Supletivo falso pode ter feito centenas de vítimas em PE

Vítimas só descobriam que certificado de conclusão do ensino médio era falso após tentarem entrar em universidades

por Lorena Barros qua, 03/10/2018 - 11:50
Polícia Civil / Divulgação Dezenas de certificados foram apreendidos pela polícia Polícia Civil / Divulgação

A Polícia Civil divulgou na manhã desta quarta-feira (3) detalhes sobre a prisão de um homem acusado de emitir certificados falsos de ensino supletivo em nome de uma escola da cidade de João Pessoa, na Paraíba. Felipe Ferreira de Carvalho, de 26 anos, aplicava provas para alunos em um empresarial do bairro de São José, no Centro do Recife, e foi preso em flagrante na última terça-feira (2) no momento em que entregava certificados de conclusão a dezenas de pessoas no mesmo empresarial no qual aplicava os exames de supletivo.

A maioria das vítimas do esquema de estelionato comandado por Felipe chegava ao local após receber panfletos distribuídos na rua ou ver informações sobre o curso nas redes sociais. Algumas delas eram do interior do estado. Por meio de conversas no WhatsApp, o rapaz afirmava ao público que a prova era gratuita e, caso o aluno fosse aprovado no teste, pagaria R$ 250 pelo certificado. “O curso era rápido e isso funcionava como um atrativo para o público”, afirmou a delegada adjunta da Delegacia de Estelionato, Viviane Santa Cruz.

O caso foi descoberto após o dono de uma escola em João Pessoa, na Paraíba, procurar uma delegacia da região afirmando que uma série de estudantes chegava ao local questionando a veracidade do documento emitido (sem a permissão dele ou do Ministério da Educação) no Recife. “Alunos foram lá na Paraíba e ligaram após descobrirem que o certificado não funcionava”, conta Santa Cruz. A polícia descobriu, então, que o estelionatário afirmava para as vítimas que o supletivo operado por ele era uma filial da matriz paraibana. 



Felipe Ferreira foi preso em flagrante e encaminhado para audiência de custódia. Com ele, foram apreendidos carimbos, um notebook, um celular, um pendrive, R$ 200, panfletos, mais de 30 certificados preenchidos e prontos para entrega e alguns em branco. A estimativa da polícia é de que centenas de alunos podem estar com documentos falsos sem saber. “Inicialmente, a gente pode imaginar no mínimo 33 vítimas que iriam buscar o certificado no dia, mas ele fazia essa prova todo final de semana, então se ele já estava atuando há alguns meses, provavelmente há mais de 200 vítimas”, afirma a delegada.

O crime de estelionato é passível de um a cinco  anos de prisão. A pena pode aumentar de acordo com a quantidade de alunos que fizerem denúncias à polícia. “A gente espera que mais vítimas nos procurem, porque quanto mais vítimas nos procurarem mais procedimentos vão ocorrer”, afirmou a delegada Viviane Santa Cruz. A instrução dada ao público é de que a procedência dos cursos do tipo seja sempre checada com fontes oficiais. “Antes de se inscrever em qualquer curso supletivo procurar a secretaria de educação de Pernambuco para saber se aquele curso está autorizado. Se não estiver, procure a delegacia”, explica a delegada titular Adriana Oliveira.

O acusado passou por audiência de conciliação e vai responder ao processo em liberdade.

 

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