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Poucos dias de 2024 se passaram e já tivemos tristes despedidas. Muito conhecido pelo papel de Joe Davola em Seinfied, o ator Peter Crombie morreu no dia 10 de janeiro, aos 71 anos de idade.

Através das redes sociais, a ex-mulher do famoso, Nadine Kjiner, anunciou a morte e, ao TMZ, disse que Peter teve uma doença repentina, mas não deu maiores detalhes. No Instagram, escreveu:

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É com choque e extrema tristeza que compartilho que meu ex-marido morreu esta manhã. Obrigada por tantas lembranças maravilhosas e por ser um homem tão bom. Voe livre para a fonte ilimitada de luz, Peter.

Neste domingo, durante o comovente velório de Zagallo no Rio de Janeiro, que ocorre na sede da Confederação Brasileira de Futebol, um episódio preocupante envolvendo o diretor de comunicações da entidade, Rodrigo Paiva, chamou a atenção.

Durante as homenagens ao icônico técnico da seleção brasileira e único tetracampeão mundial, Rodrigo Paiva passou mal e teve um episódio de pressão baixa, chegando a desmaiar. A situação causou apreensão entre os presentes, que prontamente acionaram os serviços de saúde do local.

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Profissionais de saúde agiram rapidamente, prestando os primeiros socorros ao diretor da CBF. Ele foi resgatado e recebeu atendimento fora das dependências do prédio. Felizmente, Rodrigo Paiva está bem e atualmente se encontra em bom estado de saúde. Ele teve apenas um desmaio, mas foi amparado e atendido por um médico na ambulância do lado de fora da CBF.

Segundo a reportagem do Estadão no local, o motivo do desmaio foi queda de pressão e hipoglicemia. Paiva já acordou e conversa normalmente dizendo que tá tudo bem. Deve, inclusive, voltar à ativa ainda hoje.

Zagallo morreu na noite da última sexta-feira, em razão de falência múltipla de órgãos. O lendário jogador e técnico estava internado desde 26 de dezembro na Barra da Tijuca. Rodrigo Paiva conviveu mais de uma década com Zagallo e escreveu ao Estadão uma análise sobre o Velho Lobo.

Depois de um sábado de homenagens, em que o mundo do esporte foi surpreendido com a notícia da morte de Mario Jorge Lobo Zagallo, o domingo está sendo reservado para despedidas ao Velho Lobo. O ex-centroavante Reinaldo, do Atlético-MG, esteve presente no velório.

"Sem dúvida, o Zagallo foi um dos grandes nomes da história do futebol por tudo o que fez pela seleção brasileira", afirmou o atacante que disputou a Copa do Mundo de 1978, na Argentina.

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Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade também marcou presença e comentou sobre a perda do tetracampeão. "O Zagallo sempre teve uma personalidade transparente e trouxe muitas conquistas para o futebol brasileiro".

Pessoas anônimas também foram prestar a sua última homenagem. Torcedores com camisas de clubes e ainda com cartazes mencionando a trajetória de Zagalo como técnico e jogador passaram pelo local do velório.

O velório está sendo realizado na sede da CBF (Confederação Brasileira de Desportos), na Barra da Tijuca, em cerimônia aberta ao público. À tarde, às 16h (horário de Brasília), o enterro do único tetracampeão mundial será no Cemitério São João Batista, que fica em Botafogo, na zona sul do Rio.

O corpo de Zagallo está no Museu da Seleção, em frente à sua estátua e ao lado das taças da Copa do Mundo, quatro das quais, ele ajudou a conquistar. Quem chega percorre um corredor ornado com orquídeas e passa pela sala de troféus antes de chegar ao local onde está o caixão.

Zagallo estava internado desde o dia 26 de dezembro, no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca. Ele lutou, mas a frágil saúde e a idade avançada contribuíram para que houvesse uma falência múltipla de órgãos.

Às 14h30 acontecerá a missa na sede da CBF, só pra familiares e amigos. Em seguida, às 15 horas, Zagallo sai no carro do corpo de bombeiros e percorre cerca de 20km até o local onde repousará em paz. Enfim, às 16 horas, será feito o sepultamento no Cemitério São João Baptista.

Ex-jogador e atual senador, Romário (PL-RJ) assumiu a presidência do America Football Club, tradicional clube carioca, com mandato de 2024 a 2026. Ele foi eleito em novembro do ano passado e oficializou sua posse neste sábado, no Rio de Janeiro. Na chegada ao evento, o ex-atacante e senador comentou sobre a perda de Zagallo, que morreu na noite desta sexta-feira, aos 92 anos.

"Zagallo tem a mesma importância de um Pelé. Sempre foi muito vitorioso, deixou um legado importante para todos nós. Dia triste para o futebol", comentou Romário.

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"Todos sabem da minha relação com ele, na verdade a gente não tinha relação, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, tenho que admitir", completou Romário. Vale lembrar que o Velho Lobo, então técnico da seleção brasileira em 1998, se tornou desafeto do atacante após cortá-lo da Copa da França devido a uma lesão na panturrilha. Apesar da esperança de recuperação, ele ficou fora do torneio.

Apesar do relacionamento conturbado no passado, o Baixinho também aproveitou para destacar o tamanho de Zagallo para o esporte . "Vivi o futebol por anos e ele é um dos grandes ícones do nosso esporte, sempre representou muito bem nosso futebol e é um dos mais conhecidos do planeta. Tristeza muito grande, e vai ficar para sempre na nossa memória, como Pelé", completou o ex-jogador.

Zagallo iniciou sua carreira nas categorias de base do América, em 1948, e também foi homenageado pelo clube.

CERIMÔNIA DE POSSE NO AMÉRICA

A cerimônia de posse de Romário teve lugar no Salão de Honra do Club Municipal, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, e contou com a presença do presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, Rubens Lopes, e Guilherme Schleder, Secretário de Esportes do Estado.

Em discurso durante a solenidade, Romário estabeleceu algumas metas para seu mandato até 2026: promover o América, atualmente na Série A2 do Campeonato Carioca, de volta à primeira divisão do Estadual e classificá-lo para a disputa de uma competição nacional já em 2025; realizar uma auditoria no clube; e resolver a questão do terreno da antiga sede na Tijuca, que é ocupado por um shopping.

