Aquarius é “olhar sobre o Brasil” no Festival de Cannes
Filme do pernambucano Kleber Mendonça Filho representa e apresenta o país em um dos eventos cinematográficos mais importantes do mundo
Nesta quinta-feira (14), a organização do Festival de Cannes divulgou a lista dos filmes selecionados para a edição de número 69 do evento, um dos mais importantes do cinema mundial. Dentre os 20 longa-metragens escolhidos para a disputa da Palma de Ouro na competição oficial, as mais novas produções de nomes como Pedro Almodóvar (A Pele que Habito), Xavier Dolan (Mommy), Jim Jarmusch (Amantes Eternos), Jeff Nichols (O Abrigo), Nicolas Winding Refn (Drive), Paul Verhoeven (RoboCop) e Kleber Mendonça Filho (O Som ao Redor).
Após o sucesso internacional de seu último filme, rendendo-lhe o direito de representar o Brasil na corrida do Oscar, muita expectativa foi criada quanto a nova obra do cineasta pernambucano. “Aquarius” foi gravado em Recife entre agosto e setembro do ano passado e conta com a atriz Sônia Braga como protagonista. No filme ela vive a jornalista e escritora “Clara”, que sofre com as investidas de uma construtora que deseja erguer um edifício de 40 andares no lugar do prédio em que vive (Aquarius), único de estilo antigo na Av. Boa Viagem.
Segundo Kléber Mendonça, a boa notícia foi recebida com alegria, surpresa e satisfação. O diretor comemorou a oportunidade de ver um filme seu competindo com obras de cineastas que sempre admirou. “Eu já fui várias vezes a Cannes para cobrir o evento como crítico e agora me sinto honrado em ter um filme meu na disputa pela primeira vez. É incrível ver ‘Aquarius’ na disputa com um filme do Verhoeven, por exemplo, cineasta que sempre tive enorme admiração”, afirmou em conversa por telefone com a equipe do Portal LeiaJá.
Em seu perfil no Facebook, o diretor pernambucano comemorou a escolha do filme com o mesmo espírito crítico que o levou ao Festival de Cannes pela primeira vez em 1999: “FILME FEITO COM DINHEIRO PÚBLICO REPRESENTA O BRASIL NA COMPETIÇÃO DO FESTIVAL DE CANNES”. Ao LeiaJá o cineasta afirmou que é cabível comemorar a seleção, sem, todavia, esquecer que o Brasil vive atualmente sob a alcunha de pensamentos retrógrados. “Existe, hoje, um movimento retrógrado de pensar o Brasil, um crítica por parte de segmentos da sociedade que chega até a combater o incentivo à cultura. Precisamos nos opor a esse tipo de pensamento. A arte precisa ser defendida e não atacada”, desabafou.
Sobre o filme, KMF afirmou que um trailer deve sair nos próximos dias e que o lançamento em território nacional deve acontecer ainda este ano. O Festival de Cannes acontece entre 11 e 22 de maio e “Aquarius” representa o Brasil como um retrato do próprio país. “O filme tem, sim, um forte cunho político. Ele não só fala sobre o momento em que o Brasil passa, mas lança um olhar sobre o país, como um todo”, concluiu o cineasta.