Tom Zé e a dança dos objetos
O humor e o inusitado se encontraram no FITO, com o irreverente Tom Zé
O Marco Zero, tradicional palco natural recifense, que já recebeu nomes tão distintos como Lenine, Alceu Valença, Nação Zumbi, Vanessa da Mata, Maria Rita, Fat boy Slim e Buena Vista Social Club serviu, na noite deste sábado (12), de ponto de encontro para o Festival Internacional de Objetos (FITO) e Tom Zé, artista que sintetiza ousadia, bom humor e inovação, foi a atração principal da noite.
Um público completamente heterogêneo – de todas as idades e estilos – marcou presença no marco inicial da cidade a fim de acompanhar tanto os lindos espetáculos do teatro de objetos como também o show do artista que conseguiu captar a atenção dos espectadores desde o primeiro momento.
Não se via o mar de gente que costuma tomar conta das ruas do Recife Antigo durante eventos como o carnaval, mas havia bastante gente interessada. Tom Zé e sua banda já chegaram mostrando bom humor desde as apresentações até a última música. Em relação ao músico, é difícil definir seu estilo. Na verdade, ele não se encaixa em rótulos, regras ou gêneros. Tom Zé e seu trabalho são indefiníveis, mas sua dedicação, inovação e entrega foram aspectos muito claros aos olhos de quem acompanhou sua passada pelo Recife.
Por meio de um show que foi se construindo diante do público - o cantor e os músicos decidiram a ordem das coisas e muitas das canções durante o processo – e de muita conversa com os que assistiam ao show, Tom Zé cantou muitas de suas músicas, mas não deixou os objetos de lado. Munido de apitos, aventais, uma lista telefônica e até uma calcinha, passando pela lua e até mesmo pelos próprios instrumentos e a própria música, mesclou suas letras e sua melodia à proposta do que se pode acompanhar até este domingo (13), durante o festival, em um trabalho artístico municiado de objetos comuns.
Foi assim que o ordinário ganhou novas cores e novos tons em uma noite artisticamente rica, banhada por um céu sem nuvens e iluminado por uma lua encantadora que, segundo o artista, ele mesmo encomendou. Por encomenda ou não, o casamento foi muito feliz.