Existe emprego perfeito?

Especialistas revelam suas respostas e dão dicas para os profissionais que querem bem estar no trabalho

por Marcele Lima dom, 21/07/2019 - 15:47
Pixabay . Pixabay

Desde cedo, as pessoas são “obrigadas” a escolherem uma profissão. A vida escolar é basicamente pautada no futuro universitário, em que é preciso saber, mesmo quando nem há maturidade suficiente para isso, qual será a carreira a se seguir. 

Encontrar o trabalho perfeito pode ser bem mais difícil do que parece. “A idealização de um emprego dos sonhos pode interferir diretamente nos nossos níveis de felicidade. Isso se deve ao fato de que, por acreditar que para sermos felizes precisamos ter uma  vida e emprego perfeitos que nos trará satisfação constante e livre de qualquer dificuldade, ao nos deparamos com a realidade tal idealização gera sentimento de frustração que afeta a nossa experiência de vida como um todo”, afirma a gestora de gente e hospitalidade, Cíntia Tereza. 

Em uma breve pesquisa com pessoas que estão no mesmo ciclo social é possível encontrar diferentes respostas para a mesma pergunta: “Você tem um emprego perfeito”? Sempre vão haver aquelas que amam o que fazem, mas poderiam ganhar mais; as que ganham bem, têm todos os benefícios trabalhistas, mas não atuam na área de formação; os que ganham bem, atuam na área, mas não gostam do ambiente e nem das pessoas. O caminho para o bem estar profissional, segundo os especialistas, é buscar um equilíbrio. 

“Precisamos criar critérios para verificar o atendimento das nossas necessidades. Se há uma satisfação mínima atendida, há um equilíbrio. Diminuir as idealizações e criar expectativas de acordo com a realidade também ajudam. Existem casos de pessoas que sonham muito em trabalhar em uma grande empresa e, quando finalmente conseguem, acabam se decepcionando por conta de toda a expectativa distorcida, que acaba sendo baseada mais em satisfazer aos outros do que a si mesmo”, enfatiza o especialista em gestão estratégica de conflitos, sócia da AlleaoLado, focada em consultoria e coaching para empresas, e coautora do livro “A culpa não é minha”, Allessandra Canuto. 

Ainda segundo Alessandra, profissionais mais felizes são os mais realistas, que conseguem selecionar os pontos positivos em meio às adversidades diárias. “Em qualquer circunstância, pode haver o inaceitável e o inadmissível, problemas impossíveis de contornar, momentos em que precisamos buscar outros caminhos. Não precisamos buscar pontos positivos em uma situação claramente insustentável, mas sim entender que esses momentos são exceção, não regra”, diz a especialista .

Entretanto, nem todas as pessoas possuem esse olhar positivo em meio aos questionamentos profissionais, que refletem na vida pessoal e contribuem para o surgimento de estresse, ansiedade e até mesmo depressão. Olhar para si e ver que todo planejamento de anos não se concretizou pode ser devastador para muitos profissionais. Para quem não consegue mais mudar de viés sozinho, buscar ajuda profissional para os transtornos adquiridos é a solução. O terapeuta ou o psiquiatra podem ser boa alternativas nesse caso. “As pessoas costumam se frustrar por idealizarem demais, pois buscam no trabalho necessidades que envolvem outras esferas da vida”, avalia Alessandra Canuto. 

Já para a especialista Cíntia Tereza é preciso ter clareza que sempre haverá desafios e certeza de que não existe emprego perfeito. Criar um alinhamento entre as expectativas e as condições que se tem ajuda no amadurecimento e crescimento profissional. Não basta ter o emprego dos sonhos, tem que entender o papel que as atividades que exercemos cotidianamente têm na nossa vida. 

Coragem para mudar

O hobbie pela leitura e as discussões das notícias do cotidiano junto com a mãe desde a infância  fizeram Carolina Borba querer ser jornalista. Ela terminou a graduação e partiu para a especialização na área. Atuou por cinco anos na profissão, no entanto começou a desencantar e mudar a forma como via o jornalismo.

“Eu não enxergava mais espaço para o meu crescimento dentro da área que eu escolhi trabalhar. Aliado a isso, o modelo de trabalho estressante me levou a uma crise emocional e desencadeou na minha ruptura com essa profissão. Perceber que toda uma aposta de vida não é o que você realmente quer é muito duro, mas foi necessário para mim, pois me fez enxergar que ali eu não estava feliz”, conta a jovem. 

Depois de sair do emprego que tinha em uma agência, Carolina resolveu se dedicar a outro projeto de vida. Ela se especializou em cortes de cabelos crespos e cacheados. Começou a atender amigas e conhecidas em casa e a qualidade do trabalho fez com que a clientela aumentasse, passando a atender em um salão de beleza na Zona Norte do Recife. “Se não me faz feliz, não é bom pra mim. Hoje eu fiz uma escolha que se mostrou ser uma vocação, devoção e paixão. Então, talvez o trabalho perfeito seja aquele que te traga felicidade. E a minha felicidade é proporcionar uma experiência boa para as pessoas através de um corte de cabelo”, concluiu a jornalista e cabeleireira. 

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