apesar da banalização do assunto, por outro lado, a abordagem recorrente do tema  vem ampliando o debate entre os jovens, saiu das redes sociais, e, aos poucos, vem quebrando o preconceito entre os mais velhos.

"Eu percebo a procura de ajuda em todas as faixas etárias a partir de informações que viram na internet. Eu acho que isso é muito bom. É diferente quando a pessoa pensa que tem porque viu na internet, mas procurou ajuda e fica aberta a uma avaliação, do que quando ela fecha o diagnóstico e pronto", observou. 

Mesmo mostrando uma vida cheia de luxos, os famosos também sofrem com transtornos psicológicos que podem atrapalhar suas rotinas. E alguns deles acabam usando as redes sociais para compartilharem os altos e baixos que vivem com os seguidores.

Nesta sexta-feira, dia 28, quem abriu o coração foi Bianca Andrade. Através do Instagram, a ex-BBB disse que sofre com TDAH, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, um distúrbio que causa falta de atenção, impulsividade e inquietação.

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Por conta disso, Bianca confessou que gosta de manter uma rotina cheia de disciplina. Assim, ela consegue organizar tudo que tem para fazer em um dia, e não deixa nada de fora.

Entretanto, ela lembrou os seguidores que nem todos os dias vão ser perfeitos, já que não é sempre que dá conta de tudo que planejou fazer. Mesmo assim, Boca Rosa disse que gosta de marcar o que já fez para se sentir realizada e produtiva.

Fatos sobre mim: eu gosto muito de disciplina! Dormir cedo, acordar antes de todo mundo, ter meu tempo para ler, estudar, ter tempo de qualidade com meu filho, treinar todo dia, comer saudável, trabalhar com inteligência e estratégia. Nem sempre consigo dar conta de tudo, até porque, o TDAH me atrapalha bastante, mas eu gosto muito de dar vários checks no meu dia, me faz um bem danado.

Pessoas neurodivergentes, que possuem funcionamento neurocognitivo atípico, como as diagnosticadas com TDAH, TEA e dislexia, comumente, enfrentam muitas barreiras no convívio social. Alguns desses entraves estão no ambiente escolar: faltam profissionais especializados, material pedagógico específico, programa de ensino personalizado.

Enxergando essas deficiências e em cumprimento ao princípio da isonomia, expresso na Constituição Federal, que diz que os desiguais devem ser tratados na medida de suas desigualdades, o deputado estadual Gilmar Júnior (PV) publicou dois projetos de lei. O PL 772/2023, cria a Política de Educação Inclusiva para atendimento de alunos neurodivergentes e estabelece diretrizes para a implementação de práticas de ensino personalizadas.

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Dentre as exigências: capacitação contínua dos profissionais, atendimento por equipe multidisciplinar e garantia de ensino para jovens e adultos que atingiram a idade adulta sem a devida escolarização.

“É preciso investir na formação da equipe pedagógica e na estrutura da escola para dar conforto e possibilidade de o aluno aprender com qualidade. Isso impacta, diretamente, na autoestima dele, na inclusão social e torna a experiência escolar prazerosa e produtiva. É preciso fornecer todas as ferramentas para que a pessoa com neurodivergência tenha mais chances de se tornar independente”, pontuou Gilmar Júnior.

Já o PL 778/2023 cria a Política de Atenção Integral e Diagnóstico às Pessoas Neurodivergentes na rede pública, para acompanhar, integralmente, o paciente. Os atendimentos especializados devem ser oferecidos na unidade de saúde mais próxima da residência do paciente.

“Essa política é bem ampla, porque objetiva acompanhar, com eficiência e agilidade, os casos confirmados ou suspeitos. Os familiares do paciente também são beneficiados pelo projeto, recebendo assistência psicológica, quando necessário. O universo da neurodiversidade precisa de soluções diferentes para as mais diversas e específicas necessidades. É preciso encarar a questão e agir nas lacunas e fragilidades da prestação dos serviços de saúde e educação”, concluiu o deputado.

*Da assessoria 

O Ministério da Saúde indica que, pelo menos, dois milhões de brasileiros convivam com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Cerca de 3% a 5% das crianças em todo o mundo já foram diagnosticadas com o transtorno, que é genético e não tem cura. Durante a pandemia, o debate acerca dos transtornos mentais e síndromes foi acalorado, já que as tensões sociais e econômicas têm grande impacto na saúde mental da população e um “boom” de novos diagnósticos surgiu. 

Nas redes sociais, o burnout (nome mais popular da Síndrome do Esgotamento Profissional) foi o centro de muitos relatos de fadiga, desatenção, ansiedade e sintomas de cunho psicossomático no geral. Esses mesmos sintomas, também associados à depressão, transtorno borderline, entre outros, são parte da rotina de vários dos pacientes com TDAH. A confusão entre os sinais é comum e muitas pessoas não têm ciência de que esses transtornos dialogam dentro de cada sistema e podem, inclusive, serem os provocadores uns dos outros. 

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Na maioria dos casos, o TDAH é melhor tratado com uma combinação de terapia comportamental e medicação. Para crianças em idade pré-escolar (4-5 anos de idade) com TDAH, a terapia comportamental, particularmente o treinamento para os pais, é recomendada como a primeira linha de tratamento antes que a medicação seja tentada. 

O que funciona melhor pode depender da criança e da família. Bons planos de tratamento incluirão monitoramento próximo, acompanhamentos e mudanças, se necessário, ao longo do caminho. Reconhecer o problema e se permitir ser ajudado, porém, é o primeiro grande passo. 

“Busque ajuda. Não é nada demais, você não tem culpa. Nasceu desta forma e a gente sabe que é genético. Buscar ajuda não é ser diminuído, pelo contrário, é mostrar que você é uma pessoa bem-informada e que conhece seu sistema e as mudanças de comportamento. Sempre que preciso, busque um profissional especializado, que tenha as ferramentas e o conhecimento necessários para lhe ajudar nesse momento. O ser humano não é engessado e nem uma ciência exata”, é o que diz o neuropsicólogo Carol Costa, entrevistado pelo LeiaJá. 

Confira a entrevista completa 

— Carol Costa Júnior, neuropsicólogo e coordenador do setor de psicologia do Sistema Hapvida em Pernambuco

LeiaJá: O que é ou o que causa o TDAH? Há mais de um tipo desse transtorno? 

