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O déficit habitacional do Recife, capital pernambucana, é uma das principais preocupações na redução das desigualdades sociais da cidade. Com mais de 71 mil pessoas sem um teto garantido, a cidade, há décadas, falha em conciliar indicadores de empregabilidade, moradia e segurança alimentar, frente a uma urbanização desenfreada que aconteceu nos anos recentes. Desta forma, sem ter o direito à habitação garantido, pessoas sem-teto no Recife viram ano após ano trocando as preocupações de uma família comum, por um manual de sobrevivência. 

Essa resistência às adversidades acontece nos habitacionais, moradias provisórias e principalmente nas ruas. Apesar de “resistir” ser um verbo bonito e inspirar resiliência, neste caso, se trata unicamente sobre a forma como pessoas pobres e sem acesso à moradia têm driblado a fome, o desemprego e a violência. Um dos equipamentos independentes que ajudam a aliviar o déficit é a ocupação. 

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Pelo Centro da cidade, diversas ocupações foram alvo de ordens de despejo, adiadas apenas após uma decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, através da Campanha Despejo Zero. A capital tem cerca de 45 prédios desocupados, sem manutenção e sem cumprimento do uso social, de acordo com o Ministério Público de Pernambuco. A maioria desses imóveis está sob disputa judicial entre a União, o Estado e empresas privadas. 

Esse também é o caso da ocupação Maria Firmina dos Reis, que existe desde 8 de março de 2022, no prédio onde funcionava a sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na Rua do Hospício, bairro da Boa Vista. O edifício é propriedade do Governo Federal e era protegido por segurança privada antes de ser ocupado. 

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As histórias nos barracos do Maria Firmina 

Na ocupação do antigo IBGE, há 190 famílias, acompanhadas por 58 crianças. As instalações do prédio são antigas e ele está deteriorado, com placas de cerâmica em falta do piso ao teto, fiação exposta e itens como janelas, fechaduras e pias arrancados. Quem faz a manutenção do imóvel, atualmente, é a própria coordenação da ocupação. O mobilizador Denety Ferreira, de 43 anos, do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), dá conta de gerenciar todas as famílias sozinho. Eletricista, ele treina outros moradores para o entendimento de elétrica e construção, e assim os próprios ocupantes vão recuperando o prédio aos poucos. Os barracos são identificados por números e controlados através de assinaturas. 

Após um trabalho de meses, a ocupação está prestes a inaugurar novos espaços no prédio, após uma reforma no quadro elétrico, construção de banheiros coletivos separados por gênero, e também sistema de monitoramento por câmeras e detectores de presença. Os moradores têm luz elétrica em todos os cômodos, o que antes não era uma realidade. Tudo foi obtido através de doações, em especial uma da Organização Habitacional do Brasil (Habitat) em Pernambuco, que doou cerca de R$ 30 mil em materiais para a reforma do Maria Firmina. 

“No começo foi difícil tirar o pessoal das ruas e trazer para a ocupação. O maior desafio é conseguir parar o uso de bebidas e entorpecentes, agora a gente consegue. Além disso, a rua ficou menos esquisita. O próprio batalhão que cuida da região falou com a gente que o número de furtos e roubos da rua caiu depois da ocupação, porque o problema do Centro é muito prédio vazio, comércio fecha cedo, não tem ninguém na rua a partir do fim da tarde. Tem gente que usava a outra rua para poder passar, e hoje já passa por aqui, porque tem movimentação”, disse Denety. 

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A ocupação Maria Firmina dos Reis não permite o uso de drogas dentro da propriedade; bebidas alcoólicas também não são aceitas. Assim, como driblar o desafio de afastar os moradores do uso e incentivá-los ao tratamento regular? De acordo com Denety, o controle é uma forma de evitar crises, tumultos e até mesmo episódios de violência, além de problemas com a lei, já que a ocupação é bastante visada pela polícia e por vizinhos. A ocupação, no geral, gera incômodo naqueles que não a conhecem. 

Mônica e Gutemberg são dois dos 190 moradores do Maria Firmina, e ocupam os barracos de número 67 e 57, respectivamente. Mônica Maria Farias, de 52 anos, está no local há seis meses e precisou iniciar tratamento para livrar-se do crack. Já Gutemberg Felipe, de 41 anos, está na ocupação desde a abertura - há um ano e nove meses - e precisou largar o álcool e as drogas para conseguir o seu lugar no local.  

Ambos eram pessoas em situação de rua quando conheceram o trabalho de Denety. Segundo Mônica, ela conheceu o crack aos 40 anos e saiu de casa por consequência dele. A relação com a família tornou-se insustentável e, após diversos episódios em que ela se viu roubando da própria casa para conseguir comprar entorpecentes, a rua começou a parecer a última opção. Antes disso, morava com a família na Ilha de Joaneiro, uma comunidade às margens da avenida Agamenon Magalhães. 

“Tá com seis meses que eu consegui parar o crack. Já me internei antes, mas nunca consegui parar por quatro, seis meses, consegui só aqui na ocupação. [O crack] Prejudicou muito a minha saúde. Ficava muito cansada, internada direto, com problema de pulmão. Ainda tomo medicamento para passar esse cansaço, mas vivia internada na Barros Lima e, mesmo assim, nunca parava, continuava o uso. Eu catava lixo pra comer. Pra conseguir dinheiro, passei um tempo me prostituindo ali na Maré [à beira rio, em Santo Amaro], e depois parei e fiquei me virando na Ceasa, até hoje”, compartilha Mônica. 

Já a dependência de Gutemberg se acentuou após o catador de recicláveis sofrer perdas familiares, a começar pela da própria mãe, em 2016. Ele também perdeu a tia e a avó logo em seguida. Quando a mãe dele morreu, ele estava prestes a deixar a Penitenciária Agro Industrial São João (PAISJ), na Ilha de Itamaracá. Em 2005, o homem foi preso e passou 12 anos em reclusão.  

Na PAI (como chamam a PAISJ), ele aprendeu a tocar bateria, passava o tempo compondo e frequentando cultos evangélicos. Muito religioso, Gutemberg sempre fala em “Deus” ao citar qualquer plano de sua vida e se diz feliz, mas arrependido do passado e confiante de que o futuro será melhor, com mais oportunidades. Quando relembra o alcoolismo, começa a chorar, pois lembra que o vício só começou com o luto pela falecida mãe. 

“A melhor coisa em nossa vida é quando a gente tem um lar, um cantinho para botar a cabeça. Morar na rua não é bom, a gente passa dificuldade pra comer e pra dormir. A gente não dorme lá. Quem vive na rua não dorme, vegeta. Hoje, eu sou feliz, só não sou mais feliz por causa do que aconteceu com a minha mãe. Olho e nem acredito que estou debaixo de um teto. Cheguei aqui, não tinha nada; uma cama, um sofá, uma mesa, e olho agora, tenho uma televisão grandona, um ventilador, e esse canto abençoado. Hoje posso dizer que estou vivendo um verdadeiro sonho, o sonho da minha moradia, mas o meu desejo de Natal mesmo, desejo da vida, é ter uma casa própria”, disse o morador. 

A vida de Ednilda 

Durante a visita à ocupação, o LeiaJá conheceu também a história de Ednilda Josefa Herculano, de 47 anos. Ela havia feito aniversário dias antes da entrevista, no último dia 15 de dezembro, mas sequer sabia que o dia era de celebração de sua vida. Foi avisada pelo companheiro, Paulo, que lembrou casualmente da data. Ednilda não sabe ler e nem escrever, e foi abandonada pela mãe aos 10 anos de idade. O pai, ela nunca conheceu. Atualmente, faz bicos como doméstica e lavadeira para fazer renda além do Bolsa Família que recebe. Quando as contas não fecham, recorre ao trabalho que teve acesso ainda aos 10 anos: a prostituição. 

Se as histórias de Mônica e Gutemberg revelam como a pobreza e a falta de oportunidades e de planejamento familiar podem afetar a vida de pessoas em vulnerabilidade, a de Ednilda mostra falhas ocorridas ainda numa fase bem precoce. Criança, ela foi privada do lazer, da educação, da segurança e do cuidado dos genitores. 

Em seu depoimento, ela conta que seu padrasto tentou abusar sexualmente dela, mas a mãe não acreditou no relato da filha e expulsou Ednilda de casa. Aos 10 anos, ela foi morar com uma tia, mas a situação de predatismo e pedofilia se repetiu com o marido da mulher. “Descobri, ali, que meu destino era rua, que família não era pra mim”, disse ela em entrevista. Aos 15 anos, ela se tornou sem-teto. 

“Eu não tive família. Foi só pra me botar no mundo, mas nunca tive pai e mãe. Então fiquei assim, trabalhava na casa dos outros pela comida, pela dormida, e chegou o dia que eu disse 'é, vai no destino'. Às vezes arrumo um homem, não dá certo, vou, volto de novo. Tinha 15 anos [quando fui morar na rua]. Dormi muito na rodoviária, prefeitura, sempre procurei um canto pra ninguém mexer comigo. Como eu já 'tô' na vida de fazer programa mesmo, é quase como estar na rua. Quando não tem o que comer, tem que estar pedindo aos outros. Se eu disser que, todo dia que saio pra rua, ganho dinheiro, é mentira. Se pagar o meu preço, que eu peço, vou por R$ 20, R$ 30, R$ 40 ou R$ 50”, relatou.  

Ednilda não tem como ignorar o sonho da moradia. Mais do que uma vontade, é uma necessidade antiga oriunda de um direito negado a ela ainda muito jovem. No entanto, o desejo de Natal dela mora um pouco mais longe. Ela, que sabe que a mãe mora no Rio de Janeiro com o padrasto hoje, sonha que a mulher esqueça do passado e a procure. A mãe de Ednilda, que se chama Dulcelina, nunca a procurou. A ausência já dura 37 anos. Conheça mais da história da moradora: 

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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou que mais de mil famílias ocuparam, na madrugada desta segunda-feira (20), duas fazendas em Parauapebas, no sudeste do Pará. De acordo com o movimento, as ações marcam o Dia da Consciência Negra, celebrado hoje, e a Jornada de Lutas Terra e Liberdade.

"Em luta, as famílias rememoram o legado de lutadores e lutadoras negras que inspiram a construção de um país livre da violência, da opressão e com garantia de direitos", diz nota, divulgada pelo MST. 

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O MST afirma que as fazendas ocupadas são improdutivas e resultado de grilagem de terras. As famílias reivindicam que as áreas sejam consideradas públicas e destinadas à reforma agrária.

O movimento diz ainda que o clima na região é tenso, com a presença de policiais que teriam bloqueado a entrada e saída dos acampados.

Cerca de 80 famílias do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) ocuparam na madrugada desta terça-feira (24) um prédio da União, onde antes funcionava a Polícia Rodoviária Federal, em Brasília. O patrimônio estava desocupado desde 2012, quando o órgão foi transferido para o setor policial. As famílias pedem que o imóvel seja destinado a moradias populares para reforma urbana.

Segundo um dos dirigentes do movimento, Cristiano Schumacher, a ocupação é parte da Jornada Nacional de Luta pela Moradia, que envolve uma pauta de reivindicações para combater o déficit habitacional, como a ampliação do Programa Minha Casa Minha Vida para pessoas de baixa renda, destinação de imóveis desocupados da União, de estados e de municípios para moradias populares e a criação de grupos de trabalho que proponham políticas públicas para a solução do problema habitacional no país. “Precisamos positivar o direito constitucional à moradia e combater o déficit habitacional”, reforça.

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Cristiano Schumacher diz que a ocupação em Brasília é um recorte do que vem sendo apontado pelas últimas pesquisas que indicam que o problema afeta principalmente famílias lideradas por mulheres. “São trabalhadoras do setor de limpeza e do comércio, com baixa renda e que enfrentam praticamente mais uma jornada de transporte para chegarem ao trabalho, moram de favor ou alugam moradias precárias muito longe de onde trabalham”, explica.

As informações apontadas pelo movimento integram um levantamento realizado pela Fundação João Pinheiro que apontou estimativas sobre o déficit habitacional no Brasil, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2016 a 2019.

De acordo com o estudo, em 2019, a falta de moradias ultrapassou 5,8 milhões de domicílios, nos quais as famílias vivem em habitações precárias, coabitação ou têm ônus excessivo com aluguel. Os casos em que as mulheres são a pessoa de referência na família ultrapassam 3,5 milhões, o que representa 60% do total de domicílios que apresentaram essas condições.

De acordo com o dirigente, a ocupação, nomeada Leidiane, em homenagem a uma integrante do movimento que faleceu, quer chamar a atenção da Secretaria do Patrimônio da União para o abandono de imóveis que o Estado não faz mais uso e que estão em condições precárias, deteriorados, são locais usados para consumo de drogas ou que facilitam alguns tipos de crime e muitas vezes enfrentam infestações de ratos ou outras pragas. “são milhares de imóveis sem funcionalidade, mas, até agora o governo federal só destinou 50 deles para habitação. Queremos discutir a revitalização desses espaços para moradia digna também com estados e municípios”, explica Cristiano Schumacher.

A Agência Brasil procurou a Secretaria de Patrimônio da União, ligada ao Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, e aguarda posicionamento da pastas sobre o tema.

Homenagem

A dirigente que dá nome à ocupação em Brasília é Leidiane Ribeiro, que desde os 12 anos de idade viveu em acampamentos lutando por moradia. Aos 18 anos passou a coordenar o MNLN no Distrito Federal e tornou-se referência nacional da luta por reforma urbana e moradia digna.

Leidiane faleceu em 2022, após muitos anos de tratamento contra o lúpus, uma doença autoimune que não tem cura. “Seu legado permanece presente em nosso cotidiano e em nossas ações por dias melhores”, informou o movimento, por meio de nota.