Em novembro, o ex-jogador foi eleito presidente do América pela chapa da oposição, sendo o único candidato na eleição. Sua ligação com o clube remonta ao seu pai, Edevair, que era torcedor da equipe. O senador teve uma breve passagem como jogador em 2008, antes de assumir um cargo diretivo, conquistando o título da segunda divisão do Carioca naquele ano.

Gianni Infantino, presidente da Fifa, manifestou neste sábado, por meio das redes sociais, sua tristeza pela morte de Mario Jorge Lobo Zagallo, campeão das Copas de 1958 e 1962 como jogador, 1970, como treinador, e ainda 1994, na função de assistente técnico de Carlos Alberto Parreira. Em postagem, ele destacou o legado deixado pelo brasileiro.

"A história da Copa do Mundo não pode ser contada sem Zagallo. Um ídolo da história do futebol", diz parte do trecho da postagem do dirigente que comentou sobre a sua importância para o futebol. "Uma das figuras mais influentes da Copa do Mundo."

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Em sua homenagem, Infantino afirma que ele conseguiu uma grandeza que extrapola as fronteiras nacionais. "Zagallo será lembrado como o padrinho do futebol brasileiro e sua presença fará muita falta para todos no esporte, mas principalmente para a Fifa", diz a mensagem.

Quem também manifestou solidariedade foi o Real Madrid. Em seu site oficial, o gigante espanhol classificou Zagallo como "um lenda do futebol brasileiro e também do futebol mundial."

O time do técnico Carlo Ancelotti destacou ainda os feitos e conquistas tratando o treinador como um autêntico vencedor. "Como jogador, Zagallo defendeu América, Flamengo e Botafogo, e foi proclamado campeão mundial pela seleção brasileira em 1958 e 1962. Como treinador, sua carreira o levou a se tornar uma lenda no banco de reservas", definiu o Real em seu site oficial.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte do ex-jogador Mario Jorge Lobo Zagallo, ontem, aos 92 anos. De acordo com o presidente, Zagallo "era o exemplo de brasileiro que não desistia nunca".

"Mario Jorge Lobo Zagallo foi um dos maiores jogadores e técnicos de futebol de todos os tempos, um grande vencedor e símbolo de amor pela seleção brasileira e pelo Brasil", escreveu o presidente no X, antigo Twitter, na manhã deste sábado.

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Na publicação, Lula citou a trajetória do ex-jogador, único tetracampeão do mundo. "Maior vencedor individual da história da Copa do Mundo, sendo campeão duas vezes como jogador, campeão e vice campeão como treinador e campeão como coordenador da seleção em 1994. O único a participar de quatro conquistas mundiais, dirigiu o maior time de futebol da história, a seleção brasileira de 1970", escreveu.

Na mensagem, o chefe do Executivo federal classificou Zagallo como corajoso, dedicado, apaixonado e supersticioso - ele era obcecado pelo número 13. "Zagalo era exemplo de brasileiro que não desistia nunca. É essa lição e espírito de carinho, amor, dedicação e superação que ele deixa para todo o nosso país e para o futebol mundial", comentou.

Ao final da publicação, Lula prestou solidariedade aos familiares, amigos e administradores do ex-jogador.

A morte foi comunicada pelo perfil oficial de Zagallo no Instagram na noite de ontem. Com a saúde fragilizada, o ex-jogador passou por várias internações nos últimos anos. Ele estava internado no Hospital Barra DOr desde o dia 26 de dezembro. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos.

Dentre tantos feitos ao longo da vida, Zagallo, morto no início da madrugada deste sábado, aos 92 anos, deixa uma marca criada por sua superstição. O Velho Lobo transformou o temido número 13, de tantas histórias horripilantes e sinal de azar, em uma marca positiva e de sucesso em sua carreira. Várias foram as histórias e coincidências - embora ele jurasse que não era por acaso - em que o 13 apareceu em sua vida.

A relação com o número começou quando ele casou com Alcina de Castro Zagallo, com quem ficou por 57 anos. Ela era devota de Santo Antônio, santo que seu dia é comemorado em 13 de junho.

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A partir daí, tudo começou. Sua primeira Copa do Mundo foi conquistada em 1958: 5+8 = 13. Em 1966, virou treinador e, no ano seguinte, já foi campeão carioca pelo Botafogo: 6+7 = 13. Anos depois, conquistou a Copa do Mundo de 1994, como auxiliar de Carlos Alberto Parreira: 9+4=13.

Aliás, o Mundial disputado nos Estados Unidos ficou marcado para o Velho Lobo por duas previsões que ele fez, tendo como referência o seu número preferido. Durante a preparação para o torneio, ele avisou que o Brasil seria campeão porque o nome dos patrocinadores da seleção Umbro e Coca-Cola, juntos, somavam 13 letras. E tetracampeões também tem 13 letras.

Outra previsão veio durante a decisão por pênaltis entre Brasil e Itália na final da Copa. O placar estava 3 a 2 para o time brasileiro quando Roberto Baggio foi para cobrança. Neste momento, Zagallo virou para Parreira, que não queria ver as cobranças, e avisou que o italiano não faria o gol.

Como já sabido, Baggio, a estrela daquela seleção italiana, mandou por cima do gol de Taffarel e o Brasil foi tetracampeão mundial. Ao final do jogo, a revelação. Zagallo disse que o motivo da confiança era um só. O nome Roberto Baggio tem 13 letras. E o mais curioso é que ele se deu conta disso no momento da decisão por pênaltis.

No fim, Zagallo deixa uma história marcada por muitos títulos, manias, superstições e a certeza de que o número 13 pode não ter feito com que sua carreira fosse tão brilhante, mas psicologicamente o ajudou a ter confiança em momentos decisivos e ajudou a transformá-lo também em um personagem folclórico do futebol brasileiro.