CC: O TDAH é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e é genético, as pessoas já nascem com ele. O que as pesquisas indicam é que é genético. Ele provoca alterações físicas e estruturais no cérebro. Sabe-se, de forma muito recente, que o córtex pré-frontal de pessoas que têm o TDAH é um pouco menor do que o tamanho normal. Essa área é responsável pelo sistema inibitório, personalidade, ação, tomada de decisões.  

É um transtorno que afeta a vida da pessoa como um todo. As crianças são mais agitadas que o normal, que não param de falar, se movimentam e falam o tempo todo. Também causa transtornos funcionais sociais, porque muitas vezes só eles falam e têm a vez, e isso para o grande grupo é complicado, pois gera uma estigmatização [das pessoas com TDAH]. 

Temos o TDAH em crianças com predominância do TDA - o déficit de atenção; crianças desatentas, que não conseguem focar e se distraem com facilidade. E tem também as com foco em hiperatividade, as crianças mais agitadas. Os níveis são leve, moderado e severo. Também temos o Transtorno Hipercinético, que se encaixa na condição do TDAH. São formas diferenciadas de apresentação do transtorno. 

LeiaJá: Especialmente durante a pandemia, surgiram muitos relatos e “memes” de pessoas se perguntando: “tenho TDAH, burnout ou depressão?”, e as discussões apontaram para a similaridade entre os sinais de cada um. Essa impressão é verídica? 

CC: Em alguns momentos, os transtornos se fundem. Muitas vezes um é comorbidade do outro. Por exemplo, o espectro autista (TEA), muitas vezes, tem o TDAH como comorbidade. O TDAH pode até se fundir com a depressão. Por quê? Essa criança, ao longo da vida, ela é muito agitada, fala muito e conforme cresce e tem contato com os pares, percebe que as pessoas começam a se afastar dela. Como jovem, passa a ter depressão. Muita gente diz que o TDAH some, mas não é verdade, a pessoa que começa a controlá-lo para não ser banida do convívio social. Muitos também desenvolvem a depressão e a ansiedade por não conseguirem manter o foco, por terem baixo rendimento escolar, embora sejam os mais inteligentes. Tudo isso [os sintomas] é muito próximo. Essas pessoas também têm dificuldade de fixar informações, são muito esquecidas, têm dificuldade de socialização, o que pode se confundir com a ansiedade e com o burnout. 

LeiaJá: Como diferenciar transtornos cujos traços comportamentais e sintomas são parecidos? 

CC: Por isso é necessária uma equipe multidisciplinar. Profissionais especializados para intervir e identificar com segurança e ética onde esse indivíduo está inserido. Para isto, existem algumas escalas de avaliação, testes e questionários, pelos quais conseguimos perceber. Não são transtornos que se percebem através de exames ou de imagens. Todo o diagnóstico é comportamental e observacional-clínico. Logo, são entrevistas com os pais, entrevistas com o paciente e observações do paciente em determinadas situações. Assim, a equipe multidisciplinar chega ao diagnóstico. Em alguns casos, será preciso a intervenção medicamentosa. Há casos de TDAH que precisam, para que as terapias aconteçam, do tratamento medicamentoso, feito com psicofármacos para que a pessoa foque, fique mais atenta, e possa ter uma vida mais funcional. 

LeiaJá: Quem pode fazer o diagnóstico do TDAH? 

CC: O diagnóstico é feito pela equipe multidisciplinar. São parte dessa equipe terapeutas, neurologistas, psiquiatras infantis, neuropediatras, psicólogos, neuropsicólogos, psicopedagogos, professores, médicos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, neuroeducadores. Todos esses estão aptos a identificar o indivíduo com o TDAH. O tratamento é através de sessões terapêuticas que trabalham foco, atenção e memória, também com auxílio do tratamento medicamentoso. 

LeiaJá: Qual o grupo (idade, gênero) mais afetado pelo TDAH? 

CC: O TDAH se percebe na infância, geralmente na idade escolar. A prevalência maior é em meninos, mas aí existe uma discussão: será que a prevalência do TDAH é mesmo maior em meninos ou a menina sente um peso social de se manter mais comedida, mais recatada, culturalmente falando? Isso já é base de algumas pesquisas, mas estatisticamente, a prevalência maior é em meninos; os transtornos no geral, as neuropatologias, surgem mais em meninos. Na fase da alfabetização o transtorno costuma ficar mais evidente, por conta da desatenção. O TDAH segue ao longo da vida; não tem cura, mas tem tratamento. 

LeiaJá: O TDAH ainda é um transtorno desconhecido e/ou negligenciado? 

CC: Antigamente tínhamos o menino "danado", agitado, o "burro da sala", a criança que não aprende nada. Esse era o TDAH da época. Isso mudou através da expansão da neurociência comportamental e da psicologia, que ganharam força analisando padrões de comportamento e buscando evidências. Temos uma metodologia para isso. Hoje há um entendimento do que é essa desatenção. Não existe mais o menino burro, mas o que precisa de uma metodologia adaptada. Temos aí os Planos Educacionais Individuais (PEIs), profissionais voltados ao atendimento dessa demanda. É uma dificuldade no aprendizado, mas não é limitante. Cada vez mais as pessoas estão buscando informações e hoje conseguimos ter uma visão um pouco maior. 

 

O governo brasileiro aprovou um documento com critérios de diagnóstico, tratamento e mecanismos de regulação, controle e avaliação do transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).

O protocolo do Ministério da Saúde foi publicado na edição dessa quarta-feira (3) do Diário Oficial da União. Dados da Organização Mundial da Saúde estimam que o transtorno acomete 3% da população mundial.

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Segundo o ministério, o transtorno é considerado uma condição do neurodesenvolvimento, caracterizada por uma tríade de sintomas envolvendo desatenção, hiperatividade e impulsividade em um nível exacerbado e disfuncional para a idade. Os sintomas começam na infância, podendo persistir ao longo de toda a vida.

“As dificuldades, muitas vezes, só se tornam evidentes a partir do momento em que as responsabilidades e a independência se tornam maiores, como quando a criança começa a ser avaliada no contexto escolar ou quando precisa se organizar para alguma atividade ou tarefa sem a supervisão dos pais”, ressaltou a pasta.

Diagnóstico tardio

Embora o TDAH seja frequentemente diagnosticado durante a infância, o Ministério da Saúde alertou ainda que não é raro o diagnóstico ser feito posteriormente. Ele deve ser realizado por um médico psiquiatra, pediatra ou outro profissional de saúde como neurologista ou neuropediatra.

