#RevogaNEM: estudantes fazem ato contra Novo Ensino Médio
Entidades, alunos, sindicatos e professores se reuniram no centro do Recife
Nesta quarta-feira (15), entidades estudantis, alunos da rede estadual de Pernambuco, sindicatos e professores realizam ato pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM), que iniciou nas escolasas públicas e privadas em 2022. Concentrados na rua da Aurora, área central do Recife, os manifestantes gritavam palavras de ordem, críticas ao novo currículo e à governadora Raquel Lyra. Além da capita pernambucana, o ato foi realizado em outras cidades do Brasil.
Ao LeiaJá, Roberta Pontes, presidenta da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UMES), ressalta que não esperava que a mobilização iria reunir tantos estudantes. "A gente não sabia que iria tomar essa proporção. Então, a gente percebeu que precisava, de fato, estar nas ruas. Até então, a mobilização seria nas escolas. Mas, a gente percebeu que precisávamos estar aqui, porque quando a gente vem para a rua, a gente também fala para a sociedade".
A liderança da UMES oponta que há uma necessidade de se revogar o Novo Ensino Médio porque é um projeto aprovado sem diálogo. "Não foi algo feito pela a gente [estudantes]. Não foi algo construído de forma democrática. Não teve professores, profissionais da Educação e não tem como ter uma coisa em sala de aula que não foi construída por nós".
Os estudantes Sol de Souza, que está no 1ª ano do ensino médio, e Theo Miranda, que cursa o 2º ano, afirmam que o NEM as impede de disputar com equidade uma vaga nas universidades públicas. À reportagem, ambos reprovam o novo modelo. "Meu 1º ano já com o Novo Ensino Médio foi ruim por causa das trilhas. Eu não tive muitas aulas que eu deveria ter. Eu deixei de aprender muita coisa. Tive muita aula de Projeto de Vida, que atrapalharam nas ourtas aulas. Esse novo currículo é algo que vai atrapalhar a gente, porque foi cortada muitas matérias essenciais para a gente passar nos vestibulares. A escola, para quem não tem condições, é o lugar que a gente encontra para estudar e se preparar para os vestibulares", expõe Theo.
Mesmo sendo o primeiro contato com o NEM, Sol, de 14 anos, já tem opinião formada e reprova a reforma. "Honestamente, está sendo bem ruim poque eu pretendia cursa algo na área de Ciências Humanas, mas eu não tenho muitas aulas para ter oportunidade de aprender as coisas que eu precisaria. Eu tenho uma aula de história e geografia por semana. Está sendo muito ruim", reforça.
Novo Ensino Médio
O Novo Ensino Médio foi aprovado em 2017, durante o governo de Michel Temer (MDB), altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB) e tem 2024 como ano limite para que todas as escolas brasileiras, públicas ou privadas, passem a adotá-lo em todas as etapas. Em 2022, apenas os alunos dos 1º anos vivenciam essa mudança.
O modelo é apresentado como flexível e que permite o protagonismo dos estudantes. Focado na formação profissional e afinado com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a grade atual traz mudanças como aumento da carga horária anual, passou de 800 horas para mil horas, e oferta dos Itinerários Formativos, que são construídos por componentes eletivos, oficinas, projetos, entre outras atividades pedagógicas.