Cerca de 400 famílias formam a ocupação Carolina de Jesus, localizada ao lado do Terminal Integrado do Barro, no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste do Recife. O espaço que carrega o nome da ex-catadora, mãe solo e autora do livro Quarto de Despejo: Diário de uma favelada é divido em G1, G2 e G3, moradias que são habitadas por pessoas vindas de diversos municípios pernambucanos e encontram apoio organizativo, social e educacional no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Há três semanas, brigadistas, com formação em pedagogia ou licenciaturas, do setor de Educação do MTST promovem aulas para jovens, adultos e idosos do assentamento. “O MTST está fazendo um papel que deveria ser garantido pelo Estado. O papel de garantir a Educação para jovens, adultos e idosos sem teto. A nossa Educação não é assistencialista. É uma Educação popular que se propõe a pensar sobre o direito à cidade, a realidade excludente da cidade do Recife, as condições de vida das pessoas sem teto e dos problemas que os afetam”, explica Fátima Dutra, coordenadora do setor de Educação do MTST-PE.

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Fátima Dutra, coordenadora do setor de Educação do MTST-PE. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

As aulas são realizadas sempre aos sábados, das 14h até às 17h, no espaço do que um dia foi uma creche na Carolina de Jesus. À reportagem, Fátima conta que a ONG responsável pela iniciativa ficou sem recursos para manter a creche, por isso, foi descontinuada. A estrutura feita, em sua totalidade, de madeira foi recentemente reformada pela brigada para receber a primeira Educação de Jovens e Adultos (EJA) em uma ocupação no Estado. Ainda em caráter experimental, o projeto conta com uma turma reduzida e alunos de faixa etária que varia entre 20 e 67 anos de idade.

Parede da sala de aula da EJA na Ocupação Carolina de Jesus. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Ao se aproximar do horário de início das atividades na EJA, os militantes do setor de Educação do MTST realizam o chamamento porta-a-porta dos estudantes, que, aos poucos, formam uma espécie de romaria até a sala de aula. Ao LeiaJá, Fátima Dutra salienta que a Educação promovida na Carolina de Jesus é carregada de resistência, que é “alimentada pelo sonho de construir uma vida mais digna para os jovens, adultos e idosos sem teto. É o sonho de ver todos os nossos companheiros alfabetizados e contribuir com o processo de consciência política e de leitura de mundo de uma sociedade que se torna cada vez mais desigual e injusta”. 

Brigadista realizam chamamento 'porta a porta dos alunos'. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Brigadista realizam chamamento 'porta a porta' dos alunos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Militante do MTST e professor de filosofia, Renato Libardi comenta que a EJA no assentamento é reflexo de reuniões, planejamentos e formações. “Isso tudo aqui, inclusive, a pintura, esse chão limpo e todos os conteúdos foram frutos de muitas conversas, muitas reuniões on-line e presenciais, capacitação aqui, inclusive, com os próprios alunos. Foram muitas capacitações e formações”, disse. Esta é a primeira experiência do docente com estudantes da EJA em processo de alfabetização.

“Como militante, a gente precisa pegar tarefa. Mesmo com receio, pois, não sou formado em pedagogia, minha formação é em filosofia, e após a capacitação, percebi que dava para atuar aqui. A missão é muito bonita. Meu interesse, realmente, foi esse de pegar essa tarefa porque é algo fundamental e é minha primeira experiência. Então, a gente precisava tirar isso do papel, até porque há outras ocupações com essa mesma demanda [EJA] e a gente precisava de um projeto inicial”, pontua.

Renato Libardi é professor de filosofia e militante do MTST-PE.  Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

De volta à sala de aula

As histórias dos alunos se misturam dentro e fora da sala de aula. À reportagem, muitos alegam que foram privados de estudar por questões sociais e familiares. Entre os estudantes está Valdemiro José, de 52 anos, morador da Carolina de Jesus há seis anos. Ao LeiaJá, ele, que é natural de Surubim, frequentou por pouco tempo a escola. "Eu não tenho estudo. Quando a chuva chegava, a gente ia [sic] trabalhar. Chegou um tempo que meu pai falou: "não vai estudar mais não. Vai tudinho trabalhar", relembrou.

"Não sei ler e nem escrever. Essa escola está sendo 'top' para mim. Eu e meus companheiro não vamos nunca deixar [a EJA], que é melhor aqui do que a gente pra fora. Eu vou continuar aqui, não quero ir pra outro lugar não", afirma Valdemiro à reportagem, após ser questionado sobre a continuidade no projeto. 

Valdemiro José, de 52 anos, morador da Carolina de Jesus há seis anos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Maria Severina, de 67 anos, foi uma das primeiras moradoras do assentamento, em 2017. Ela afirma que nunca frequentou a escola. "Minha mãe trabalhava em um engenho, saia na segunda e só voltava para casa no sábado. Eu tinha sete irmãos pequenos, então eu precisava ficar em casa para cuidar deles e tomando conta da casa. Eu gostei [da EJA], estou achando ótimo. O que eu mais quero aprender é assinar o meu nome e outras coisas também né?", ressalta.

Maria Severina, de 67 anos, foi uma das primeiras moradoras do assentamento, em 2017. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Ana Lúcia da Silva, de 64 anos, também fez moradia na Carolina de Jesus desde o início. Diferente dos vizinhos e colegas de turma, ela frequentou a sala de aula até os 13 anos, período em que saiu de casa. "O marido da minha mãe tinha um jeito diferente, ficava olhando para mim e para as minhas três irmãs. Ele tinha muito ciúme de mim. Eu trabalhava carregando água para lavar roupa e, um dia, quando estava voltando para casa, vi ele com 'safadeza' com a minha irmã. Contei para a minha mãe, mas ela não acreditou. Aí, saí de casa", conta.

Ana Lúcia vê na EJA uma possiblidade de ingressar em um curso e, assim, voltar ao marcado de trabalho. Desempregada, ela pontua as coisas que mais gosta na sala de aula. "Gosto das palestras, das conversas, das brincadeiras". "Moro sozinha, eu e Deus, pronto. Quando falaram das aulas, eu aceitei na hora. Toda vez eu venho, gosto daqui...gosto mesmo daqui", reforça.

Ana Lúcia da Silva, de 64 anos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá

Aproximadamente 200 famílias deixaram o Residencial Vila do Mar, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, após uma reintegração de posse da propriedade na manhã desta terça-feira (5). O prédio tem 48 apartamentos e estava vazio desde 2017, após ser condenado pela Defesa Civil Municipal, por risco alto de desabamento. Em julho deste ano, foi ocupado por famílias coordenadas pelo Movimento de Luta por Teto, Terra e Trabalho (MLTT), criado há três anos. 

Segundo apurado pelo LeiaJá no local, o presidente do movimento, Davi Lira, foi encaminhado ao 16º Batalhão de Polícia Militar (16º BPM Frei Caneca), no Recife, para prestar esclarecimentos. A ocupação era irregular e o pedido de reintegração foi emitido pela Justiça Federal. Ao todo, 350 policiais militares coordenaram a ação. 

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A orientação é de que os moradores sigam para casas de parentes, se possível, ou que se redirecionem para a ocupação Leão do Norte, no Centro do Recife, e que também pertence ao MLTT. A Leão do Norte já abriga mais de 100 famílias, mas é rotativa e pode ter mudança diária nas acomodações.  