A Lei 14.420, de 2020, publicada no da última quarta-feira (20), prevê que a Semana Nacional de Conscientização sobre o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) deverá ser realizada no período que abrange o dia 1º de agosto de cada ano. 

 O objetivo é conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico e do tratamento precoce do transtorno. A norma teve origem no PL 4.254/2019, aprovado no Plenário em 28 de junho, sob a relatoria da senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que é médica. 

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No parecer, Zenaide destaca que o TDAH não é uma doença, portanto, não existe cura para solucioná-lo. A relatora apontou que, com diagnóstico e tratamento apropriado, é possível que as pessoas que apresentam TDAH tenham um rendimento adequado e uma boa qualidade de vida. Conforme estudos recentes, acrescentou Zenaide, o tratamento precoce é o ponto chave para que a vida daqueles que têm o transtorno seja mais saudável, produtiva e com mais qualidade 

 "O diagnóstico e o tratamento precoces são imprescindíveis para a escolha da melhor estratégia a ser adotada em cada caso", registrou a senadora.   

TDAH

Segundo a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. O TDAH se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Também segundo a entidade, é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados: ocorre em 3 a 5% das crianças. Em mais da metade dos casos, o transtorno segue na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos .

*Da Agência Senado

O Projeto de Lei 2630/21, do deputado Capitão Fábio Abreu (PL-PI), cria a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Conforme a proposta, a pessoa com TDAH é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais. 

São diretrizes da política nacional, conforme o projeto: 

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a intersetorialidade no cuidado à pessoa com TDAH; a participação de pessoas com TDAH na formulação, execução e avaliação de políticas públicas; a atenção integral à saúde da pessoa com TDAH, objetivando o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional e o acesso ao tratamento, conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas publicadas pela autoridade competente; o incentivo à formação e à capacitação de profissionais especializados no atendimento à pessoa com TDAH; o estímulo à educação em ambiente inclusivo, com a utilização de recursos pedagógicos especiais sempre que necessário; a inserção da pessoa com TDAH no mercado de trabalho formal, observadas as especificidades da deficiência; a responsabilidade do poder público quanto à informação pública relativa ao transtorno e suas implicações; o estímulo à pesquisa científica.

A proposta estabelece também os direitos da pessoa com TDAH: 

a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer; a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração; o acesso a ações e serviços de saúde, conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas publicadas pela autoridade competente; educação e ensino profissionalizante; emprego adequado à sua condição; moradia, inclusive em residência protegida; previdência e assistência social. Conforme o projeto, a pessoa com TDAH não será impedida de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência. 

Além disso, o dirigente do estabelecimento de ensino que recusar a matrícula de aluno com TDAH será punido com multa de 3 a 20 salários mínimos. Parágrafo único. Em caso de reincidência, se servidor público, perderá o cargo caso comprovada a ocorrência do fato em processo administrativo disciplinar.

  “O objetivo deste projeto de lei é assegurar às pessoas com TDAH os mesmos direitos já garantidos às pessoas com Transtorno do Espectro Autista. Ambas são classificadas como transtornos dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, uma vez que se manifestam precocemente na vida da criança e causam prejuízos no funcionalmente pessoal, social, acadêmico ou profissional”, explicou o deputado Capitão Fábio Abreu. 

“Por serem doenças semelhantes, as deficiências também serão semelhantes e, por consequência, também deverão ser as garantias previstas em lei para permitir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”, acrescentou. 

Definição Considera-se pessoa com TDAH aquela que preenche os critérios da décima revisão da Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), ou a que lhe suceder, ou da quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da American Psychiatric Association (DSM-5).  Tramitação O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Educação; Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência; Seguridade Social e Família; Finanças e Tributação; e Constituição e Justiça e de Cidadania. 

*Da Agência Câmara de Notícias

O Senado Federal sancionou a Lei 14.254, que garante o direito a estudantes com dislexia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), ou outros transtornos de aprendizagem, a terem acompanhamento por período integral. A norma origina do PL 3.517/2019, aprovada no dia 9 de novembro também pelo Senado.

Na nova política, os alunos serão identificados precocemente, sendo encaminhados para diagnóstico e apoio educacional na rede de ensino, aliados a apoio terapêutico especializado na rede de saúde. Segundo a lei, o trabalho deve ser realizado em conjunto, envolvendo as escolas da educação básica das redes públicas e privadas, as famílias e dos serviços de saúde existente. Todos devem garantir o cuidado e proteção dos educandos de forma que permita o pleno desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social dos estudantes.

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A Lei também garante que as necessidades específicas do desenvolvimento de cada estudante serão atendidas pelos profissionais da rede de ensino em parceria com profissionais da rede de saúde. O serviço de saúde será incumbido de realizar um diagnóstico e elaborar um plano e acompanhamento com equipe multidisciplinar. A lei prevê ainda intervenção terapêutica caso seja necessário. Os professores terão acesso a ampla informação, inclusive, quanto aos encaminhamentos que devem ser tomados e a capacitação continuada desses estudantes.

A criadora de conteúdo, Koriny Pessoa, usou as redes sociais, nesta quinta-feira (23), para denunciar a ausência de professora de apoio para o filho, Antônio, de 4 anos, no Centro Educacional Infantil, unidade Gaibu, do município do Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife. Na publicação, a mãe relata que este seria o primeiro dia de aula do filho, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

"Hoje foi o seu primeiro dia de aula na rede pública. E o que parecia ser mais uma conquista, teve mais um obstáculo. Hoje, tivemos uma péssima notícia, que o Antônio não poderia mais frequentar as aulas, pois, a professora que ficaria dando apoio educacional não tinha", escreveu Koriny. Confira a publicação:

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Em entrevista ao LeiaJá, ela conta que no ato da matrícula foi garantido o acompanhamento especializado e que alguns dias antes do retorno das aulas presenciais, a professora adjunta "do nada ela saiu do grupo da sala", relata. "Ela me dava muito apoio pedagógico, de como eu poderia orientar ele, porque as aulas eram remotas e antes, quinze dias antes, das aulas presenciais começarem, tiraram ela". 

