Dois meses de Ocupe Cine Olinda: o olhar dos moradores

Moradores, comerciantes, artistas e cineastas falam sobre a ocupação e o que mudou após a retomada do espaço cultural pela sociedade civil após 51 anos de fechamento

por Roberta Patu qua, 30/11/2016 - 19:24
Brenda Alcântara/LeiaJáImagens/Arquivo Cine Olinda foi ocupado e oferece programação gratuita à população desde então Brenda Alcântara/LeiaJáImagens/Arquivo

Depois de um hiato de 51 anos fechado, com 'ensaios' de reformas que acabaram paralisadas, o Cine Olinda assume um novo papel para os moradores, comerciantes e visitantes que, agora, podem vivenciar o local. O espaço que estava abandonado e 'esquecido no tempo' agora é o protagonista na função que o cabe - um equipamento que fomenta a diversidade das linguagens artísticas. 

Porém, para isso acontecer, a sociedade civil ocupou o espaço após diálogos com representantes da Prefeitura de Olinda, Iphan e Fundarpe, no dia 30 de setembro de 2016. E, nesta quarta-feira (30), data que marca dois meses de intervenção popular de ativistas, vai de encontro à inércia do seu fechamento e dá voz aos moradores e comerciantes, que falam sobre as mudanças e a experiência de reviver o Cine Olinda.

O Portal LeiaJá conversou com os comerciantes das adjacências e moradores de alguns bairros da cidade de Olinda para saber qual a percepção deles e como eles veem o Ocupe Cine Olinda, confira no vídeo:

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Com os tapumes que cercavam o cinema derrubados e as portas abertas, o Ocupe Cine Olinda exibiu um longa após 51 anos. Desde a retomada do local pela população e por ativistas, o espaço já realizou diversas atividades, entre elas, o público pôde assistir à exibição de 110 filmes e participar de debates, oficinas, ações educacionais e programações temáticas. No período, o espaço cultural chegou a receber mais de três mil visitantes.

A cineasta Dea Ferraz, que já exibiu o filme Câmara de Espelhos, falou sobre a importância da ocupação, da representação do espaço para a sociedade e como foi a experiência.

“Passar Câmara de Espelhos no Cine Olinda foi uma experiência histórica. Não só por estar num espaço que existe desde 1920, mas, sobretudo pelo momento político que vivemos no país e pela força dos ativistas da ocupação. O filme seguiu-se de um debate profundo, aberto e dialético, onde a escuta e a troca foram centrais. Ver o Cine Olinda funcionando com uma programação intensa e com um público constante é a prova do quanto o poder público está afastado de suas reais funções; e é a certeza de que a mobilização é imprescindível. Salve Cine Olinda!”

Mediante as realizações das atividades culturais, o espaço permanece ocupado e à espera de um posicionamento do poder público. Recentemente, a Fundarpe reuniu os ativistas e líderes dos governos para discutir a permanência no local e a possível transferência da responsabilidade do Cine Olinda para a Fundação. Atualmente o equipamento cultural, que pertence à Prefeitura de Olinda, está sob tutela do Iphan.

Recentemente, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou uma audiência pública para debater a ocupação do Cine Olinda. A audiência será no próximo dia 6 de dezembro, às 14h, na sede das Promotorias de Justiça de Olinda, na Avenida Pan Nordestina, 646, Vila Popular. Para a reunião foram convocados para participar expositores, representantes da Associação de Teatro de Olinda (ATO), do Movimento de Teatro Popular de Pernambuco (MTP-PE), do Movimento Ocupe Cine Olinda, da Secretaria do Patrimônio e Cultura de Olinda, do Iphan e da equipe de transição do prefeito eleito Lupércio do Nascimento, cujo mandato começa em janeiro de 2017.

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