“Antes de a gente fazer a ocupação, já tínhamos feito um cadastro com a população aqui de Jaboatão. Em 2022, se a população pernambucana bem lembrar, mais de 60 pessoas morreram em um [deslizamento] dos bairros aqui de Jaboatão. A situação social de vulnerabilidade e risco dessas famílias, a maioria vinda de áreas de barreiras e alagamentos, nos colocou a necessidade de fazer uma ocupação para reivindicar o direito constitucional à moradia. Tivemos conhecimento desse local que há anos não cumpria nenhuma função social e fizemos um laudo técnico que atesta que não há nível de desabamento”, disse Victor Henrique, secretário geral do MLTT.

Victor Henrique, secretário geral do MLTT acompanhou a atuação da PM. LeiaJá Imagens

Desempregada, Illana Monteiro, de 38 anos, morava no apartamento com a filha e o marido e vem mantendo a família com o auxílio de R$ 600. "Eu não tenho onde morar. Eu estava dormindo na sala da minha mãe com meu esposo e minha filha de 3 anos e aceitei vir porque veio um engenheiro que viu que não tinha risco".

Antes da chegada da ocupação, as dependências do conjunto estavam tomadas por lixo, mato e entulhos, condição que atraía muitos mosquitos e ratos para a localidade. O MLTT mobilizou os integrantes para limpar a propriedade e chegou a estabelecer uma creche para atender às crianças.

"Esse movimento é muito organizado. Temos comissão de limpeza, portaria, cozinha voluntária e creche. Comparado onde eu e outras famílias vivíamos, isso aqui tava sendo um sonho", conta Illana.  

Illana participou da cooperação para a limpeza do Residencial Vila do Mar. LeiaJá Imagens

Ao momento desta publicação, todas as pessoas já haviam sido retiradas dos prédios e a Polícia Militar estava liberando, gradualmente, a entrada individual dos moradores por bloco, para a retirada de móveis e itens pessoais. 

Uma das queixas das famílias sobre o redirecionamento às casas de apoio é justamente sobre não haver local para guardar os próprios pertences; há vagas apenas para pessoas e espaço para itens de uso pessoal. Já o cadastro da assistência social municipal tem como objetivo inscrever as famílias em programas sociais, visando possíveis vagas em programas de habitação, como o Minha Casa, Minha Vida; mas nenhuma solução imediata ou próxima. 

*Com informações de Victor Gouveia 

Na manhã desta terça (5), cerca de 300 famílias que ocupavam o condomínio Vila do Mar, em Piedade, Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), deixaram os apartamentos em uma ação de reintegração de posse expedida pela Justiça Federal e cumprida pela Polícia Militar (PM).

Apesar dos blocos estarem desocupados pelo alto risco de desabamento, integrantes do Movimento de Luta por Teto, Terra e Trabalho (MLTT) apontavam condições de moradia pela falta de rachaduras na estrutura e entraram no local no dia 24 de julho.

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A maioria das famílias é oriunda de áreas vulneráveis do Recife e Jaboatão. Inclusive, a ocupação foi nomeada como "Monte Verde" em referência à localidade mais prejudicada por deslizamentos pelas chuvas de 2022.

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Ao todo, 350 policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque (BPCHoque), do 6º BPM e da Companhia Independente de Policiamento com Motocicletas (CIPMoto) atuaram na ordem de reintegração movida pela seguradora. Não houve confronto e as famílias deixaram as unidades voluntariamente, mas ainda protestam dentro do condomínio.

Uma equipe da Prefeitura de Jaboatão está no local para cadastrar os ocupantes em programas habitacionais do governo federal e estadual. Uma escola municipal no bairro de Cajueiro Seco foi cedida para abrigar as famílias.

"A Prefeitura do Jaboatão foi acionada para prestar apoio logístico e fazer um cadastro social para identificar quais famílias são do município e se estão enquadradas nos critérios estabelecidos por Lei para que sejam incluídas em programas habitacionais", confirmou em nota.

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) devem começar a desocupar na próxima semana áreas pertencentes a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Petrolina (PE), e da empresa multinacional Suzano, em Aracruz (ES).

O MST recebeu a notificação do mandado de reintegração da área de 46 hectares da Embrapa na quinta-feira (20). Em reunião entre representantes do MST, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) Incra, ficou definido que a condição para a desocupação é que o governo crie assentamentos para 800 famílias, em áreas a serem indicadas para desapropriação em Petrolina e Lagoa Grande (PE). Nos próximos dias, o movimento confirmou que fará a desocupação gradual da área da Embrapa.

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No caso das 200 famílias que ocuparam áreas da Suzano, no Espírito Santo, a desocupação da área de 8.039 hectares será concluída até o final da semana que vem, seguindo os protocolos legais necessários para a saída das famílias. O protocolo prevê a definição do local para onde as famílias serão levadas, a presença de ambulância e serviços da ação social e de direitos humanos. Em nota, o MST do Espírito Santo declarou que compreende que tais providências são medidas necessárias para a preservação da integridade física das famílias acampadas.

Reunião com ministro da Fazenda

Na última quinta-feira (20), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com lideranças do MST. Segundo o coordenador nacional do movimento, João Paulo Rodrigues, o ministro fez um apelo para que o grupo desocupe as áreas invadidas da Embrapa, em Pernambuco, e da empresa Suzano, no Espírito Santo. “Temos um compromisso que nós vamos desocupar a área da Suzano, e também a área referente à Embrapa. Só estamos procurando um local para levar as famílias”, disse Rodrigues.

O coordenador do movimento social também afirmou que o ministro Fernando Haddad prometeu aumentar de 250 milhões para 400 milhões de reais o orçamento dedicado ao assentamento de famílias acampadas. Segundo o dirigente do MST, existem 5 milhões de hectares de devedores da União nas mãos de menos de mil proprietários que, em conjunto, devem R$ 40 bilhões para o estado brasileiro

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou, no último final de semana, a ocupação de oito latifúndios em Pernambuco, abrigando 2.280 famílias nos acampamentos. A movimentação faz parte das ações da Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, no mês de abril. Conforme explicado pela organização, os assentamentos não estão ligados a nenhuma mobilização nacional, mas sim como forma de marcar o mês em que se relembra a chacina de Eldorado dos Carajás, quando 21 integrantes do MST foram assassinados no Pará, em 1996.

Os acampamentos são localizados na Região Metropolitana, Zona da Mata, Agreste e Sertão. Confira a lista abaixo:

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Engenho Cumbre, Timbaúba - 200 famílias, área pública que pertence ao governo estadual desde 2012;

Engenho Juliãozinho, Timbaúba - 150 famílias, terras do governo de Pernambuco, mas que estão sendo arrendadas de maneira irregular pela Usina Cruangi;

Engenho Pinheiro, Jaboatão dos Guararapes - 400 famílias ligado à falida Usina Bulhões, que além de não cumprir a sua função social também possui irregularidades tributárias perante à União;

Barra de Algodão, Tacaimbó - 80 famílias, área com situação irregular em relação à impostos;

Santa Terezinha, Caruaru - 350 famílias, área está com suas terras ociosas e tem implicações na Receita Federal;

Fazendo Boa Esperança, Glória do Goitá - 200 famílias, área que está sob controle de uma tradicional família da região, os “Paes”;

Engenho Barreirinha, Goiana - 300 famílias, as terras foram desapropriadas pelo Governo do Estado desde 2013, mas a Usina Santa Tereza mantinha sob seu controle;

Petrolina - 600 famílias ocupam área da Empresa de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

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De acordo com a equipe de comunicação, o MST também reivindica que o Governo do Estado assente, em 2023, todas as famílias acampadas no período dos últimos 8 anos, que somam um total de 65 mil, localizadas em 140 acampamentos. Reivindica também Crédito à Reforma Agrária para produção de mais alimentos para resolver de vez o problema da fome no país. O movimento reforça a importância da atuação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Pernambuco no processo de negociação com o governo estadual.