De acordo com a criadora de conteúdo, durante o primeiro dia de aula de Antônio, ele foi acompanhado pela diretora da instituição de ensino. "Quando eu cheguei lá, ela (diretora) relatou que eu não poderia levar mais meu filho porque não tinha esse serviço pra ele e eu fiquei assustada. Ela me mostrou todas as conversas que teve com a Secretaria de Educação, com as pessoas de lá. Falei que eu iria entrar em contato com as pessoas da educação porque poderia deixar as coisas assim", desabafa.

Ao LeiaJá, Koriny afirmou que a Secretaria Municipal de Educação foi contactada tanto por ela quanto pela diretora da unidade, entretanto, não deram prazo para a chegada de uma nova educadora de apoio. "É importante para o meu filho, não só para o meu filho, mas para muitas crianças com autismo, terem um acompanhamento pedagógico focado na criança. Então, quando você tem uma professora que é focada só nele para direcionar nisso, ele consegue acompanhar a turma, as outras crianças", aponta.

Em nota, a Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho afirmou que as contratações são feitas mensalmente e que novos profissionais estão sendo recrutados para preencher as vacâncias na volta às aulas presenciais. Confira a nota:

"A Prefeitura do Cabo esclarece que a educação inclusiva é uma das prioridade da gestão municipal e a Rede Municipal de Ensino conta com 394 professores de apoio, sendo 135 destes contratações feitas em agosto para o retorno às aulas presenciais. Com a volta no início de setembro, novas demandas surgem todos os dias e a contratação de novos profissionais é feita de acordo com o levantamento mensal feito pela Secretaria Municipal de Educação. Mais contratações já estão sendo programadas para sanar as lacunas durante o processo de retorno das aulas presenciais."

A Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da Escola de Música da UFPA (OIV-EMUFPA) foi criada em 2018 com o objetivo de dar oportunidade aos alunos egressos de violoncelo da EMUFPA de participarem de um grupo musical semiprofissional. A iniciativa também teve a finalidade de compor a grade curricular do Curso de Especialização em Violoncelo, ministrado pelo professor Áureo DeFreitas, doutor em Educação Musical e coordenador da orquestra.

A Orquestra Inclusiva de violoncelo visa, principalmente, atender aos alunos egressos com autismo, déficit de atenção com hiperatividade/impulsividade e dislexia, assim como os alunos neurotípicos (pessoas sem o transtorno do desenvolvimento) que fazem parte da Orquestra de Violoncelistas da Amazônia - OVA. Outros alunos egressos que tocam guitarra elétrica, baixo elétrico, teclado e bateria também participam do grupo, quando convidados.

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O professor Áureo DeFreitas destaca que as pessoas com TDAH em um grupo musical, como a Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da EMUFPA, devem estar sempre envolvidas com as atividades. Segundo ele, a coordenação da orquestra mantém os músicos ocupados o máximo possível. “Ressalto que essa ocupação designada a cada músico com TEA (Transtorno do Espectro Autista) ou TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) deve condizer com a sua capacidade de executar a atividade. Nesse caso, é de extrema importância a adaptação do repertório musical”, diz Áureo.

Áureo DeFreitas explica como a música é utilizada no projeto: “Sempre uso duas estratégias básicas: (a) mantenho-os ocupados o máximo possível tocando o violoncelo e (b) tento identificar todas as habilidades técnico-musicais voltadas ao violoncelo que eles dominam. Com essas duas estratégias, eu apenas insiro um repertório adaptado, mas não facilitado, que visa à inclusão social no contexto da proposta musical”.

Com a pandemia da covid-19, as atividades presenciais foram paralisadas. A coordenação da Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da EMUFPA realizou atividades on-line. “Como estratégia, usei a Orquestra de Violoncelistas da Amazônia (OVA) como método motivador para tentar manter os músicos da Orquestra Inclusiva de Violoncelistas da EMUFPA. Em 2020, realizamos duas lives musicais para motivá-los. Foi muito difícil, porque veio à tona a desigualdade social existente entre os integrantes. Muitos não tinham os acessórios necessários para uma transmissão on-line satisfatória. De fato, não tinham recursos financeiros para se manterem em atividade”, conta o professor Áureo DeFreitas sobre as dificuldades no contexto pandêmico.

Por Alana Bazia.

Estudantes sofrem com falta de atenção nos estudos. Foto: Pixabay

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Quando o seu pai assumiu a responsabilidade de possibilitar estrutura, qualificação e o tempo necessário de preparação para concursos públicos, *Katarina Santos, 23, inicialmente, adorou a oportunidade. Recém-formada em um curso de nível superior, a jovem abriu mão de investir em um empreendimento para agarrar a chance dada pelo pai e dedicar-se aos livros e vídeo aulas. Seu sonho é ingressar em uma carreira pública, de preferência na sua área de atuação profissional. 

A oportunidade dada pelo pai, no entanto, tornou-se um dilema para Katarina. Desde fevereiro deste ano, ela tenta estudar em casa para processos seletivos federais, mas sofre de falta de concentração. Ansiedade e a própria pressão imposta pela família, cujo discurso geralmente é repleto de cobranças para que a jovem dedique total atenção aos estudos, são situações que também a incomodam, além de distrações que a impedem de se concentrar.

Segundo a Organização Mundical da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas com algum tipo de transtorno de ansiedade. O levantamento aponta que 9,3% da população sofre com o malefício, correspondendo a 18 milhões de brasileiros.

Katarina, ao ser questionada por que não consegue concentrar-se, é incisiva na resposta: “Por causa da minha mente ansiosa e da falta de disciplina”. A estudante também aponta situações que atrapalham a rotina de estudos. “Estudar em casa, com o celular ao lado, por mais que esteja no silencioso. Estudar sabendo que tenho algum compromisso ou problemas a resolver”, detalha a jovem. 

Para Katarina, está claro que ela não criará uma rotina inteligente de estudos em sua residência. “Não vou conseguir em casa, por ‘N’ fatores. Um deles é minha mãe, que acha que só pelo fato de eu estar em casa, estou sempre disponível, ou seja, me atrapalha sempre. Eu preciso estudar fora de casa, não necessariamente fazer um curso. Uma biblioteca ou sala de estudos já ajudam bastante; é até mais motivador”, desabafa.

*Nome fictício. A entrevistada preferiu preservar a sua identidade.  

Passos que levam à concentração 

Com mais de dez anos de experiência em aulas para concursos públicos e Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o professor de português Tiago Xavier acompanha a rotina de estudantes afetados pela falta de concentração. Segundo o educador, estudar em casa, de fato, é tarefa difícil. Nas residências, diversas situações podem tirar o foco dos estudos. 

