Alunos da UPE pedem RUs e pressionam Lyra com petição
A demanda, que faz parte da política de assistência estudantil, é uma luta dos alunos da instituição que é mantida pelo Estado
Com 10 campi e mais de 50 cursos de graduação, a Universidade de Pernambuco (UPE) não possui restaurante universitário (RU). A demanda, que faz parte da política de assistência estudantil, é uma luta dos alunos da instituição que é mantida pelo Estado. Em entrevista ao LeiaJá, João Mamede, Coordenador Geral do Diretório Central dos Estudantes da UPE (DCE UPE), diz que a ausência do RU é denunciada há anos pelos alunos e comunidade acadêmica.
“Há muitos anos, os estudantes e a comunidade acadêmica da UPE denunciam a total ausência de uma política estruturada e com fonte segura de financiamento para o auxílio à permanência dos estudantes mais vulneráveis. Com o cenário de carestia e aprofundamento da pobreza das famílias nos últimos anos, a discussão sobre as dificuldades dos estudantes com transporte e alimentação, em particular, ganharam destaque”, disse.
À reportagem, ele ressalta que, em janeiro de 2023, a governadora Raquel Lyra (PSDB), durante cerimônia de posse da nova Reitora da UPE, Prof.ª Socorro Cavalcanti, prometeu a construção dos restaurantes universitários. “Esse foi um sinal importante, mas, desde então, a governadora tem se esquivado do debate com a nossa comunidade acadêmica”, salientou João Mamede.
Com o silêncio da gestão estadual, o DCE da UPE, em diálogo com outros estudantes da instituição, lançou uma petição para que um projeto, prometido pela governadora, seja apresentado. “Pode parecer que é cedo para uma cobrança pública, mas não podemos continuar assistindo à evasão dos estudantes sem que a gestão pública apresente respostas concretas à angústia dos estudantes, em especial aqueles mais pobres”, frisa.
Reitoria da Universidade de Pernambuco (UPE) (Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens/Arquivo))
Enquanto entidade representativa dos estudantes da universidade estadual, o Diretório Central aponta que relatos de desistências “chegam todos os dias”. No entanto, o coordenador do DCE ressalta que eles não devem servir apenas para estatística.
“É preciso estancar a evasão que cresce nas universidades brasileiras desde a pandemia e a eclosão da crise social e econômica que atinge as famílias brasileiras. A UPE não foge a esse fenômeno, com a diferença de que, enquanto outras universidades estaduais debatem a ampliação dos seus instrumentos de assistência ao estudante, nós estamos brigando para dar os primeiros passos”.
O que diz a UPE
Procurada pela reportagem, a Universidade de Pernambuco falou sobre o assunto por meio de nota. De acordo com o comunicado, a demanda dos restaurantes universitários "vem sendo debatida há algum tempo com os estudantes e o Governo Estadual".
Além disso, a assessoria salienta que, devido à capilaridade da UPE, "com campi em diferentes localidades, a gestão tem dialogado sobre as possibilidades de se melhorar a assistência estudantil para os discentes em vulnerabilidade sociais. Essa questão atende as necessidades de alimentação."
O esforço da UPE em atender a necessidade da comunidade acadêmica é confirmada por João Mamede. "A UPE, em todos os seus setores, é simpática à campanha dos estudantes e, dentro dos marcos da grave limitação orçamentária para a assistência estudantil, tem feito um bom trabalho em “tirar leite de pedra”. Mais recentemente, a Reitoria abriu importante diálogo com os estudantes para a ampliação da política de cotas, que está defasada há mais de 10 anos. É claro que as mudanças não vêm sem pressão e muita mobilização, mas, hoje, há um consenso, na comunidade acadêmica da UPE, acerca da urgência de um plano para a assistência estudantil".
O silêncio do Governo de Pernambuco
O LeiaJá também entrou em contato com a comunicação da governadora Raquel Lyra, já que a construção de RUs é uma promessa da gestora. No entanto, não houve retorno dos questionamentos acerca de prazos para apresentação de planejamento para a construção desses locais. O espaço segue aberto.
Enquanto há silêncio por parte da governadora, os estudantes realizaram um estudo baseado em experiências de outras universidades estaduais multicampi. "A nossa proposta é que os maiores campi, como Santo Amaro, Benfica, Mata Norte, Garanhuns e Petrolina recebam estruturas de restaurante universitário, enquanto os demais passem a ofertar bolsas de Auxílio-Alimentação aos estudantes. Esse pode ser um caminho, desde que a universidade mantenha cantinas bem equipadas em todos os campi, independente do tamanho, o que ainda não é uma realidade".