UFRPE fortalece luta por justiça: 'Miguel vive'

Comissão de Direitos da Universidade divulgou uma nota sobre a morte do garoto. 'Miguel poderia ser mais um graduando da UFRPE', diz trecho do texto

por Nathan Santos qui, 04/06/2020 - 18:52
Cleiton Lima/LeiaJáImagens/Arquivo . Cleiton Lima/LeiaJáImagens/Arquivo

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), por meio da sua Comissão de Direitos Humanos Gregório Bezerra, divulgou uma nota, no fim da tarde desta quinta-feira (4), acerca da morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva. O garoto de apenas cinco anos morreu após cair, de uma altura de 35 metros, do Condomínio Píer Maurício de Nassau, na área central do Recife.

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, a patroa – que não teve a identidade revelada oficialmente - da mãe do garoto responderá por homicídio culposo. Segundo as investigações, ela deixou que o menino ficasse sozinho no elevador do condomínio, e Miguel, chegando ao nono andar, deixou a plataforma; instantes depois, a criança caiu. A patroa pagou fiança de R$ 20 mil para responder em liberdade.

Por meio da nota, a Comissão de Direitos Humanos da UFRPE “se soma à luta em defesa da justiça”. A instituição ressalta também que o cuidado com as crianças deve ser prioridade do Estado, das famílias e da sociedade, “independentemente da cor, da classe, do gênero e da religião, todas as crianças e adolescentes devem ser protegidas”.

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No fim do posicionamento, a Universidade ainda destaca que o garoto poderia ser “mais um graduando da UFRPE”. Confira, a seguir, a nota na íntegra:

A Comissão de Direitos Humanos Gregório Bezerra da UFRPE torna pública sua indignação e pesar pela morte do menino Miguel Otávio Santana da Silva. No dia 02 de junho de 2020, Miguel foi morto ao cair do nono andar de prédio localizado na região central do Recife.

A Comissão se soma à luta em defesa da justiça e ressalta que a morte de Miguel deve ser analisada a partir da lógica da proteção integral que fundamenta o Estatuto da Criança e do Adolescente.  O cuidado com as crianças deve ser prioridade do Estado, das famílias e da sociedade. Independentemente da cor, da classe, do gênero e da religião, todas as crianças e adolescentes devem ser protegidas.

O menino Miguel estava acompanhando a sua mãe, que trabalhava em um dos apartamentos do referido prédio como empregada doméstica. Destaca-se que, mesmo em tempos de isolamento social em decorrência da pandemia, Miguel estava na casa dos patrões de sua mãe e que, mesmo com cinco anos de idade, foi deixado sozinho no elevador – que o conduziu ao nono andar.

O menino Miguel era negro, tinha 5 anos e morava na periferia do Recife. Mais um negro. Mais uma criança. Mais um morador da periferia. A Comissão de Direitos Humanos Gregório Bezerra clama pela proteção da família de Miguel e de outras crianças e suas famílias.

A Comissão se soma à luta antirracista, antifascista e reafirma a obrigação da comunidade acadêmica da UFRPE em não silenciar diante da dor das mães que perdem seus filhos e dos filhos que não conseguem viver seus projetos de futuro.

Miguel poderia ser mais um graduando da UFRPE. Frequentar o “melhor RU do Brasil”, frequentar nossas salas de aula e se formar em um dos nossos cursos. Que a luta em defesa da justiça para Miguel torne-se a luta em defesa para que outras crianças possam viver seus sonhos e suas diferentes infâncias. Miguel vive em nossa luta por justiça. Comissão de Direitos Humanos Gregório Bezerra da UFRPE

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