Concurso SEE: pela convocação, aprovados realizam ato
Com concentração na Praça do Diário, os professores saíram em direção ao Palácio do Campo das Princesas a fim de ter uma resposta da gestão estadual
Aprovados no concurso da Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco, homologado em dezembro de 2022, realizaram ato na área central do Recife na manhã desta terça-feira (31). Com concentração na Praça do Diário, os professores saíram em direção ao Palácio do Campo das Princesas a fim de ter uma resposta, por parte da gestão estadual, sobre o cronograma de convocação.
Os profissionais alegam omissão por parte da governadora Raquel Lyra (PSDB), que, até o momento, não se pronunciou sobre a demanda da categoria. Ao todo, o certame, realizado após 14 anos, ofertou 2.907 vagas. O processo seletivo também aprovou cerca de 10 mil docentes para o cadastro de reserva.
A comissão dos aprovados no concurso da SEE pede que haja a convocação imediata dos aprovados no quantitativo de opções estabelecidas no edital, assim como, a ampliação do número de oportunidades e homologação imediata, após divulgação do resultado final, do concurso para analista e técnico-administrativo.
“A gente sabe, através de dados do Portal da Transparência, que o número de vagas é muito maior do que o número de 10.830 aprovados, que é o quantitativo que a gente tem. Dá para chamar todo mundo e ainda terá a necessidade de muitos contratos temporários. A nossa reivindicação é que a governadora abra um canal de diálogo porque, infelizmente, apenas o silêncio se fez presente nessa relação”, expõe Rodrigo César que compõe a comissão dos docentes aprovados na seletiva.
A espera
Oziel Rodrigues Chaves Neto, aprovado no certame. Foto: João Velozo/LeiaJáImagens
Vindo da Paraíba, Oziel Rodrigues Chaves Neto, aprovado para lecionar a disciplina de português, escolheu prestar o concurso aqui em Pernambuco por ser “referência em Educação” e “valorização do professor”. À reportagem, ele, que está desempregado, falou sobre o cenário de incerteza.
“A gente está em uma situação delicada em que o governador anterior [Paulo Câmara - PSB] homologou em dezembro o concurso e a gente só está esperando a posição da governadora [Raquel Lyra]. Até agora, a gente está a ver navios (...) eu estou desempregado e estou aqui graças as vendas de meus livros, que sou escritor também, ajuda de terceiros, peguei dinheiro emprestado. Estou aqui nesse ato para ver se as coisas andam. A postura da governadora em nos ignorar é uma falta de respeito”, desabafa.
Mais temporários do que efetivos
Ivete Caetano, presidenta do Sintepe. Foto: João Velozo/LeiaJáImagens
Também presente no ato, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), Ivete Caetano, aponta que o Estado “tem mais professores temporários do que efetivos e burla a Constituição Federal”. Atualmente, a rede estadual conta com cerca de 530 mil estudantes, 35 mil docentes, sendo 17 mil professores temporários.
Para ela, há mais “contratos temporários do que deveria. Esse tipo de relação de trabalho é para eventualidades. Isso é uma ilegalidade”, frisa. Vale ressaltar que o movimento não é contrário aos docentes temporários e pede melhores condições de trabalho para esses trabalhadores.
Apoio político
João Paulo (PT) e Jones Manoel (PCB). Foto: João Velozo/LeiaJáImagens
Em apoio aos docentes, o deputado estadual João Paulo (PT) esteve presente na manifestação. Ao LeiaJá, o parlamentar disse que é necessário reconhecer que Raquel Lyra "ainda não esquentou a cadeira" de governadora. Do mesmo modo, o petista ressalta a força de mobilização da classe trabalhadora na organização do ato e reivindicação das demandas.
"Se o governo dispõe de 15 mil vagas na Educação e você tem 10.830 concursados, isso significa que o Estado tem condições de absorver. Nesse primeiro momento, a comissão vai ser recebida pela representante do Palácio [do Campo das Princesas] e eles devem informar, ao meu ver, qual vai ser o prazo de contratação desses servidores".
Professor e ex-candidato ao governo de Pernambuco nas eleições de 2022, Jones Manoel (PCB), que tem feito oposição ao mandato de Raquel Lyra, destaca que Pernambuco tem um "legado precário" com a Educação desde a gestão do PSB.
"No apagar das luzes, o governo do PSB fez o concurso, finalmente, depois de anos. A governadora Raquel Lyra tem uma característica, um estilo de governo que é não dialogar, é um governo fechado em si. O concurso já foi feito, já tem o resultado, já foi homologado, e nada da governadora apresentar um cronograma de convocação. É o mínimo que se espera, chegar com transparência, dialogar com a sociedade, com os professores, com o movimento estudantil", salienta.
Assim como a comissão dos aprovados no concurso da SEE, Jones Manoel critica a falta de diálogo e escuta por parte da gestão estadual. "É um governo nebuloso que ninguém sabe, como é que vai ser feito, que ninguém sabe qual é a proposta, que não dialoga com ninguém, que não escuta ninguém, aliás, dialoga com os empresários, com os partidos da base aliada, mas, com a sociedade organizada está faltando escuta, falta aprender a governar junto com o povo e não só fechar o gabinete como fazia o Paulo Câmara".
Enquanto a reportagem estava no local da manifestação, uma comissão foi recebida por uma representante do Governo de Pernambuco no Palácio do Campo das Princesas. A reportagem tentou contato, através da assessoria, com a gestão estadual, no entanto, não houve retorno.