'Boi Neon' é destaque na abertura do Janela de Cinema
Festival continua exibindo longas, curtas e cópias restauradas de clássicos do cinema até 15 de novembro
Não é à toa que Boi Neon, filme do pernambucano Gabriel Mascaro, foi selecionado e venceu prêmios em alguns dos principais festivais de cinema do mundo (Cannes, Toronto, Hamburgo, Adelaide), tendo ainda sido eleito como o melhor filme no Festival do Rio deste ano. A obra foi exibida pela primeira vez em Pernambuco na noite desta sexta-feira (6) para uma plateia ansiosa: cinéfilos no primeiro dia do festival VIII Janela Internacional de Cinema do Recife.
Antes da sessão da Boi Neon, outros dois filmes já haviam sido exibidos no Cinema São Luiz, agora equipado com o que há de mais moderno em projeção de imagem e som, tudo novo e recém-instalado. Não é Um Filme Caseiro fez as honras. O longa de Chantal Akerman é o último da diretora belga, que faleceu no dia 5 de outubro em Paris. A obra é uma verdadeira 'sinfonia naturalista' composta pelo amor de Chantal por sua mãe, uma sobrevivente dos campos de concentração.
Longa pernambucano concorre a Mostra de Cinema de Veneza
A sexta também abriu a mostra especial que reúne expoentes do conhecido Gótico Britânico. O grande público presente em Os Inocentes é sinal de que as sessões da mostra também serão amplamente concorridas pelo público cinéfilo, que ainda tem pela frente títulos como Inverno de Sangue em Veneza e O Homem de Palha, dentre outros.
"Dá um frio na barriga lançar um filme na própria cidade", confessou Mascaro enquanto apresentava parte da equipe de Boi Neon, presente no cinema. "Parte do pessoal não viu o filme ainda", disse o diretor, se referindo aos colegas de produção que se mantiveram em Pernambuco, ou fora, e não puderam conferir a obra em sua maratona por festivais. A película traz o ator Juliano Cazarré como o preparador de bois Iremar, que se divide entre o trabalho com os animais e a paixão que nutre pela costura e o ramo têxtil.
O filme de Mascaro se mostra dono de um olhar sutil, delicado porém hábil, enfático em detectar as dualidades que permeiam o homem em sua relação consigo mesmo e seus semelhantes. O longa também quebra paradigmas no que tange à composição de seus personagens, que fogem a esteriótipos comuns de retratos próximos e evocam a complexidade do ser, homem, animal. Destaque para as atrizes Maeve Jinkings e a ótima Alyne Santana, que completa o elenco. Se vencerá a mostra competitiva do Janela, só os próximos dias dirão. Mas o fato é que 'Boi Neón' é mais um motivo de orgulho ao cinema pernambucano. Não apenas pelos prêmios que recebeu ao redor do mundo, mas pelo prêmio que é assisti-lo.
O festival continua até o dia 15 de novembro, com sessões no Cinema São Luiz, Cinema da Fundação e Cinema do Museu. Os ingressos custam de de R$ 2 a R$ 7. Confira mais detalhes do primeiro dia de evento no vídeo: