Grupo de rock acaba na Índia por pressão religiosa
Uma banda de rock de meninas adolescentes da Caxemira, na Índia, decidiu por sua dissolução depois que um clérigo muçulmano declarou que a música do grupo era "anti-islâmica", anunciou o empresário das jovens, Adnan Mattoo. O Pragaash, trio de alunas do ensino secundário, venceu em dezembro um concurso musical e desde então tem sido constantemente atacado na internet.
Em um primeiro momento, o grupo seguiu com as apresentações, mas decidiu pelo fim um dia depois de ser criticado pelo grande mufti de Jammu e da Caxemira, Bashiruddin Ahmad. Bashiruddin Ahmad chamou a música de "indecente" e divulgou uma fatwa para pedir que deixassem de tocar as canções. "Depois da fatwa, as meninas decidiram abandonar e dissolver o grupo", disse Adnan Mattoo.
A mãe de uma das adolescentes confirmou que a filha abandonou a banda e que ela foi enviada para fora da cidade até que a situação seja considerada mais tranquila. "Minha filha estava deprimida e irritada. Por isso, decidimos enviá-la a outra cidade por um tempo", disse a mãe. O caso aumentou a preocupação na Índia a respeito da liberdade artística, após uma série de campanhas das forças conservadoras.
Na semana passada, o escritor britânico de origem indiana Salman Rushdie cancelou um evento para promover um filme baseado em seu livro Os filhos da meia-noite no leste da Índia, depois dos protestos de grupos muçulmanos. O governo do estado de Tamil Nadu, no sul do país, retirou de cartaz por 15 dias um filme de espionagem criticado por muçulmanos ante o temor de que a projeção provocasse violência. Na segunda-feira, integrantes da Durga Vahini, a ala feminina de um grupo hindu nacionalista, protestou contra a exposição de pinturas de nus na Galeria de Arte de Nova Délhi.