"Brasil campeão tem 13 letras", sempre repetia Zagallo. Zagallo eterno tem 13 letras

A história mais vitoriosa do futebol brasileiro teve seu capítulo final no início da madrugada deste sábado, no Rio. Aos 92 anos, Mario Jorge Lobo Zagallo morreu. Seu legado ao mundo da bola é imensurável: foi multicampeão por onde passou, além de sempre ter se mostrado um apaixonado pelo Brasil, pela seleção brasileira. Carismático, supersticioso - era obcecado pelo número ‘treze’ - e com fama de pão duro, era atacante e foi um dos primeiros pontas a voltar para ajudar na marcação. Jogador técnico, de extrema obediência tática, tornou-se um treinador capaz de motivar seus comandados mesmo nos momentos mais difíceis. O ‘Velho Lobo’, que presenciou o ‘Maracanazo’ de 1950 e depois esteve presente em quatro dos cinco títulos mundiais brasileiros, deixará saudades.

A morte foi comunicada pelo perfil oficial de Zagallo no Instagram. "Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas", diz a nota. "Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa".

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Alagoano, nascido em 9 de agosto de 1931, Zagallo e sua família migraram para o Rio de Janeiro quando ele tinha apenas oito meses - seu pai, representante de uma fábrica de tecidos de propriedade do seu tio, precisava trabalhar. Criado no bairro da Tijuca, começou no futebol como quase toda criança - jogando com os amigos na rua. Sua primeira bola foi um presente de uma vizinha, que o viu chutando pedrinhas numa calçada.

Aos poucos, o esporte foi crescendo em sua vida. Seu pai, Haroldo, que em Maceió foi jogador do CRB, comprou um título do América Futebol Clube. Lá, ele disputava torneios de natação, tênis de mesa e futebol. Aos sábados, então com 14 anos, Zagallo percorria campos da cidade disputando - e conquistando - festivais. Destacava-se dos demais pelo bom preparo físico e pela excelente visão de jogo, em campos de terra batida e numa época de bolas pesadas e avermelhadas Tempos depois, foi incluído na equipe juvenil da equipe onde ficou por dois, em 1948 e 1949 e, de longe, observava a construção do Maracanã, maior templo do futebol nacional.

Aos 18 anos, como todo garoto, Zagallo precisou se alistar ao Exército do Brasil. Meses antes da Copa do Mundo de 1950, foi junto com seu pelotão retirar as madeiras que serviram para a construção das arquibancadas do estádio. Conseguiu folgas para ver de pertinho todos os jogos da seleção brasileira, mas na finalíssima contra o Uruguai não conseguiu fugir do serviço. Em entrevista ao Estadão em 2011 ele se recordou do dia da decisão. "Eu estava lá, de verde-oliva, cassetete, capacete, ‘bate-bute’. Na arquibancada, eu deveria ficar de costas para o campo, mas vi perfeitamente o gol fatal do Gigghia. Aquele delírio de antes do jogo, com 200 mil pessoas acenando lenços, acabou tudo ali, na hora do gol."

Fora do serviço militar, Zagallo voltou aos gramados e logo transferiu-se para o Flamengo. No rubro-negro, aumentou sua lista de conquistas iniciada nas categorias de base do América - em toda carreira como jogador foram nada menos do que 50 títulos. Entre os mais importantes pelo clube da Gávea estão o tricampeonato carioca em 1953, 1954 e 1955. Suas grandes apresentações lhe valeram uma oportunidade na seleção brasileira treinada por Vicente Feola, que se preparava para o Mundial de 1958. Eram três craques para duas posições - Pepe, Canhoteiro e Zagallo.

"Na minha estreia pela seleção, no Maracanã, contra o Paraguai (em 4 de maio de 1958), ganhamos de 5 a 1, e eu fiz dois gols. Mas em outro amistoso com a Bulgária, no Pacaembu, eu olhei a escalação e não vi o meu nome. Fiquei preocupado, estávamos às vésperas da Copa do Mundo na Suécia. Então o médico Hilton Gosling me chamou num canto e disse: ‘Fica quieto, você já está escolhido. Agora o Pepe e o Canhoteiro vão disputar uma vaga’." Zagallo conseguiu mais do que ser convocado. Foi titular e marcou o quarto gol na vitória por 5 a 2 contra a Suécia na final.

Zagallo retornou da Europa em outro patamar e transferiu-se para o Botafogo, onde conquistou dois Torneios Rio-São Paulo e ainda foi bicampeão carioca em 1961 e 1962. Em alto nível, foi chamado por Aimoré Moreira para a Copa do Mundo do Chile. Lá, com a contusão de Pelé, ajudou a liderar o time que trouxe para o País o bicampeonato mundial de futebol.

"Aquela seleção era uma equipe mais velha, com vários jogadores acima de 30 anos. Só fomos campeões porque a evolução física ainda não tinha chegado ao mundo do futebol, então levamos aquela Copa na base da experiência mesmo."

Após o segundo título, Zagallo ainda jogou por mais alguns anos no Botafogo, mas logo encerrou sua carreira de jogador e deu início à mais uma trajetória de sucesso - agora como treinador. Sua primeira equipe foi o próprio Botafogo, onde logo conquistou o bicampeonato carioca (1967-1968) e o título brasileiro de 1968.

Em 1970, ao assumir o lugar de João Saldanha às vésperas da Copa do Mundo, foi o comandante da maior seleção brasileira de todos os tempos. Com craques, como Pelé, Tostão, Gerson e Rivellino, o Brasil venceu os sete jogos do Mundial. Ele foi ainda o técnico da Copa seguinte, na Alemanha, em 1974.

Na carreira, Zagallo passou pelo Botafogo em quatro oportunidades, Flamengo por três vezes, Vasco, duas vezes, além de Fluminense, Al-Hilal, Bangu e Portuguesa. Dirigiu ainda as seleções do Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes.

Zagallo Eterno tem 13 letras.

Em um cemitério no leste da China, Seakoo Wu coloca seu celular sobre a lápide do túmulo de seu filho e assiste a um vídeo criado por Inteligência Artificial (IA) que simula o jovem falecido.

"Sei que cada dia você sente muita dor por mim e se sente culpado e inútil. Embora não possa mais estar ao seu lado, minha alma segue neste mundo, te acompanhando em vida", diz Xuanmo com uma voz ligeiramente robótica.