Professor Tiago Xavier soma mais de dez anos de experiência em ensino. Foto: Nathan Santos/LeiaJáImagens

“Converso bastante com os alunos e noto que a maior reclamação deles é que em casa dispersam por qualquer coisa. Por vários motivos: o cara está estudando no quarto dele, mas ele é casado, e se é casado tem a esposa e filhos. E se ele está em casa, sempre alguém vai chamar para fazer alguma tarefa. Tem cachorro, o cão late, o cara dispersa. Qualquer detalhe, barulho de televisão ou de alguém que está conversando, faz o estudante perder a concentração”, explica Xavier. 

De acordo com o professor, no universo dos preparatórios para concursos públicos, existem dois tipos de candidatos. Ambos estão sujeitos a perder o foco. Há o aluno que estuda para concurso de maneira eventual. “Saiu o edital agora e assim ele começa a estudar”, comenta o educador, complementando que esse tipo de estudante, geralmente, não inicia os estudos antes da publicação do edital.

Outro perfil de estudante é o concurseiro. Ele começa a se preparar antes mesmo da publicação do edital. “É o cara que já vem há seis, sete meses, um ano, dois anos estudando para um concurso. Ele já está habituado com os tipos de banca e está esperando um concurso que nem o edital saiu ainda. Eu considero o tempo de quatro a cinco meses para o aluno estudar tranquilamente”, comenta Xavier. Nas duas situações, os candidatos devem seguir passos que os ajudem a manter o foco nos livros. 

Um desses passos, segundo Tiago Xavier, é cuidar do ambiente físico onde os estudos serão realizados. “O ambiente físico influencia muito. Iluminação, o som, acho que isso influencia bastante. É indicado um local iluminado, sem som externo, com clima agradável”, orienta o docente. 

Não é indicado que os candidatos estudem deitados. Tiago Xavier alerta: “Tem gente que estuda deitado já esperando dormir. Estudar é estudar e dormir é dormir! Para mim, obrigatoriamente, o concurseiro precisa ter um birô, com cadeira confortável, para estar sentado e estudando. Não existe o concurseiro que vai estudar deitado. Cama não é ambiente adequado para estudo”. 

Ainda de acordo com o professor de português, a utilização das redes sociais tem lados positivos e negativos. Como benefícios, estão vídeo aulas, questões, dicas curtas, entre outros conteúdos educativos disponibilizados na internet que podem ajudar candidatos a concursos e ao Enem. Em outra esfera, dedicar horas a ferramentas como Instagram e Facebook sem fins de estudo atrapalha muito os concurseiros.  

Até a forma como o aluno escreve no caderno os conteúdos dados pelos professores pode atrapalhar a compreensão das dicas. “Algo que faz o candidato se perder é a desorganização. Quando estou dando aula e escrevo no quadro, utilizo três cores de piloto. Muitas vezes o aluno escreve de maneira desorganizada”, explica o professor de português. Segundo ele, o aluno precisa escrever organizadamente, com as frases ordenadas conforme o professor colocou no quadro e, se possível, ainda deve escrever o texto com cores diferentes para facilitar a leitura. 

Questionado sobre se é melhor estudar em casa ou acompanhado por um professor em um preparatório, Xavier afirma que isso vai variar conforme o perfil de cada estudante. No entanto, independente do perfil do candidato, se ele está em um curso ou em casa, existe uma lista de atitudes que podem contribuir para a concentração nos estudos. Veja no vídeo do professor Tiago Xavier: 

 

Cronograma é essencial 

Segundo o coordenador pedagógico do preparatório para concursos ‘Nuce’, situado no Recife, Breno Ralino, estabelecer um cronograma de estudos, com horários e disciplinas bem detalhados, é algo primordial para qualquer estudante. Ralino também orienta que os candidatos realizem revisões após assistirem suas aulas. 

“Tem que exercitar o que viu na aula anterior. Sempre enfatizo esses exercícios. Em casa, os alunos geralmente fazem o cronograma com mais de uma disciplina. É importante ter a teoria e resolver bastante questões”, reforça o coordenador pedagógico. 

Em entrevista ao LeiaJá, Ralino montou um cronograma básico de estudos. Ele explica cada detalhe no vídeo a seguir: 

Aporte psicológico por um estudo focado

De acordo com o psicólogo e professor de geografia Dino Rangel, existem vários aspectos que levam um estudante a perder concentração durante os estudos. Um deles é o foco. Segundo o especialista, o foco deve estar atrelado a algo que o candidato tem vontade de fazer. Se não há esse desejo, dificilmente ele terá concentração 

“Muitas vezes, aquilo que chama atenção da gente é aquilo que nós objetivamos. Aquilo que não interessa muito não nos chama atenção. Então, o concurseiro, muitas vezes, pode não ter atenção devida para uma questão da ordem do desejo de ser. Se é algo que o estudante deseja fazer, que ele sonha fazer, naturalmente isso pode levá-lo a ter um foco maior”, explica o psicólogo. 

A questão do ambiente físico para estudos também pode pesar para os candidatos, segundo Rangel.  “Um ambiente conturbado, seja no contexto de som, ou familiares, gera fatores que podem impedir o aluno de ter atenção. Isso pode bloquear o estudante. A estratégia que ele deve buscar é encontrar um ambiente no qual ele se sinta familiarizado. Existem pessoas que rendem mais de madrugada que pela manhã, e aí o candidato precisa focar mais nos estudos, organizar o horário e otimizar o tempo”, comenta. 

Dino Rangel também destaca que existe um fator de ordem psicológica. “Por exemplo, se o estudante tiver traços de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), ele pode estar passando por um problema, como crises de ansiedade e depressão, que são transtornos que podem pesar psicologicamente no humor e pensamento dele, provocando alguma alteração no senso de realidade, no desejo de querer e na motivação”, explana o psicólogo.  