O MST justifica que, segundo o artigo nº 184 da Constituição Federal, a União deve desapropriar terras que não cumprem a sua função social e destiná-las à Reforma Agrária.

Com informações da Assessoria.

Cerca de 1,5 mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e de outros movimentos sociais ocuparam, nesta segunda-feira (10), a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Maceió. A liderança do grupo pede a exoneração do atual superintendente do Incra-AL, Cesar Lira, considerado um "bolsonarista raiz". Para o comando do Incra no estado, as organizações defendem a indicação do engenheiro José Ubiratan Rezende Santana.

A ação é liderada pelo MST em conjunto com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento Terra Livre (TL).

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Segundo o MST, a ação foi tomada diante da morosidade do governo federal e do Ministério do Desenvolvimento Agrário em tomar medidas administrativas para substituir o superintendente do órgão no estado, além de retomar a pauta da reforma agrária.

“É inaceitável a continuidade de uma gestão bolsonarista. Por que o governo Lula mantém por tanto tempo (mais de cem dias de governo) um superintendente inimigo da Reforma Agrária e com um histórico de violência junto a lideranças e comunidades?”, questionam as organizações em nota conjunta. "Entendemos que o Incra é um órgão estratégico e deve ser um mecanismo na colaboração para retirar o país do mapa da fome", destacam as entidades.

A ação faz parte do Abril Vermelho, mês no qual o MST relembra o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996. Naquele ano, no dia 17 de abril, 19 trabalhadores sem terra foram mortos em uma ação da Polícia Militar no município localizado no sudeste do Pará. Outras 79 pessoas ficaram feridas, duas das quais acabaram morrendo no hospital. 

A Agência Brasil busca contato com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra e atualizará esta reportagem assim que tiver retorno.

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O Avenida Conde da Boa Vista foi tomada por um novo protesto reivindicando moradia na manhã desta quarta-feira (29). O objeto de disputa, mais uma vez, é o antigo prédio do IBGE, localizado na Rua do Hospício, no Centro do Recife. No local, está montada a ocupação Maria Firmina dos Reis, onde cerca de 250 famílias aguardam um posicionamento do Governo de Pernambuco sobre o destino do imóvel.

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Uma ordem de reintegração de posse, notificando o despejo das famílias, já havia sido entregue no fim do ano passado. Desde então, a ocupação tem se mobilizado mais vezes, pedindo solução de moradia para as famílias sem lar. O déficit habitacional, apenas no Recife, já supera as 70 mil habitações. O protesto desta quarta-feira (29) foi organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e pela União Nacional por Moradia Popular.

"Reivindicamos uma reintegração assinada no ano passado sobre o prédio do IBGE, onde estamos há mais de um ano, com cerca de 250 famílias. Entramos com a defensoria pública pela causa, mas o próprio Estado ainda não se pronunciou sobre onde vai colocar essas famílias. Só chegou um oficial de Justiça, nos ameaçando, avisando que entraria com a tropa de choque no prédio, com bombas de efeito moral e spray de pimenta. Raquel disse que enxergaria os invisíveis, pois estamos aqui agora, visíveis”, explicou o mobilizador social Denet Ferreira, do MTST. 

Governo de Pernambuco respondeu

Por volta das 9h30, após cerca de uma hora de manifestação, os organizadores foram informados que poderiam ser recebidos pelo Governo Estadual. O LeiaJá entrou em contato com a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social do Estado, que informou que a comissão do MTST/UNMP seria recebida pela Companhia Estadual de Habitação (Cehab). Seis representações foram recebidas, sendo quatro coordenadores municipais e estaduais e duas famílias.

Trânsito

A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) do Recife informou que, desde às 08h24, “devido a uma manifestação na Av. Conde da Boa Vista, desvios foram feitos pela Rua do Hospício e a Rua do Riachuelo - sentido Centro; Rua da Aurora com a Av. Conde da Boa Vista; e Av. Conde da Boa Vista com a Rua do Hospício - sentido Centro”. No momento desta publicação, o trânsito estava sendo normalizado. Os manifestantes seguiram em marcha sentido ocupação. 

Por volta das 12h desta quarta-feira (21), um protesto por moradia bloqueou o cruzamento entre as ruas do Imperador e Martins de Barros, no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife. A manifestação foi organizada por moradores e coordenadores da ocupação Leonardo Cisneiros, localizada no antigo prédio do INSS, um edifício antes abandonado e de posse do Governo Federal. O imóvel foi ocupado em 17 de maio de 2021 e comporta cerca de 120 famílias. 

A Polícia Militar acompanhou a mobilização, que contou com objetos incendiados. A fumaça atrapalhou a passagem de pedestres e motoristas. Apesar das duas vias interditadas, o trânsito nos bairros de Santo Antônio, São José e Boa Vista foi “moderado”, de acordo com a Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU). O Corpo de Bombeiros foi acionado, por volta das 13h, para conter as chamas e fazer a limpeza do local. Até o momento desta publicação, a ocorrência estava em andamento. 

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O prédio do antigo INSS, também no bairro de Santo Antônio, é alvo de uma ação de reintegração de posse. Perto de completar dois anos, a ocupação que se instalou no edifício pede que o Governo de Pernambuco tenha celeridade na discussão com o Governo Federal, para realizar a compra e registro do prédio. 

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“A gente quer alertar o governo que vai entrar, já que esse governo já vai sair [o do PSB], e a governadora Raquel Lyra tem que saber que temos uma ocupação aqui, a Leonardo Cisneiros, e que há uma negociação com o atual governo, que precisa avançar para tornar esse prédio o primeiro edifício de moradia popular de Pernambuco”, explicou Jean Carlos Costa, de 43 anos, e coordenador do Movimento de Luta e Resistência Pelo Teto (MLRT). 

De acordo com Jean, sempre que a ocupação tenta se manifestar, há repressão policial ou desentendimento com as forças pacificadoras. “Queremos abrir esse diálogo. Estamos fazendo um protesto pacífico e organizado, mas a polícia chega truculenta, ameaçando a gente, e um sargento aqui me ameaçou. Não aceitaremos esse tipo de repressão, eles estão aqui para garantir a nossa segurança e a segurança da cidade. Inclusive, a cidade está abandonada, cheia de assaltos. A gente repudia esse tipo de atitude”, completou o coordenador. 

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Após dois anos de pandemia, em 2021, um em cada quatro jovens brasileiros de 15 a 29 anos, o equivalente a 25,8%, não estudava, nem estava ocupado. Mais da metade - 62,5% - é mulher. Os dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira 2022, divulgada hoje (2), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo a publicação, por conta da falta de experiência, os jovens são os que enfrentam maior dificuldade tanto para ingressar quanto para permanecer no mercado de trabalho. Eles representam o grupo mais vulnerável aos períodos de crise econômica, especialmente os menos qualificados.