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Tomados pela dor, Wu e sua esposa se juntaram ao crescente número de chineses que recorrem à IA para criar avatares de seus entes queridos. Ele espera criar uma réplica autêntica que se comporte como seu filho falecido no mundo de realidade virtual.

"Quando sincronizarmos a realidade e o metaverso, terei meu filho comigo de novo. Posso treiná-lo (...) para que quando me veja, saiba que sou seu pai", disse ele.

Algumas empresas chinesas afirmam ter criado milhares de "personas digitais", mesmo a partir de 30 segundos de material audiovisual da pessoa falecida.

Especialistas dizem que esta prática pode oferecer um alívio importante às pessoas enlutadas pela perda de um ente querido.

- Uma demanda crescente -

Wu e sua esposa ficaram devastados quando Xuanmo, seu único filho, morreu no ano passado aos 22 anos após um acidente vascular cerebral hemorrágico repentino, enquanto estudava na Universidade Exeter, no Reino Unido.

Com o auge das tecnologias de IA como o ChatGPT na China, o homem começou a buscar formas de ressuscitá-lo. Reuniu fotos, vídeos e áudios de seu filho e gastou milhares de dólares com empresas do ramo que replicaram o rosto e a voz de Xuanmo.

Os resultados são rudimentares até o momento, mas ele também montou uma equipe de trabalho para criar um banco de dados com grande quantidade de informações sobre seu filho. O objetivo é alimentá-lo com algoritmos poderosos para criar um avatar capaz de copiar o pensamento e forma de falar do jovem falecido.

Várias empresas especializadas nos chamados "bots fantasma" surgiram nos últimos anos nos Estados Unidos. Mas a indústria está em crescimento na China, segundo Zhang Zewei, fundador da empresa de IA Super Brain e ex-colaborador de Wu.

"A China está no nível mais alto do mundo em tecnologia de IA. Há muita gente na China, muitas com necessidades emocionais, o que nos dá uma vantagem em termos de procura de mercado", disse Zhang, cuja empresa cobra entre 10 mil a 20 mil yuans (US$ 1.400 a US$ 2.800 ou R$ 6.911 a R$ 13.822, na cotação atual) por um avatar básico.

Os clientes podem até falar ao telefone com um funcionário cujo rosto e voz foram alterados para se parecerem com os da pessoa falecida.

"O significado para o mundo inteiro é enorme. A versão digital de alguém pode existir para sempre", completou o empresário.

- "Novo humanismo" -

Para Sima Huapeng, fundador da empresa Silicon Intelligence, em Nanjing, a tecnologia "trará um novo tipo de humanismo", como quando no passado as pessoas recorriam às fotografias para recordarem entes queridos já falecidos.

Tal Morse, pesquisador visitante do Centro de Morte e Sociedade da Universidade de Bath, na Inglaterra, disse que estes bots podem proporcionar alívio, mas alertou que são necessárias mais pesquisas para compreender sua implicações éticas e psicológicas.

"Uma questão essencial é (...) até que ponto os 'bots fantasmas' são 'leais' à personalidade que foram concebidos para imitar. O que acontece se eles fizerem coisas que 'contaminam' a memória da pessoa que deveriam representar?", questionou Morse.

Para Zhang, da Super Brain, toda nova tecnologia é "uma faca de dois gumes", mas ele acredita que enquanto estiver ajudando quem precisa, não há problema.

Ele não trabalha com pessoas para as quais isso teria um impacto negativo, afirmou, lembrando o caso de uma mulher que tentou suicídio após a morte da filha.

Wu conta, por sua vez, que Xuanmo "provavelmente estaria disposto" a ser revivido digitalmente.

"Um dia, filho, todos nos encontraremos no metaverso. A tecnologia melhora a cada dia (...) é questão de tempo", disse ele junto à sua esposa em frente ao túmulo do filho.

O cantor gospel Pedro Henrique morreu, na noite desta quarta (13), após passar mal durante um show. Ele se apresentava em Feira de Santana (BA) quando, de acordo com os músicos que o acompanhavam, sofreu um infarto fulminante. O artista tinha 30 anos. 

Horas antes de infartar no palco, o artista tinha anunciado, pelo Instagram, um novo lançamento musical para esta quinta (14). No entanto, de acordo com integrantes da banda, Pedro sofreu um infarto no momento em que cantava. A morte de Henrique foi confirmada por sua gravadora nesta manhã.

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Com apenas 30 anos, Pedro Henrique estava em um momento de ascensão da carreira. Ele também havia sido pai há pouco tempo, menos de dois meses. O velório e sepultamento do cantor serão realizados na Bahia.  


 

Depois de enfrentar um quadro de encefalite viral em 2022 e uma terapia intensiva em 2023, Shane MacGowan, vocalista da banda irlandesa The Pogues, morreu aos 65 anos de idade.

A informação foi confirmada pela esposa do cantor nas redes sociais no dia 30 de novembro. Em um longo texto, Victoria Mary Clarke se declarou:

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Eu não sei como irei dizer isso, então vou apenas dizer. Shane sempre será a luz que eu mantenho diante de mim, a medida dos meus sonhos e amor da minha vida, a alma mais bonita e o anjo mais bonito [...] Ele se foi para viver com Jesus, Maria e Tereza. Eu sou abençoada além das palavras por conhecê-lo e por tê-lo amado e por ter sido incondicionalmente amada por ele. [...] Não há uma forma de descrever a perda que eu estou sentido e e a saudade de mais um de seus sorrisos que iluminavam o meu mundo. Obrigada. Obrigada. Obrigada por sua presença nesse mundo. Você fez ele ser mais brilhante e trouxe muita felicidade para muitas pessoas com o seu coração, alma e música. Você irá viver no meu coração para sempre.

O futebol brasileiro perdeu nesta quinta-feira um de seus grandes treinadores da história. Morreu, aos 94 anos, o paulista Rubens Minelli, primeiro tricampeão nacional com Internacional (1975 e 1976) e São Paulo (1977). O treinador ainda teve três passagens pelo Palmeiras, sendo o quinto maior comandante da equipe, com 253 jogos, no qual ergueu o Troféu Roberto Gomes Pedrosa de 1969, o nacional da época.

