Personalidades lamentam a partida de Abelardo da Hora

Artista tinha 90 anos e deixou uma obra vasta e muitos discípulos

por Carlos Silvio ter, 23/09/2014 - 16:03
Fernando da Hora/LeiaJá Imagens/Arquivo O artista era natural de São Lourenço da Mata Fernando da Hora/LeiaJá Imagens/Arquivo

A morte do artista plástico Abelardo da Hora entristeceu a todos. O pernambucano estava internado no Hospital Memorial São José desde agosto com um quadro agravado de pneumonia, depois de passar por vários problemas de saúde. Em toda sua carreira, Abelardo foi um verdadeiro exemplo de homem do povo e artista, que com sua obra encheu o estado de orgulho por sua arte.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio, decretou luto oficial de três dias no Recife devido ao falecimento do artista. A cidade de São Lourenço da Mata, onde Abelardo nasceu, também decretou luto oficial de três dias. Políticos, autoridades, artistas e membros do universos das artes lamentam a perda do artista. Confira abaixo depoimentos de familiares, amigos e admiradores:

O traço que gostaria de realçar na trajetória de Abelardo da Hora transcende e atravessa qualquer apreciação crítica sobre o seu trabalho como escultor ou desenhista. Gostaria de destacar sua integridade como homem comprometido criticamente com seu tempo, que mobilizou todas suas capacidades artísticas, intelectuais e afetivas para a construção de um mundo menos duro e injusto. Pensou a arte como algo que se partilha, como uma fagulha de vida nova a ser dividida.

Moacir dos Anjos - Curador e Coordenador de Artes Visuais da Fundação Joaquim Nabuco

Conheci Abelardo em 1948, na inauguração da primeira exposição dele no Sindicato dos Comerciários. Desde essa época somos amigos e companheiros de arte. Eu devo a ele, como artista plástico, o melhor orientador. Abelardo foi pra mim um pai, um amigo, um irmão e um grande companheiro. Ele foi um grande artista, em tudo que fazia. Um grande homem para o povo pernambucano e brasileiro.

Wilton Souza - Artista plástico e amigo de longa data de Abelardo

Abelardo se dizia um homem de coração recifense. Mas tinha o coração universal dos grandes mestres. Dos que vivem para encantar e fazer pensar. Eternamente inspirado na arte de inspirar, assim nos ensinou tanto. Inclusive a lutar. Abelardo atuou na gestão pública, enfrentou a ditadura, criou o Movimento de Cultura Popular. Por isso sua obra vai muito além da contemplação. É trabalho de raiz guerreira e inteira, tradução de sentimentos e necessidades. Coragem, senso de liberdade e generosidade fizeram de Abelardo um artista do povo, pelo povo, para todos.

Geraldo Júlio - Prefeito da Cidade do Recife

Perdemos mais um filho ilustre e um dos maiores nomes das artes brasileiras. Aos 90 anos, ainda lúcido e ativo, Abelardo da Hora continuava sua extensa obra iniciada desde os anos 1940, quando começou a moldar suas primeiras peças na Escola de Belas Artes do Recife. Sua obra se caracterizou com o compromisso com o povo: uma galeria de arte a céu aberto. Espalhou sua criatividade por ruas avenidas, prédios públicos, bancos, hotéis, hospitais  e edifícios residenciais. Uma arte feita com amor e paixão que fazem parte do cotidiano dos pernambucanos.

João Lyra - Governador de Pernambuco

Perdemos mais um filho ilustre e um dos maiores nomes das artes brasileiras. Aos 90 anos, ainda lúcido e ativo, Abelardo da Hora continuava sua extensa obra iniciada desde os anos 1940.  Sua obra se caracterizou com o compromisso com o povo: uma galeria de arte a céu aberto. Espalhou sua criatividade por ruas avenidas, prédios públicos, bancos, hotéis, hospitais e edifícios residenciais. Uma arte feita com amor e paixão que fazem parte do cotidiano dos pernambucanos. Abelardo da Hora deixa um legado também na militância política em favor dos mais pobres da nossa sociedade, causa que sempre se comprometeu, utilizando seu trabalho como forma de contribuição para a melhoria da sociedade. Um artista politicamente combativo e fortemente defensor do povo.

Humberto Costa - Senador da República

Abelardo é um mestre das artes do brasil, um educador, deixou uma geração de grandes artista. Um exemplo de ética, tão ausente esses dias. Pernambuco fica mais pobre com essa perda.

Abelardo da Hora Jr

É um momento de tristeza muito grande para toda a família e para todos que o admiravam. Sabemos que ele era um cara muito forte e vinha resistindo bravamente as internações e complicações. Hoje, infelizmente, não conseguiu resistir e acabou falecendo.

Claudionor Germano - Cantor e irmão do artista

As lembranças que quero ter dele são ótimas, animado, alegre e brincalhão. Meu tio gostava de estar sempre rodeado de pessoas, fazendo amizades. A família está unida neste momento tão triste, mas reconhecemos que meu tio foi um guerreiro em sua trajetória de vida e até na hora de se despedir.

Nonô Germano - Cantor e sobrinho do artista

A gente pode medir a importância de um(a) artista também pela influência que ele ou ela exerce sobre seus contêm. Contemporâneos e gerações subsequentes. Eu acho que este é o caso de Abelardo da Hora. Ele foi fundamental para sacramentar muitos caminhos artísticos, a exemplo de Francisco Brennand e de todos os participantes do ateliê coletivo. Sem falar da linguagem plástica que ele desenvolveu, muito marcante e significativa. Abelardo deixa sem dúvida um grande legado para o meio artístico brasileiro. 

Cristiana Tejo - Jornalista, curadora e uma das criadoras do espaço Fonte

Abelardo da Hora, além de artista com importante acervo na cidade, foi tambem fundamental para mudar o cenário da arte pernambucana. Integrou a Sociedade de Arte Moderna em 1946, fundou o Movimento de Cultura Popular que abrangia educacao, artes, musica e teatro.

Beth da Matta - Diretora do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães



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