Ainda sobre a questão psicológica, Rangel alerta que distúrbios podem ofuscar a vontade de um indivíduo de estudar. “Se o aluno tem traços de depressão, desmotivação e desânimo, muitas vezes um transtorno depressivo maior, falta de vontade, questão da alimentação e isolamento expressivo podem dificultar a atenção. Se ele passa por uma situação familiar delicada, como cobrança dos pais, isso pode complicar também. Há ainda o problema da falta de planejamento, uma vez que o candidato quer fazer tudo ao mesmo tempo. A psicologia pode auxiliar de forma expressiva, levando esse aluno a uma conscientização de ser. O aluno se conscientiza sabendo aquilo que ele realmente quer. A psicologia ajuda na reflexão da condição na qual o indivíduo se encontra. ‘O que eu estou fazendo é o que eu quero? O que está me atrapalhando a ter atenção? Uma ansiedade, depressão, um transtorno, bipolaridade? É uma questão dos meus pais? É uma questão minha?’. A psicologia vai levar o indivíduo a pensar sobre o que está o atrapalhando de ter a devida atenção”, detalha o especialista, enfatizando que terapias com psicólogos podem ajudar pessoas que sofrem com a falta de concentração. 

LeiaJá também entrevistou o médico psiquiatra Antônio Alvim, membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O especialista, sob o olhar psiquiátrico, explicou como a falta de concentração pode ser considerada um transtorno. Alvim revelou que existe medicação para combater o problema. Confira: 

LJ - No que diz respeito à psiquiatria e à questão clínica, quando a falta de atenção pode ser considerada uma doença?  

AA - A falta de atenção pode ser um sintoma e ela pode estar presente em um quadro de ansiedade muito grande ou presente em uma pessoa que está deprimida, uma pessoa que não dormiu direito na noite anterior. Existe também o quadro da falta de atenção que a gente chama, na medicina, de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que um dos sintomas principais desse transtorno é justamente a dificuldade de prestar atenção.  

LJ - Podemos considerar esse transtorno uma doença? 

AA - Em psiquiatria a gente não usa o termo doença. A gente sabe que ele tem uma base biológica bem estabelecida e tem uma prevalência que é semelhante em vários países do mundo, então, a gente não usa o termo doença, mas sim transtorno. 

LJ - E como esse transtorno age no corpo e na mente da vítimae? 

AA - Ele é marcado por dificuldades em três esferas do comportamento, que é na atenção, na impulsividade e na hiperatividade. Então, é um padrão de comportamento que a pessoa tenha alterações nessas três esferas. Na questão dos estudos, isso vai ser marcado principalmente em forma de desatenção, como dificuldade de prestar atenção, não prestar atenção a detalhes, errar bobeiras, pular questões porque não leu direito. Começar a ler uma questão e de repente ficar “voando”, distraído. 

LJ – O transtorno também está relacionado à questão do estresse, já que algumas pessoas não têm paciência de estudar?  

AA - É importante, justamente, o que a gente usa, em medicina, o termo diagnóstico diferencial, porque, muitas vezes, a impaciência pode ser sintoma de um transtorno de ansiedade, por exemplo, que pode levar à dificuldade de atenção. Mas, por outro lado, a pessoa que começa a estudar ou, às vezes, estuda bastante mas não consegue prestar atenção e aí chega na hora da prova e erra bobeira, porque não conseguiu prestar atenção ou não leu direito, isso pode também levar a um quadro de estresse, porque o indivíduo se dedica e acaba tendo prejuízo ou um desempenho que está aquém do esperado. 

LJ - Quando é notório que a pessoa precisa de acompanhamento psiquiátrico? 

AA - A gente sempre baseia, na psiquiatria, na questão do prejuízo. Mesmo quando a gente tem tristeza, ela faz parte da nossa vida. Quando a pessoa começa a ter uma tristeza muito intensa e muito prejuízo com isso, a gente chama de depressão. E falta de atenção, eventualmente, pode estar presente nas nossas vidas, mas quando ela começa a ficar muito frequente, quando isso começa a trazer prejuízos à vida de uma pessoa, talvez seja a hora de procurar um psiquiatra.  

LJ - O TDAH é um transtorno que o indivíduo já nasce com ele ou se desenvolve ao longo da vida? Como ele age no corpo? Há algum processo químico?  

AA - O TDAH é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, que é algo que está se acontecendo em um cérebro que está se desenvolvendo de maneira diferente. Então, esses sintomas da desatenção já estão presentes desde muito cedo na vida do indivíduo. Muitas vezes é difícil fazer o diagnóstico em crianças muito novas e a maior parte dos diagnósticos é feita a partir do momento que as crianças entram na escola, porque começam a ter mais cobrança. Isso está presente desde cedo na vida da criança. Não é comum que um adulto que nunca teve problemas e, de repente, na véspera de um concurso, diga que está com déficit de atenção. Pode ser outra causa que está levando a essa desatenção e não o TDAH. Hoje, já é bem estabelecido como o transtorno age. Alterações, tanto do ponto de vista anatômico, tanto funcional, em diversas áreas cerebrais, estão relacionadas, por exemplo, à atenção, à impulsividade e à memória.  

LJ - Como a psiquiatria trata o transtorno? Existem medicamentos para falta de atenção?  

AA - A primeira coisa que a gente precisa é de um diagnóstico correto de TDAH. A segunda questão é que existe, sim, tratamento para déficit de atenção. Temos os chamados psicoestimulantes, que são medicamentos muito seguros e bem estudados, e paralelo a isso, acompanhamento com psicoterapia e também exercícios físicos.  

 LJ - O medicamento age com rapidez? 

AA - Sim. O uso dele eu costumo comparar ao uso de um óculos. A pessoa coloca óculos, enxerga, e quando tira o óculos, tem dificuldade de enxergar. O início do efeito da medicação é muito rápido. 

Uma pesquisa desenvolvida por um professor da universidade King's College London, no Reino Unido, apontou que o gênio italiano Leonardo Da Vinci pode ter tido o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

O estudo, que foi publicado pela revista "Brain", foi realizado pelo professor de psiquiatria Marco Catani, da universidade britânica.

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O especialista descobriu que Da Vinci pode ter tido o transtorno através de documentos históricos escritos por biógrafos e contemporâneos do artista italiano.

"Embora seja impossível fazer um diagnóstico pós-morte sobre uma pessoa que viveu há 500 anos, estou convencido de que o TDAH representa a hipótese mais convincente e cientificamente plausível para explicar a dificuldade de Leonardo em terminar seus trabalhos", explicou Catani.

Documentos indicam que Da Vinci passava muito tempo planejando os seus projetos, mas em diversas ocasiões ele não conseguia terminar. Além disso, alguns sinais típicos do TDAH, como inquietação e impulsividade, estão presentes desde a infância do gênio e "persistem por toda a vida", segundo o neuropsiquiatra.