"A Sociedade Esportiva Palmeiras lamenta profundamente a morte de Rubens Minelli, comandante do clube na conquista do tetra brasileiro, em 1969, e um dos maiores treinadores do país em todos os tempos. Minelli, que iniciou a carreira de técnico em nossas categorias de base, deixa um legado de amor ao futebol que se perpetuará pela eternidade! Nossos sentimentos aos familiares, amigos e fãs neste momento de dor e saudade!", prestou homenagem o Palmeiras.

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De acordo com o jornalista José Calil, que noticiou a morte do ex-treinador, Rubens Minelli estava internado há 30 dias em tratamento de uma infecção urinária e não resistiu. O técnico deixa um grande legado no futebol nacional, sendo ídolo por onde passou.

Nascido em dezembro de 1928, Minelli começou a carreira como atacante do Ypiranga, de São Paulo. Passou, ainda, por Nacional, São Paulo, Taubaté e São Bento antes de iniciar a bela carreira de treinador no América de São José do Rio Preto em 1963, no qual ganhou a Série A2.

Ele começou a escrever seu nome como um dos gigantes do País na beira do gramado no Palmeiras, em 1969, quando conquistou seu primeiro título importante, o Troféu Roberto Gomes Pedrosa, hoje contado como um Brasileirão. Ficou no alviverde ate´1971.

Em 1974 foi anunciado no Internacional e nas duas temporadas seguintes chamou a atenção por montar um dos melhores esquadrões colorados da história, no qual ganhou os Brasileiros de 1975 e 1976. Ainda foi tricampeão gaúcho por lá. O clube fez questão de lembrar do seu eterno comandante.

"Hoje, o mundo do futebol perdeu o ex-técnico Rubens Minelli. Comandante do inesquecível time Bicampeão Brasileiro (1975 - 1976), Minelli será sempre exaltado com carinho por todos os colorados. Nossos pensamentos estão com a família, amigos e todos os fãs neste momento difícil. Descanse em paz, Rubens Minelli", postou o Internacional em suas redes sociais.

Minelli deixou o Sul para desembarcar no São Paulo em 1977. De volta a uma casa na qual atuou como jogador, chegou ao tricampeonato nacional erguendo o troféu do Brasileirão daquele ano. Ganharia o mundo ao ser campeão no Al-Hilal, antes de dará alegrias a novas torcidas nacionais: Atlético-MG, Grêmio e Paraná Clube.

Morreu, neste sábado (11), o jornalista e pesquisador recifense Leonardo Dantas Silva. Eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2022, ele foi o primeiro presidente da Fundação de Cultura do Recife e um dos principais estudiosos da cultura e da história do estado.

A morte de Leonardo foi confirmada pela filha, a também jornalista Mariana Dantas. Ele estava internado no Hospital Unimed, no bairro da Ilha do Leite, área central do Recife, tratando uma fibrose pulmonar. O jornalista tinha 77 anos. 

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Segundo Mariana, o velório será realizado na casa do escritor, na Torre, Zona Oeste do Recife, e o sepultamento vai acontecer no Cemitério Parque das Flores, em Tejipió. A data e os horários da cerimônia de despedida não foram divulgados. 

Morreu,  na manhã deste sábado (4), a ex-secretária de Cultura do Recife Leda Alves. Ela tinha 92 anos, dos quais cerca de 40 foram dedicados à vida cultural da capital pernambucana.

Leda Alves tinha uma atuação voltada para a defesa da identidade e das manifestações tradicionais das artes pernambucanas em geral. A causa da morte da ex-secretária não foi divulgada.

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A tradicional celebração do Dia de Finados, neste 2 de novembro, é uma data importante para que as pessoas possam velar e se lembrar dos que já se foram. Entre lágrimas e sorrisos, as memórias de pessoas queridas e amadas permanecem, deixando a vida dos que ficam cheia de saudades. No Cemitério da Várzea, localizado na zona Oeste do Recife, as visitas foram tomadas pela emoção. 

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Cemitério da Várzea visto de cima. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

É o caso de Tereza Carla de Santana, enfermeira e moradora do bairro da Várzea, e que todos os anos vai homenagear seu pai, falecido há 46 anos, no jazido da família, comprado por ele mesmo, muito antes de morrer. “Meu pai morreu com 39 anos, antes disso ele já tinha [o jazigo]. A gente, de criança, ele já trazia aqui no cemitério”, relatou Tereza à reportagem. 

 

Tereza Carla de Santana. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Além de Tereza, pessoas da família também visitam o túmulo do patriarca, não apenas no Dia de Finados, mas em outros momentos do ano também. No entanto, a frequência e quantidade de pessoas que continuam seguindo a tradição é cada vez menor. “Hoje em dia tá ficando mais escasso. Eu ainda venho, minha irmã vem, mas o restante da família, meus filhos, por exemplo, não vêm. Eu tenho um irmão mais velho que também não vem pra cemitério, não gosta”, disse. 

“Meu pai era tão adorador de cemitério que meu irmão nasceu no Dia de Finados. Minha mãe dizia que no dia, meu pai andou nu, e só não saiu pelas ruas porque ela trancou as portas”, comentou Tereza, dando risadas ao se lembrar do falecido pai. 

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Quando o luto é interminável 

Todos os anos, a viúva Lindalva Rodrigues Costa, de 80 anos de idade, moradora do bairro do Cordeiro, também na zona Oeste da capital pernambucana, vai ao Cemitério da Várzea acender velas aos familiares que se foram, incluindo seu esposo, falecido há 47 anos, no jazigo da família. “Tá aí meu pai, minha irmã, minha neta, minha bisneta, meu cunhado, muita gente. Já tem umas 35 ossadas aí”, afirmou, fazendo uma conta breve de cabeça. 

Lindalva Rodrigues Costa. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Lembrando especialmente de seu esposo, Gilberto Rodrigues, dona Lindalva conta que um acidente de carro causou seu óbito, em agosto 1976. “Ele chegou de viagem, me buscou na maternidade e registrou o nome do nosso filho no cartório. À noite foi a serviço para Palmares e bateu em uma carreta”, relatou com tristeza. 