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Em 2021, dos 12,7 milhões de jovens de 15 a 29 anos que não estudavam nem estavam ocupados no Brasil, as mulheres de cor ou raça preta ou parda representavam 5,3 milhões desses jovens (41,9%), enquanto as brancas formavam menos da metade desse montante: 2,6 milhões (20,5%), totalizando 7,9 milhões de mulheres ou 62,5% dos jovens que não estudavam nem estavam ocupados. Entre os 4,7 milhões de jovens restantes nessa situação, três milhões eram homens pretos ou pardos (24,3%), conforme classificação do IBGE, e 1,6 milhão de brancos (12,5%).

A pesquisa indicou que a pandemia não alterou a composição desse indicador por raça ou sexo. A SIS mostra que distintos papéis de gênero na sociedade influenciam a razão pela qual os jovens e as jovens se encontram na situação de não estudar nem estar ocupado. Os homens tendem a estar nessa situação mais frequentemente como desocupados, ou seja, em busca de ocupação e disponíveis para trabalhar, já as mulheres como fora da força de trabalho.

Crianças

Diversos fatores são responsáveis pelas mulheres que não estudavam nem estavam ocupadas estarem em maior proporção fora da força de trabalho, entre eles, destaca-se responsabilidades com o cuidado de crianças, conforme a publicação. Por sua vez, problemas de saúde e outros motivos prevalecem entre os homens que não estudavam nem estavam ocupados fora da força de trabalho.

“As mulheres, em sua maioria, estavam fora da força de trabalho. Elas não eram desocupadas, elas não estavam procurando emprego e disponíveis para trabalhar como é o caso da maioria dos homens”, afirmou a pesquisadora do IBGE Betina Fresneda.

“Essa situação é ratificada com a investigação dos motivos pelos quais as mulheres estão nessa situação e, como o principal motivo, figuram cuidados e afazeres domésticos, assim como em outros países que investigam esses motivos”, acrescentou.

Esse índice reduziu em 2021 em relação a 2020, quando 28% dos jovens não estavam estudando, nem trabalhando. Em 2020, entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil foi o terceiro maior percentual de jovens adultos que não estudavam nem estavam ocupados, ficando atrás apenas da África do Sul e da Colômbia.

Nível de ocupação

Consideradas todas as faixas etárias a partir dos 14 anos, o nível de ocupação no Brasil subiu de 51% em 2020 para 52,1% em 2021, mas ainda está bem abaixo de 2019, 56,4%. São considerados nesse indicador tanto aqueles que possuem um vínculo empregatício, quanto os empregados sem carteira e os trabalhadores por conta própria.

O estudo mostra, ainda, que, em 2021, aumentou a diferença de ocupação entre homens e mulheres. Mesmo situados em patamar mais baixo, o nível e a ocupação das mulheres foram mais reduzidos em 2020 e cresceram menos em 2021, ampliando a distância entre os sexos.

Em 2019, antes da pandemia, 66,8% dos homens e 46,7% das mulheres com mais de 14 anos estavam ocupados. Em 2021, o nível de ocupação dos homens caiu 3,7 pontos percentuais (pp) para 63,1%, enquanto o nível de ocupação das mulheres recuou 4,8 pp para 41,9%.

Em relação a raça, a população ocupada preta ou parda é 19% superior à população branca. No entanto, há diferenciação significativa em relação ao vínculo empregatício – a informalidade é maior entre pessoas pretas e pardas – e a remuneração.

Em 2021, o aumento das ocupações informais foi de 1,6 pp para as pessoas de cor ou raça preta ou parda e 0,9 pp para pessoas de cor ou raça branca. Em relação ao rendimento, a diferença total é de 69,4% entre pretos e pardos e brancos.

A SIS reúne indicadores que ajudam em um conhecimento amplo da realidade social do Brasil. A publicação utiliza dados de pesquisas do IBGE como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) e a Pesquisa de Informações Básicas Municipais, além de dados de fontes externas como o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e informações de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

 

A taxa de ocupação dos leitos de UTI na rede pública chegou a 74% em Pernambuco, segundo dados do painel que apresenta informações sobre leitos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) no Estado. Das 581 vagas ofertadas para Srag, 430 estão ocupadas por pacientes com Covid-19 devido a nova alta da doença impulsionada pelas subvariantes BQ.1 e XBB do vírus. 

Além da alta taxa de ocupação, há 46 solicitações ativas para leitos públicos de UTI no Estado, ou seja, pacientes que estão na fila de espera. Dessa quantidade, 32 são pessoas adultas e 14 são crianças. 

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Ainda de acordo com o painel da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag-PE), a última vez que Pernambuco teve um número parecido de pacientes em fila de espera foi em julho deste ano. 

Nos leitos de enfermaria, dos 507 disponibilizados pela rede pública, Pernambuco tem 318 ocupados. Sendo assim, a taxa de ocupação está em 63% e também há 40 pessoas com sintomas do vírus na fila de espera por uma vaga na enfermaria. Destas pessoas, 36 são adultas e quatro crianças. 

A fila de espera nos leitos de UTIs e enfermarias da rede pública de Pernambuco pela Covid-19 se dá porque as vagas são destinadas para pessoas com síndrome respiratória aguda grave e apenas algumas delas são voltadas para pacientes com o vírus. 

Moradores que ocupam o prédio abandonado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na área central do Recife, desde maio do ano passado fecharam as principais ruas do centro da capital em protesto por moradia nesta quinta-feira (13). Segundo eles, não houve avanço nas discussões sobre o futuro das pessoas que estão no imóvel.

São 120 famílias, cerca de 400 pessoas que esperam por uma resposta do poder público. Segundo Jean Carlos Costa, coordenador do Movimento de Luta e Resistência pelo Teto (MLRT), líder da Ocupação Leonardo Cisneiros, o governo federal deve fazer a reintegração de posse no próximo dia 31 deste mês. Na tentativa de conseguir respostas, os moradores dizem que vão realizar manifestações na área central da capital pernambucana todos os dias, até a data estipulada para a reintegração.

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"Nada ainda foi viabilizado por parte do governo federal. A gente tem conversado com a Prefeitura do Recife e com o governo do estado, mas ainda não tivemos uma posição clara. Essas famílias vão ficar desamparadas? Vão ficar sem apoio? Quem está aqui é recifense, nordestino e quer uma resposta clara e objetiva desses dois poderes [municipal e estadual]", detalha o líder.

Costa ressalta que o governo federal quer o prédio, mas os ocupantes não pretendem, inicialmente, abrir mão do espaço. "O nosso objetivo é que esse prédio seja transformado na primeira moradia popular do Estado de Pernambuco no Centro, que hoje está desabitado. A gente não vê uma certa quantidade de pessoas morando hoje no Centro. Mas se o governo do Estado quiser dar uma solução habitacional, a gente pode negociar. Mas o nosso objetivo é reformar esse prédio."

"A gente está lutando por casa porque ninguém tem casa não. Se eu sair daí, eu vou pra onde? Eu não tenho para onde ir, a não ser a casa da minha mãe", diz Joseli Xavier, uma das moradoras do imóvel, que também participou da manifestação.

A mulher destaca que esteve, junto com outros integrantes da Ocupação Leonardo Cisneiros, em uma audiência pública realizada no mês de setembro deste ano, na Câmara de Vereadores do Recife, mas nada foi resolvido e ficaram "a ver navios". 

Regina de Cássia, uma das coordenadoras da ocupação, conta que são cerca de 47 imóveis abandonados no Centro do Recife que poderiam estar sendo ocupados por pessoas que precisam de um lar. "Por que eles estão fazendo tanta questão por este [antigo prédio do INSS]? Por que eles simplesmente não pegam o dinheiro e reformam isso aí para [ser] a primeira moradia popular do Centro? Eles querem tirar as famílias e jogar todo mundo na rua", critica.

O LeiaJá aguarda os posicionamentos da União, da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco. 

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU, Rafael Grossi, confirmou viagens para Kiev e Moscou para discutir a segurança na usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, após a Rússia ter anunciado, na quarta-feira (5), que vai tomar o controle da operação da estação atômica.

A usina nuclear de Zaporizhzhia está localizada na província de mesmo nome, uma das quatro anexadas ilegalmente pela Rússia na última semana. O território está sob domínio de tropas pró-Moscou desde meados de março, mas a operação dos reatores e da geração energética ainda está sob comando de engenheiros ucranianos - situação que foi discutida durante o conflito, em meio a temores de que a falta de operação ou manutenção pudessem causar uma catástrofe nuclear.

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No entanto, o presidente Vladimir Putin assinou um decreto na quarta-feira, 5, nacionalizando as instalações e passando formalmente o controle da usina engenheiros russos. De acordo com a reivindicação de Putin, uma vez que as instalações agora estão localizadas em território russo - ao menos na ótica de Moscou - ela também deve ficar sob o controle russo.

"O governo deve garantir que as instalações nucleares da usina (...) sejam aceitas como propriedade federal", diz um trecho do decreto assinado pelo presidente russo.

Autoridades ucranianas criticaram a decisão, classificando o decreto de Putin como "nulo", "sem valor", "absurdo" e "inadequado". O diretor da empresa de energia estatal da Ucrânia, Petro Kotin, afirmou que "todas as decisões sobre a operação da estação serão tomadas diretamente no escritório central da Energoatom", embora não tenha deixado claro como isso será possível, uma vez que o domínio militar do território ainda é russo.

A chancelaria ucraniana pediu que o G-7 impusesse novas sanções à empresa estatal de energia nuclear da Rússia, a Rosatom, e fez um apelo para que os países-membros da AIEA limitem a cooperação com a Rússia.

Em um comunicado na quarta-feira, Rafael Grossi, afirmou que estava viajando para Kiev para discutir o status da usina e que planeja fazer uma viagem à Rússia para discutir o assunto, mas não especificou quando. Novas informações devem ser fornecidas nesta quinta-feira, 6.

A agência internacional enviou dois funcionários para a região em setembro para avaliar independentemente a segurança da instalação, e solicitou o estabelecimento de uma zona de proteção ao redor da usina -Grossi chegou a dizer no mês passado que havia negociações ativas com a Ucrânia e a Rússia para encerrar as ações militares dentro e ao redor da usina, embora tenha dado poucos detalhes.

Separadamente, na quarta-feira, o AIEA comunicou que tem informações de que a usina planeja reiniciar um de seus seis reatores. Em setembro, o último reator em operação foi desligado por questões de segurança, enquanto os combates continuavam nas proximidades. A usina, em plena operação, fornecia cerca de um quinto do fornecimento de eletricidade da Ucrânia. (Com agências internacionais).

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Na manhã desta terça-feira (19), moradores de ocupação no antigo prédio do INSS fecharam a Rua do Imperador, no bairro de Santo Antônio, área Central do Recife, em protesto contra Guarda Municipal. A ocupação e a Central de Atendimento do Cadastro Único dividem o mesmo prédio. 

Entulhos foram incendiados pelos manifestantes para bloquear a rua. Eles relatam que os guardas são agressivos e não conseguem controlar a agitação causada pela movimentação de pessoas que chegam de madrugada para garantir lugar na fila do CadÚnico.

Por outro lado, há relatos de que os moradores costumam jogar objetos dos andares superiores do prédio e que teriam furtado a lona instalada pela Prefeitura para proteger a fila do sol. Ocupantes que estavam na fila nesta manhã não quiseram comentar sobre o ato.

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As famílias que foram atingidas pelas chuvas precisam enfrentar a fila de cadastro para receber o auxílio municipal e estadual. Além do auxílio das chuvas, o repasse de outros benefícios federais, como o Auxílio Brasil e o BPC-LOAS, passa pelo cadastramento no Cadúnico. 

Um dos coordenadores do Movimento de Luta e Resistência pelo Teto (MLRT) Jean Carlos dos Lírios apontou que a Prefeitura já foi comunicada, mas a postura da Guarda Municipal não foi corrigida. "Esse fechamento foi motivado pela própria Guarda Municipal, que está tratando as pessoas com truculência e agressão", disse. "Além de tudo, as madrugadas aqui estão sendo complicadas e as famílias dos prédios não estão conseguindo dormir", acrescentou.

O morador da ocupação Robson de Carvalho também reclamou do barulho na região. "Isso aqui não é fila, isso aqui a noite parece uma boate. Vem gente fazer zoada desde a madrugada, os guarda municipais agem com excesso de autoridade, filmando crianças, empurrando gestante e não botam ordem no lugar que era para ter ordem", descreveu. Além da Guarda Municipal, o Corpo de Bombeiros foi acionado, apagou as chamas e por volta das 10h tentava liberar a via.

Com informações de Thaynara Andrade

Carolina Lekker tem uma fonte de renda um tanto inusitada. Vivendo na Espanha, a candidata ao Miss Bumbum 2022 fatura alto fazendo testes de fidelidade. Ela investiga maridos de caráter duvidoso e já conseguiu descolar US$ 10 mil, o equivalente a cerca de R$ 50 mil. 

Em entrevista à revista francesa Malvie, a modelo falou sobre sua ocupação. Carolina conta que o valor do seu serviço gira em torno de R$ 10 mil. No teste, ela paquera a pessoa comprometida e vê como ela reage. Se o investigado não cair no papo, o dinheiro é devolvido à mulher que a contratou.

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A brasileira revelou que o processo acontece pela internet mesmo, e que, apesar de eventuais reembolsos, o serviço tem lhe garantido um bom lucro.“Eu começo o teste com uma conversa casual no Instagram. O papo, então, flui conforme as respostas e, assim, inicio uma troca de mensagens mais quentes. Se o alvo me chamar para sair, ou aceitar o meu convite para um encontro, não passa no teste”, explicou.

