Contadores de histórias ganham o público pernambucano
Com estilos diferentes, artistas apostam na musicalidade, movimento corporal e criatividade
Diante de tanto apelo tecnológico, parece que a arte de contar histórias está roubando a cena na capital pernambucana. A tradicional rotina de ler um livro para as crianças está ganhando novos formatos e tomando conta de festas infantis, livrarias, escolas e até praças. A atividade de contação de histórias, que antes era reservada, na maioria das vezes, para a família, agora conta com mais adeptos e especialistas na área.
A contadora de histórias Flávia Diana ou Flavioleta, como gosta de ser chamada, desde os 19 anos percebeu que queria criar o seu próprio jeito de contar histórias. A artista de 27 anos, que começou com o teatro, relata que no Recife ultimamente a procura por contadores de histórias tem crescido bastante. "Percebo que a demanda têm aumentado, pelo menos nos grupos que conheço. Além disso, percebo que a forma de contar está com mais apelo e criatividade. No meu caso, por exemplo, transformo os aniversariantes em personagens das próprias histórias que crio", falou Diana.
Para ingressar nessa área, Flavioleta explicou que, além de se especializar, também criou uma dinâmica que tivesse sua característica. "Estudei e fiz vários cursos, inclusive de teatro. Com os conhecimentos adquiridos, consegui explorar a minha expertise com poesias, brincadeiras, utilizando instrumentos de percussão, o corpo e a voz", conta. Ainda segundo Flavioleta, Recife é culturalmente conhecida por suas histórias e não seria diferente o interesse pela contação de fábulas e versos.
Dedicando-se à arte das histórias infantis e de adultos desde 2008, a dupla Débora Pimenta e Érica Verçosa apresenta trabalhos bem diferentes, de acordo com o público. Débora conta que tudo começou na Livraria Saraiva há oito anos. A partir daí a demanda começou a crescer. “Há quase dez anos que atuamos, mas observo que há dois a demanda de clientes aumentou e a opção de contadores também”, diz.
Ela conta também que muitas pessoas confundem o papel de contador de histórias com o de animador de festas. “Alguns contratantes pensam que vamos animar festas. Na verdade, trabalhamos basicamente com o livro, a música e os movimentos corporais. Muitas vezes chegamos a contextualizar a história com o ambiente”, conclui Débora.
Érica Verçosa avisa que a contação de histórias não é algo direcionado exclusivamente à crianças. Uma vez por mês, no Centro Cultural Luiz Freire, em Olinda, as duas realizam o evento 'Coisas que se contam nas Olindas - Histórias e músicas'. "É para todas as idades", explica. De fato, já houve uma edição direcionada apenas para os adultos. Confira um pouco do trabalho das artistas:
Apaixonada pela poesia, a comunicadora social e contadora de história Mariane Bigio começou contando histórias pelos mercados do Recife. Em 2008 integrou um grupo de cinco mulheres, o Vozes Femininas, que tinha como propósito de levantar a bandeira da literatura feita apenas por mulheres. Em 2012, ela ingressou no mundo infantil e se dedica até hoje ao imaginário dos pequenos, acompanhada da sua irmã, Mila Bigio.
A partir daí, foram surgindo novas ideias e projetos. Um deles é Cordel Animado, no qual as irmãs animam as crianças em festas infantis, escolas, livrarias e festivais. Além do cordel, Mariane também lançou a Coletânea O Que Sou Eu? de cordéis infantis para ler e colorir, premiada pelo Ministério da Cultura e recentemente está engajada no programa de rádio Matraquinha, veiculado pela Rádio Folha nas manhãs de sábado.
A publicitária e artista Carol Levy, que começou a contar histórias há cinco anos, iniciou sua trajetória pelas livrarias do Recife e caiu na graça do público, conquistando uma legião de fãs. Recentemente, Carol lançou o seu álbum CantaBicho no Teatro de Santa Isabel. Carol relata que é um prazer imenso conquistar as crianças, porque elas são incrivelmente verdadeiras: quando elas não gostam de algo, simplesmente vão brincar com outra coisa.