Apesar do passar do tempo, dona Lindalva nunca esqueceu do seu amor que se foi, deixando com ela oito filhos e as memórias de um casamento que durou apenas 16 anos. “Eu hoje de manhã conversei com meu marido, quando estava colhendo essas flores [disse apontando para um pequeno buquê de flores em cima do jazigo], e disse ‘olha Beto, eu vou levar as flores do jardim da nossa casa pra botar lá [no jazigo]’”, disse com a voz falha e os olhos marejados. 

O luto de dona Lindalva é compartilhado por uma de suas filhas, Aurian Costa, que a acompanha todos os anos no Dia de Finados, e percebe a morte como uma continuação da vida. “Na minha concepção não acaba quando morre, porque fica na mente e no coração pro resto da vida. Até hoje eu sinto, então pra mim não morreu, vive dentro de mim, na minha mente. Eu vejo a morte dessa forma”, contou, de forma reflexiva.

Logo após a partida da cantora Rita Lee, em maio deste ano, diversas notícias divulgadas na imprensa davam conta de que a artista havia planejado o próprio velório nos mínimos detalhes. Conforme seu desejo, o funeral foi realizado no Planetário do Ibirapuera, em São Paulo, por ser um dos seus locais favoritos na cidade. A artista também havia pedido que não houvessem flores ou velas, que fosse feita uma projeção com a data do seu aniversário no teto do planetário, com o intuito de mostrar a pequenez da morte diante do universo, e que seu corpo fosse cremado. Os familiares respeitaram e realizaram seus desejos, à exceção dos lírios que discretamente ornamentaram sua urna e as diversas homenagens em coroas de flores recebidas pela família.

Já na despedida da cantora Gal Costa, que faleceu em novembro do ano passado, alguns sites informaram que a viúva da artista optou por realizar o sepultamento em São Paulo, e não no jazigo que a artista havia comprado no Rio de Janeiro. Diante de casos como esses, fica o questionamento: as pessoas devem respeitar a vontade de quem faleceu? Ou, nesse momento, é importante priorizar também as necessidades de quem fica?

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Segundo a psicóloga especialista em luto do Cemitério e Crematório Morada da Paz, Simône Lira, algumas vontades de quem partiu podem esbarrar nos limites das questões existenciais de cada indivíduo. “Sendo assim, é importante que seja esclarecido que esses desejos se referem ao ente querido que partiu e para ele seria importante que fossem realizados. Esta é uma forma de honrar a sua memória e seu legado, mas diante de fatores limitadores, a família também pode encontrar outras maneiras de homenageá-lo”, explica.

De acordo com ela, conseguir ofertar a possibilidade de acatar todos os desejos do ente querido pode ser uma forma de sentir que fez o melhor por ele até os últimos dias de sua vida. “É importante que todos os desejos sejam conversados previamente para que os familiares entrem em um consenso, pois algumas manifestações podem trazer conflitos também, seja por questões culturais, crenças e valores que divergem entre alguns membros da família ou por esbarrar em limites de entendimento”, orienta.

A cerimonialista do Morada do Morada da Paz, Luciana Trindade, lembra de um atendimento que realizou alguns anos atrás, no qual uma senhora havia pedido que seu funeral fosse conduzido de uma forma diferente e atípica do que a maioria das pessoas estão acostumadas. Ao som das músicas “Bete Balanço” de Cazuza e “Odara” de Caetano Veloso, cerveja gelada e caldinho foram servidos aos familiares e amigos que estiveram presentes na despedida. “Apesar da tristeza e da saudade, ela expressou em vida que não queria ninguém chorando em seu velório, ela queria todos alegres”, lembra Luciana.

Os desejos de fim de vida podem ser expressos a qualquer momento, seja através de conversa com familiares e amigos ou através da elaboração de um documento chamado Testamento Vital, sendo necessário que a pessoa seja civilmente capaz. “Também chamado de Diretivas Antecipadas de Vontade, esse documento permite que além de manifestar os seus desejos, seja em relação aos ritos fúnebres ou aos tratamentos médicos que prefere ter, a pessoa também pode eleger um responsável para assegurar que suas vontades sejam realizadas no momento em que este estiver incapacitado de se manifestar”, informa Simône Lira.

 É claro que muitas vezes será necessário bom senso e equilíbrio entre as vontades de quem parte e as necessidades daqueles que ficam, pois a ritualística em torno da despedida pode ser um acalento e reconfortar aqueles que perderam alguém, sendo um facilitador na vivência do luto. “O que importa é que a despedida faça sentido para os envolvidos, sem fórmulas corretas a serem seguidas. Não há nada mais gratificante que a sensação de poder ter feito tudo o que era possível para honrar a memória de alguém que para nós foi um grande amor”, reforça a psicóloga.

*Da assessoria de imprensa

As dores das guerras e de tantas tragédias chegam pelas TV, pelas janelinhas dos celulares, pela conversa do grupo, pelos gritos ou pelo silêncio diante do que é difícil assimilar e traduzir. Complicado de falar e de sentir. O luto coletivo, segundo especialistas, pode ser simbólico, mas é concreto, que faz doer até o corpo. Nesta quinta (2), o feriado de Finados adquire também significados de reflexão para quem busca lidar com o sofrimento presente na esquina de casa ou mesmo do outro lado do mundo.

“Quando estamos vivenciando guerras, pandemias, passamos a vivenciar perdas simbólicas e concretas coletivamente. Mesmo não conhecendo as pessoas que estão morrendo, nos conectamos com suas histórias e vivenciamos suas dores e perdas”, explica a psicóloga Samantha Mucci. Ela é pesquisadora do tema e coordenadora do Programa de Acolhimento ao Luto (Proalu), e professora do Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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A especialista contextualiza que as imagens das guerras expostas diariamente nos remetem a vivências de insegurança, sofrimento, ansiedade e instabilidade presentes na nossa história. “Impossível não nos afetarmos coletivamente. Esse luto coletivo vai além da empatia, da compaixão e da solidariedade. Lembro da imagem de uma criança olhando para os escombros e corpos em sua frente com olhar assustado e cheio de lágrimas que me marcou muito”, exemplifica a professora Samantha Mucci.