Fontes históricas também descrevem Da Vinci como um homem sempre em movimento e que dormia muito pouco. Ele era capaz de trabalhar dia e noite ininterruptamente com apenas breves cochilos. Relatos de biógrafos também indicam que o italiano mudava muito de emprego.

Além disso, o cientista explicou que Da Vinci apresentava característica comuns de pacientes com déficit de atenção, como ser canhoto, provavelmente disléxico e com o lado direito do cérebro dominante nos processos linguísticos.

"Cinco séculos após sua morte, espero que o caso de Leonardo demonstre como o TDAH não está ligado a um QI baixo ou a uma falta de criatividade. Ele está ligado à dificuldade de capitalizar o talento natural. Espero que o legado de Leonardo nos ajude a mudar o estigma em torno do TDAH", disse Catani.

Da Ansa

Um novo estudo divulgado nesta terça-feira aponta que o uso elevado de tecnologias digitais poderia estar ligado a um aumento "moderado" mas significativo de comportamentos relacionados com o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH).

As descobertas da revista da Associação Médica Americana (Jama) lançam um alerta para os pais sobre o tempo que seus filhos passam em frente às telas.

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As revelações surgem de uma pesquisa realizada em um período de dois anos com cerca de 2.600 adolescentes de Los Angeles, em um dos estudos mais amplos sobre o tema até agora.

Quanto mais participam em redes sociais e chats online, veem vídeos na internet, baixam músicas ou fazem outras atividades do universo digital, os adolescentes são mais propensos a experimentar sintomas de TDAH. Por exemplo, dificuldades para organizar ou fazer tarefas ou problemas para ficar quietos.

Cerca de 10% dos jovens que normalmente usavam estas plataformas mostraram novos sintomas de TDAH durante o período do estudo.

Por outro lado, a porcentagem de estudantes que não faziam atividades digitais com frequência e mostraram sintomas de TDAH foi 4,6%.

Os pesquisadores advertiram que o aumento nos sintomas de TDAH pela exposição digital era "moderado", e que alguns dos efeitos poderiam ser explicados por outros fatores.

Embora não se tenha podido provar que os telefones celulares causaram os transtornos, a pesquisa mostrou "uma associação estatisticamente significativa", disse Adam Leventhal, professor de medicina preventiva e psicologia da Universidade de Southern California.

"Podemos dizer com segurança que os adolescentes que estiveram expostos a maiores níveis de consumo de meios digitais são significativamente mais propensos a desenvolver sintomas de TDAH no futuro", acrescentou.

O cantor Tico Santa Cruz denunciou a escola Escola Carolina Patrício por vetar a matrícula de sua filha na unidade do bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, após saber que a menina sofre de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). De acordo com um relato postado por ele em seu Facebook na última quarta-feira (3), a direção da instituição, que se diz inclusiva, afirmou que não havia vaga na turma em que a menina deveria entrar, mas aceitou a matrícula quando ele ligou fingindo querer matricular outra criança.

No entanto, ao assumir sua identidade, de acordo com ele, a diretora da escola teria voltado a rejeitar a matrícula de sua filha sob a afirmação de que a escola não aceita alunos de outras instituições que precisam repetir o ano letivo. “Não quero ficar parecendo um paranóico, com síndrome de perseguição, mas convenhamos, o que se espera de uma instituição que se diz séria e age de tal forma? A diretora manda recado, diz que não está na escola e depois atende o telefone achando que está falando com outro pai?”, questionou Tico em seu perfil no Facebook. 

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Na mesma postagem, ele também explica que conversou com advogados e sabe que poderia recorrer à justiça para garantir a matrícula da criança, mas que prefere procurar outra instituição. “Consultei especialistas sobre essa questão e todos eles foram categóricos em afirmar que se quisesse entrar com uma medida judicial, em terceira instância - que fosse - a justiça me daria o direito de ingressar com minha filha lá. Mas para que vou insistir em colocar minha filha numa escola onde aparentemente não somos bem vindos?”, questionou ele. 

Por fim, Tico Santa Cruz criticou a postura da escola e a afirmação de que seria uma instituição inclusiva ao mesmo tempo em que, segundo ele, demonstra o contrário. “Fica só o relato aqui para que vocês que venham a pensam em matricular seus filhos nessa ESCOLA, que se diz INCLUSIVA, que na verdade não é bem assim. Eles escolhem quem pode e quem não pode estudar lá, só não ficou claro qual o critério. Seguimos para 2018 ou seria 1718?”, questionou ele. 

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Repercussão 

A postagem teve muitos compartilhamentos e diversos comentários com diferentes opiniões a respeito do caso. Enquanto alguns usuários concordavam com a indignação de Tico diante da rejeição da matrícula, outros apoiavam a posição da escola, afirmando que o fato de ser uma instituição privada torna legítimo aceitar ou não estudantes com base nos critérios que a escola preferir. 

Também houve comentários de outros pais e responsáveis de alunos com deficiência que estudaram na Escola Carolina Patrício e tiveram experiências ruins. Uma usuária afirmou que o cantor deveria estar feliz pela rejeição da matrícula pois sua filha com autismo havia sido mal atendida. Segundo ela, a criança não foi autorizada a frequentar a escola acompanhada da mediadora que a acompanhava e a que a escola disponibilizou não a agradou.

Segundo ela, “minha filha vinha suja de cocô, com migalhas de pão no cabelo e pedaços de galho de árvore nas fezes. Uma vez veio com o dedo cortado e a escola disse que não sabia o que tinha ocorrido. No mesmo dia, as mães das outras crianças me contaram que a minha filha havia se cortado com a tesoura e seus filhos contaram em casa essa história! Então Tico, agradeça todos os dias por sua filha ter sido rejeitada!”, disse a internauta. 

Outra usuária relatou a exclusão de seu filho, que há 30 anos atrás foi aluno da escola, da formatura da alfabetização, popularmente conhecida como formatura do ABC. Segundo ela, “no final do ano distribuíram convites para a formaturinha deles e eu não recebi!Procurei a direção para questionar e fui informada que como ele não gostava de entrar na sala e preferia brincar no parquinho ele não iria a tal formatura”, disse a mãe. 

Também não faltou quem criticasse o cantor por suas posições políticas e dissesse que ele procura escolas públicas para a criança. “Tu não gosta do PT? Coloca sua filha no MARAVILHOSO sistema educacional implantado pelo PT e sua quadrilha há 14 anos”, afirmou uma usuária da rede social que também diz que sua filha e aluna da escola, com atendimento inclusivo e que ambas seriam bem tratadas.

