Pesquisa revela desigualdade no trabalho home office
Apenas 5% das vagas remotas são preenchidas por pessoas sem o ensino médio completo
De acordo com o levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apenas 5% das vagas de home office são preenchidas por pessoas sem o ensino médio completo. A pesquisa foi realizada com dados da Pesquisa por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e com informações de Produto Interno Bruto (PIB) per capita das Contas Nacionais.
Segundo a análise, cerca de 20,4 milhões de brasileiros podem desempenhar sua função de forma remota, ou seja, 24,1% de toda a população empregada. Esses trabalhadores possuem 40% da massa de rendimentos total, de modo que é possível verificar que as profissões que podem ser desempenhadas de forma remota possuem um ganho financeiro maior do que a média.
Assim, por ter um maior remuneração, o perfil do profissional home office é geralmente mais escolarizado, além de que as profissões mais operacionais são difíceis de serem desempenhadas por meio do teletrabalho. De acordo com o IPEA, 95% dessas vagas são preenchidas por pessoas que possuem ao menos o ensino médio completo, o que deixa de fora 50% da população do Brasil.
Entrando mais afundo no perfil do profissional home office do País, o Instituto levantou que 62,6% possuem ensino superior completo ou pós-graduação, 58,3% dessas ocupações são preenchidas por mulheres, 60% é de cor branca e 71,8% tem entre 20 a 39 anos. Desta maneira, fica claro que poucas pessoas são elegíveis para essas vagas, principalmente, a população com baixa escolaridade.
Além disso, há uma influência geográfica no trabalho remoto. Por essas vagas terem um caráter mais técnico, a maioria é preenchida por profissionais das regiões Sul e Sudeste que, juntas, possuem os maiores índices de pessoas com ensino superior completo. Segundo os dados, 27,7% são da região Sudeste, 25,7% do Sul, 23,5% do Centro-Oeste, 18,5% do Nordeste e 17,4% do Norte.