A imagem fez com que a professora chorasse recentemente. “Pela humanidade, pelas guerras que já vivemos, pela minha criança interior, pelas minhas perdas, pelos meus lutos já vividos”, diz a professora.

Múltiplas perdas

Para a psicóloga clínica Keyla Cooper, também especializada em luto, o momento de múltiplas perdas atravessa o nosso dia a dia de uma maneira muito significativa, sejam pelas informações que chegam da guerra no Oriente Médio, mas também pelos desequilíbrios causados pelas mudanças climáticas, pelas misérias e fome visíveis.

“O tempo todo a gente se enfrenta com o limite da humanidade. De uma maneira geral, esses problemas afetam aquilo que a gente projeta para o nosso futuro”, explica a professora universitária em Brasília, que é pesquisadora da Universidade de Strathclyde (Glasgow - Escócia).

A instabilidade de pensar no amanhã teve, na avaliação das pesquisadoras ouvidas pela Agência Brasil, um momento-chave que foi a ocorrência da pandemia de coronavírus. Depois, o mundo viu eclodir as guerras da Ucrânia e do Oriente Médio, com mortes de civis. “A previsibilidade da vida foi profundamente abalada”, diz Keyla Cooper. As professoras esclarecem que o luto não é só um processo emocional, mas também uma reação psicológica, emocional, cognitiva, social e espiritual diante de uma perda significativa, não necessariamente apenas de pessoas.

Para as quatro psicólogas ouvidas pela reportagem, é importante que, em quaisquer condições da vivência do luto, a pessoa possa encontrar espaços para se expressar e encontrar empatia. De buscar comunicar a própria dor e encontrar pessoas ou grupos para escutar a fim de se sentir acolhido. “É muito importante a gente refletir, enquanto sociedade, sobre o espaço que a morte tem na nossa vida, qual o sentimento diante do limite que a morte impõe”, contextualiza.

Proteção

É claro sentir a dor do outro ou de viver o luto do outro, tem relação com a nossa capacidade de sermos empáticos. “Pessoas que têm um nível de empatia muito grande, certamente, vão experimentar de uma forma mais intensa a experiência do luto do outro, a experiência do luto coletivo”, ressalta a especialista em psicologia transpessoal, Cynthia Ramos, que trabalha em Brasília.

A psicóloga clínica e educacional Aline Oliveira, que atua em São Paulo, defende que é importante também procurar respeitar a necessidade de silêncio interno que pode ocorrer em alguns momentos de luto. “Se sentir necessário, procurar lugares preparados para falar sobre o assunto, seja em grupos que trabalham com o luto, a psicoterapia individual, ou pessoas próximas de confiança”, aconselha.

Nesse sentido, ela explica que falar abertamente é uma forma de expressar a dor, e pode encontrar um lugar de amparo ao dividir e compartilhar os sentimentos com outras pessoas. “A dor do luto precisa ser vivenciada, reconhecida e respeitada”.

Em suma, a pesquisadora Samantha Mucci concorda que o cuidado deve envolver acolhimento. “Apesar de cada pessoa viver de seu jeito e no seu tempo o processo de luto, é muito bom quando temos com quem compartilhar as histórias que vivemos. “Como pretendemos conviver com a presença da ausência”.

Bombardeados

É importante ainda, de acordo com Keyla Cooper, identificar fatores de sofrimento, como o consumo muito imediato de notícias que são difíceis de se lidar. “A forma como recebemos informações pode ter uma implicação na saúde mental muito significativa. Eu penso que a mídia tem um papel muito importante. É importante veicular as informações, mas eu acho que é importante refletir sobre o como veicular essas notícias.”

Nesse sentido, a especialista em psicologia transpessoal, Cynthia Ramos, enfatiza que, de fato, cada um de nós pode e deve se cuidar. “Quando se trata de um evento de grande magnitude, como guerras, primeiro, não devemos ignorar o que está acontecendo no mundo porque não é a alienação que vai nos proteger. Mas também é importante estarmos atentos a não permitir que sejamos bombardeados ou superexpostos às notícias, às vezes muitas vezes repetitivas”, diz.

Atenção aos sinais

As psicólogas identificam que sintomas físicos podem ser importantes para identificar como ocorre a elaboração de luto. Podem haver, segundo as especialistas, processo de sofrimento manifestação de ansiedade, com raros momentos de prazer e de distração. “Isso pode ser uma demanda para procura de um psicólogo, inclusive se a pessoa constatar sintomas físicos como taquicardia, sudorese e problemas no trato digestivo”, diz a psicóloga Keyla Cooper.

Outros sinais que a pessoa deve ficar atenta é a dificuldade de concentração, apatia, alteração no apetite e no sono. “Alguns sintomas físicos como enxaquecas, náuseas, muita dificuldade de realizar até mesmo os cuidados básicos de higiene como tomar banho e escovar os dentes”, diz a psicóloga Samantha Mucci.

Dos olhos

Segundo Samantha Mucci, da Unifesp, o processo de luto precisa ser vivenciado e ressignificado pela pessoa que está enlutada, pela família, por todos que estão sentindo a perda de alguém ou de algo significativo. “Muitas vezes evitamos e não nos sentimos preparados para lidar com a expressão dos sentimentos relacionados ao processo de luto como a tristeza, sentimento de abandono, a raiva, o sentimento de culpa e pesar, o choro”.

Por isso, chorar e se manifestar são tão fundamentais, conforme avaliam as psicólogas. “Chorar é um processo importante de elaboração dessas emoções. É através do choro e da expressão dos sentimentos que podemos parar para pensar no que está sentindo. Não tem como a gente pular essa etapa”, diz Keyla Cooper.

Afinal, estão envolvidos sentimentos muito particulares que são íntimos e não costumam ser a tônica de postagens em redes sociais preocupadas em propagar ilusões de felicidades permanentes. Como diz a professora da Unifesp, são sentimentos reais “e precisam de espaço, tempo e permissão para serem reconhecidos e vividos”.