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Com o objetivo de garantir a efetivação da matrícula para o ano letivo de 2013, de um aluno que possui Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) com distúrbio de agressividade, a promotora de Justiça Eleonora Rodrigues recomendou à representante da escola do Sesc de Casa Amarela, na Zona Noroeste do Recife, que não transfira o estudante para outra entidade de ensino.

Segundo documento publicado no Diário Oficial do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) dessa quarta-feira (12), logo após o segundo episódio de agressividade, a instituição sugeriu aos pais do aluno que fizessem a sua transferência porque a escola não teria equipe técnica especializada para atender às necessidades do estudante. Mas a proposta não foi aceita pelos responsáveis.

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Porém, alegar que não dispõe de equipe multidisciplinar que acompanharia o estudante, entretanto, vai de encontro ao que a Constituição Federal estabelece. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, por exemplo, garante o atendimento educacional especializado a pessoas com deficiência na rede regular de ensino (Lei 9.394/1996). Além disso, a constituição também defende a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas com deficiência capazes de se integrar ao sistema regular de ensino (Lei 7.853/1989).

Sendo assim, a declaração da direção da escola não possuiria fundamento legal e, por isso, a representante do MPPE solicitou a instituição que não realize a transferência do estudante e providencie a matrícula do aluno para o próximo ano. A responsável terá ainda que comunicar as medidas adotadas à Promotoria de Justiça, no prazo de dez dias.

Algumas décadas atrás, uma criança agitada, com baixo rendimento na escola, facilmente era tratada como um jovem preguiçoso e levado. Hoje, anos depois, sabemos o nome desse possível distúrbio, o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, ou simplesmente o TDAH.

Com muita pesquisa, a ciência associada à pedagogia e psicologia já são capazes de determinar, depois de uma bateria de exames e investigação multidisciplinar, familiar e de rendimento das crianças, se um jovem possui esse transtorno hereditário. 

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Os traços mais comuns são a dificuldade de focar e realizar alguma atividade, a inquietude ou falta de motivação para realizar algumas atividades. Esses sintomas podem determinar o déficit de atenção, que mais comumente vem associado à hiperatividade.

A psicóloga paulista Juliana Duarte, especialista em musicoterapia, lembra que é preciso uma avaliação detalhada de uma série de profissionais para estabelecer se de fato uma criança tem ou não algum transtorno. “Crianças são naturalmente mais ativas. O que não é normal é o excesso de comportamentos que outras crianças não demonstram, como impulsividade, problemas de concentração e de relacionamento”, destaca.

Quando diagnosticado, em média aos cinco anos de idade, uma das primeiras dúvidas dos pais é onde devem colocar a criança para estudar. “Muitos pais nem imaginam a forma correta de lidar com isso, pensam que o filho precisa de uma escola especial, quando na verdade esse seria o pior caminho”, afirma Rejane Maia, diretora pedagógica do Colégio Apoio.

O melhor caminho é a inclusão. Estima-se que em média 6% da população possui esse distúrbio. Segundo Rejane, crianças com TDAH precisam conviver no meio mais normal possível. A escola tem que ser comum, contudo, com uma proposta de ensino diferenciada. “É preciso incluir no ensino atividades diferenciadas que gerem recompensas imediatas para esses alunos”, comenta Rejane, que lembra o quão necessário é incluir músicas, vídeos e atividades enérgicas durante as aulas.

A diferença na falta desse material é que a informação chega ao estudante, mas ele não consegue focar e seguir naquilo que lhe foi mostrado. “Sem uma escola com uma boa proposta não é possível esse aluno ter sucesso”, afirma a psicóloga Juliana.

Os pais ainda precisam de um auxílio profissional para lhes indicar a melhor forma de ajudar os filhos. Segundo a psicóloga, não é incomum durante avaliações dos filhos os pais descobrirem que um deles sofre desde a infância de TDAH. “Isso já aconteceu várias vezes. Quando eu falo os sintomas, alguns pais se identificam e acabam descobrindo que sofrem do mesmo problema dos filhos”, comenta Juliana.

O tratamento é feito com uso contínuo de medicação, que deve ser específico para cada caso. No Brasil, a Associação Brasileira do Déficit de Atenção recebe e orienta portadores do transtorno e sugere como prosseguir com o tratamento.

Dificuldade em prestar atenção na aula, pouca paciência para estudar, distrair-se facilmente e ficar disperso enquanto o professor explica a matéria. Esse são alguns sinais dados pelos portadores do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e que devem ascender o sinal de alerta dos pais e educadores. 

O TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e pode acompanhar a pessoa por toda a sua vida. E esse é um transtorno mais comum que se imagina. Uma pesquisa realizada pelo psiquiatra brasileiro Guilherme Polanczyk, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, aponta que o TDAH atinge, aproximadamente, 5,29% da população em todo o mundo.

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A maioria dos pais e responsáveis quando recebem o diagnóstico, ficam cheios de perguntas. Uma delas é, devo procurar uma escola especial? Segundo o neurologista Marco Antônio Arruda, especialista em TDAH e diretor do Instituto Glia Cognição e Desenvolvimento de Ribeirão Preto, a resposta é não. A maioria das escolas tem condições de trabalhar em conjunto com o especialista que faz o acompanhamento médico do paciente e com os familiares para colaborar com a superação dos desafios próprios do transtorno.

Ainda segundo Dr. Marco, é fundamental que haja interação entre os pais e a escola, já que o tratamento do TDAH deve ser multidisciplinar, ou seja, uma combinação de acompanhamento médico, psicoterapêutico, orientação aos pais, família e professores, além de técnicas específicas que são ensinadas ao portador para facilitar o dia a dia da criança.

“É indispensável um trabalho conjunto. Todos devem ter conhecimento sobre o transtorno, estar alinhados para planejar e implementar as técnicas e as estratégias de ensino que melhor atendam às necessidades destes alunos. O mais importante é que não haja a exclusão do paciente com o TDAH”, destaca o neurologista.

Manter os tratamentos recomendados é fundamental para o sucesso na escola e em outros ambientes em que a criança conviva. É preciso que os pais sigam as orientações médicas, inclusive o uso de medicamentos, quando necessário. 

Com informações da assessoria de imprensa.

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