 

O cemitério de Camaragibe, localizado no bairro Novo, área central da cidade da Região Metropolitana do Recife, abriu os portões nesta quinta-feira (2) para receber familiares e visitantes, cumprindo a tradição do Dia de Finados. Diversas covas são enfeitadas com flores e velas, e muitas pessoas fazem rezas e preces diante dos túmulos dos entes queridos.

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Júlio Gomes/LeiaJá

Segundo o diretor do Cemitério de Camaragibe, Antônio Marcos, o espaço tem capacidade para sepultar até 1600 pessoas e deve receber um público quatro vezes maior, apesar de ele sentir uma redução do fluxo nos últimos anos. “Cada ano, parece que as pessoas vêm perdendo o foco”, afirmou.

Para Denilson Souza, secretário adjunto de Serviço Público de Camaragibe, a decisão de fazer a visita ao cemitério é individual, e pode ter mudado com o passar do tempo. “Eu acredito que seja o seguinte: a pessoa vai se acostumando com a perda, aí vai diminuindo. Mas sempre tem gente nova. Agora assim, a rotatividade é grande”, ponderou o secretário.

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Ações de acolhimento

Além das atividades oferecidas pelo poder público, entidades religiosas comparecem ao cemitério para realizar ações de acolhimento e conforto aos visitantes. É o caso de uma igreja evangélica que, com sua equipe, monta um toldo para receber as pessoas, oferecer lanches, além de disponibilizar um profissional da saúde para aferir a pressão e avaliar se alguém passar mal.

Segundo Jane Cleide, moradora do bairro de Céu Azul, coordenadora do projeto Consolador, da Igreja Universal, a ideia é trazer também uma palavra de conforto às pessoas. “Tem pessoas hoje em dia que dão ouvidos a gente, mas tem pessoas que não dão, porque acham que a morte é só até aqui e acaba, mas não é”, afirmou a fiel.

A programação do Velório Municipal inclui, além das missas às 10h, 15h e 17h, apresentações de música sacra para reconfortar os visitantes enlutados.

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A fotógrafa Ingryd Alves Silverstone, de 28 anos, morreu na última quinta (26), após sofrer um mal súbito, em São Paulo. Segundo a equipe de Ingryd, ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Ela ficou conhecida por fotografar os filhos de celebridades como Bruna Biancardi e Neymar, e Tays Reis e Biel.

A informação foi divulgada no perfil da fotógrafa nas redes sociais. “Estamos em luto! Por volta das 5 horas da manhã da data de hoje, a Ingryd teve um mal súbito e, apesar de todos os esforços médicos durante duas horas incansáveis de angústia e desespero, infelizmente ela não resistiu”, escreveu sua equipe.

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Ingryd possuía dois estúdios fotográficos, e um dos últimos trabalhos feitos por ela foi o ensaio da filha de Bruna Biancardi e Neymar, Mavie. Nos comentários do post, amigos e familiares lamentaram sua morte.

 

Os palestinos de Gaza continuaram encontrando corpos, nesta quarta-feira (18), um dia após o bombardeio a um hospital na região que deixou centenas de vítimas. "Nunca vi nada parecido na minha vida", disse Ahmed Tafesh, depois de horas recolhendo restos humanos.

Entre os veículos queimados, voluntários retiram corpos e restos mortais e os colocam em sacos mortuários, enquanto outros são cobertos por mantas e invólucros brancos.

"Isso é um massacre. Nunca vi nada parecido na minha vida", contou à AFP Tafesh, que participou nestes esforços e relatou ter recolhido olhos, braços, pernas e cabeças das vítimas.

Autoridades de saúde do enclave, governado pelo grupo islamita palestino Hamas, afirmaram nesta quarta-feira que pelo menos 471 pessoas morreram no bombardeio do hospital Ahli Arab, localizado no centro da Faixa de Gaza.

Lideranças desta região atribuem o bombardeio de terça-feira à noite a um ataque aéreo de Israel, em resposta à ofensiva do Hamas em território israelense em 7 de outubro, que deixou mais de 1.400 mortos e quase 200 reféns sequestrados.

O Exército israelense afirmou, por sua vez, nesta quarta-feira que tem "evidências" de que "a explosão em um hospital de Gaza foi provocada pelo lançamento de um foguete da Jihad Islâmica que falhou".

- "Nem sei como saímos" -

Perto da então unidade de saúde, moradores compareceram ao local nesta quarta-feira para identificar os mortos e levá-los para serem sepultados.

Yahya Karim, de 70 anos, busca notícias de seus familiares. "Não sei quantos deles morreram nem quantos ainda estão vivos", contou ele, que considerou ficar no hospital antes da tragédia de terça-feira.

Outros, que sobreviveram ao bombardeio, relatam o terror que sentiram.

"Havia fogo e coisas caíam em cima de nós. Começamos a procurar uns aos outros. A eletricidade caiu de repente e não conseguíamos ver nada. Nem sei como saímos", disse aos prantos Fatima Saed.

Adnan al-Naqa, outro residente de Gaza, relatou que cerca de 2.000 pessoas estavam refugiadas no hospital na noite do ataque.

"Quando entrei no hospital ouvi a explosão e vi um incêndio imenso. Todo o lugar estava em chamas, havia corpos por toda parte, de crianças, mulheres e idosos", relembrou.

Segundo o o porta-voz militar de Israel, Daniel Hagari, "não houve nenhum fogo das FDI (o Exército israelense) por terra, mar ou ar que atingiu o hospital", declarou em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira.

O Hamas afirmou, por sua vez, que a tese israelense é "uma mentira que não engana ninguém".

Desde 7 de outubro, horas após a ofensiva inédita do grupo islamita, Israel atacou centenas de alvos na Faixa de Gaza, onde mais de 3.400 pessoas morreram, segundo as autoridades de saúde da região. Um milhão de moradores foram deslocados dentro do enclave, onde 2,4 milhões de palestinos vivem em condições precárias.

Na sexta-feira, Israel solicitou que os residentes do norte de Gaza se refugiassem no sul da Faixa mediante a possibilidade de uma incursão terrestre. Esta ordem de retirada foi rejeitada pelo Hamas e fortemente criticada pela ONU e vários países da região.

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