Famílias da ocupação Maria Firmina dos Reis, no Recife, foram as organizadoras de um protesto, na manhã desta quarta-feira (29), no bairro da Boa Vista. Desde 8 de março deste ano, data que marca o Dia Internacional da Mulher, pessoas em situação de vulnerabilidade social e sem moradia fixa têm intensificado a movimentação de ocupação de imóveis inutilizados na capital pernambucana. O Maria Firmina, que já havia sido ocupado entre 2010 e 2011, fica localizado na rua do Hospício, ao lado do Ginásio Pernambucano, e comporta mais de 250 famílias. 

O prédio pertence ao governo federal e já foi sede do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no passado. De acordo com Denety Ferreira da Silva, coordenador filiado à União Nacional Por Moradia Popular, o edifício está desocupado há anos e era protegido por segurança privada. O medo da ocupação agora é de que, com a perda do vigor da Campanha Despejo Zero, que se encerra nesta quinta-feira (30), os moradores voltem às ruas. 

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“Ocupamos esse prédio em 2010 e saímos em 2011. De 2011 pra cá, esse prédio não recebeu nenhum benefício, uso ou melhoria. Nós saímos com esse mesmo tipo de ordem, não existia a lei do Despejo Zero, então fizeram a reintegração de posse”, disse o coordenador ao LeiaJá. “Ocupamos novamente pedindo moradia digna, que é um direito a todo cidadão brasileiro. Temos aqui pessoas de São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e Natal. Várias famílias que tiramos da rua. Pessoas que vieram tentar a sorte em Recife, que era conhecida como a cidade da oportunidade, e nós não podemos mais dizer isso”, acrescentou. 

Ainda segundo o coordenador, a ocupação não foi procurada nem pela prefeitura do Recife e nem pelo Governo de Pernambuco para dialogar sobre possibilidades de ocupação ou realocação. Os moradores sobrevivem com o apoio de projetos sociais, sobretudo de distribuição de refeições, que se dividem no Centro do Recife para comportar toda a população.  

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Campanha Despejo Zero 

O Projeto de Lei 4253/21, criado com base em dados da campanha Despejo Zero, prorrogou até 30 de junho de 2022 os efeitos da Lei 14.216/21, que proibia até o final do ano passado o despejo ou a desocupação de imóveis urbanos em razão da pandemia de Covid-19. Além disso, o texto em análise na Câmara dos Deputados estende a vedação aos imóveis rurais. 

A autoria do projeto é de Natália Bonavides (PT-RN) e outros 41 parlamentares que acompanharam favoravelmente o texto. Os deputados argumentaram que aquela lei, oriunda de proposta surgida na Câmara, e uma liminar do Supremo Tribunal Federal favoreceram aproximadamente 11,3 mil famílias na pandemia. 

Apesar disso, os autores estimam que mais de 123 mil famílias estão sob o risco de remoção forçada e mais de 23,5 mil foram efetivamente despejadas entre março de 2021 e outubro de 2022. 

A atendente de loja Ilanne Olindina dos Santos Monteiro, de 36 anos, é uma entre as centenas de mães temendo o despejo nesta quinta-feira (30). Ela chegou ao prédio Maria Firmina dos Reis em 11 de março, três dias após o retorno da ocupação, ao passar pela triagem. 

“A gente precisa saber quem vai ocupar, é na triagem que a ocupação sabe quem é quem. Já que a gente vai conviver todos os dias, precisa ser tranquilo. A necessidade foi o ponto crucial para minha mudança [à ocupação], e também a oportunidade de ter uma moradia digna com a minha família. No momento estou desempregada, mas tenho uma função, sou atendente de loja”, compartilhou ao LeiaJá. 

Ela continuou: “Meu marido e eu não conseguimos pagar um aluguel, fazer feira, nem dar o melhor para a nossa filha. A gente às vezes vai vender água, vender pipoca, mas o que a gente quer mesmo é carteira assinada. Nossa fonte de renda atualmente é o Auxílio Brasil, mas no momento não faço parte de nenhum cadastro de habitação”. 

Confira imagens da ocupação: 

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Na manhã desta quarta-feira (8), moradores de diferentes ocupações do Recife realizaram um protesto no Centro da cidade, reivindicando direitos em questões de moradia, saúde e saneamento, e acesso ao cadastramento municipal que garante a concessão de auxílio financeiro. A manifestação começou por volta das 10h50, entre as ruas do Imperador e 1º de Março. 

A população queimou pneus e pedaços de madeira no acesso às vias, que ficaram bloqueadas em todos os sentidos essenciais da região central da capital pernambucana. Também houve interdição na Rua Martins de Barros. No local, protestaram moradores de comunidades em Nova Descoberta, que sofreram com as chuvas das últimas semanas; ocupantes da Rosa Luxemburgo, no terreno do antigo Bariloche, situado às margens da BR-101; e ocupantes da Leonardo Cisneiros, no antigo prédio do INSS. 

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Para controlar o fogo, o Corpo de Bombeiros foi acionado e iniciou a ocorrência por volta das 11h05. A Polícia Militar e a Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU) também compareceram ao local para acompanhar a situação. De acordo com Jean Carlos, coordenador estadual do Movimento de Luta e Resistência Pelo Teto (MLRT), que assessora as famílias, houve problemas entre os moradores e a PM. Confira os relatos: 

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A situação da ocupação Leonardo Cisneiros já dura mais de um ano. Locadas no antigo prédio do INSS, edifício abandonado que fica na Rua Marquês do Recife, no bairro de Santo Antônio, cerca de 120 famílias aguardam a regularização da própria moradia. A situação é parecida na ocupação Rosa Luxemburgo, que comporta 150 famílias. 

Já as reivindicações dos moradores de Casa Amarela estão mais associadas às perdas causadas pelas chuvas. As famílias exigem inserção no cadastramento da Prefeitura do Recife e acompanhamento além da concessão do auxílio municipal, cujo valor do benefício é votado nesta quarta-feira (8), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). 

De acordo com Jean Carlos, os manifestantes devem, ainda nesta quarta, seguir para o Palácio do Campo das Princesas, onde fica a sede do Governo do Estado, e também para a Prefeitura do Recife. 

Trânsito 

De acordo com a CTTU, o protesto provocou desvios no tráfego. Confira os trechos afetados: 

- Interdição da Ponte Maurício de Nassau, os veículos que seguem no sentido Sul devem utilizar a Ponte Giratória; 

- Os que vêm do Cais Santa Rita em direção ao Centro não podem seguir pela Ponte Giratória e realizam desvio pela Av. Nossa Senhora do Carmo; 

- Os que estão na Av. Martins de Barros também seguem pela Av. Nossa Senhora do Carmo. 

 

O Brasil registrou o fechamento de 472 mil vagas no mercado de trabalho em apenas um trimestre, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população ocupada alcançou de 95,275 milhões de pessoas no trimestre encerrado em março de 2022. Em um ano, mais 8,193 milhões de pessoas encontraram uma ocupação.

Já a população desocupada diminuiu em 62 mil pessoas em um trimestre, totalizando 11,949 milhões de desempregados no trimestre até março. Em um ano, 3,308 milhões deixaram o desemprego. A população inativa somou 65,454 milhões de pessoas no trimestre encerrado em março, 929 mil a mais que no trimestre anterior. Em um ano, esse contingente encolheu em 3,292 milhões de pessoas.

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O nível da ocupação - porcentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar - subiu de 55,6% no trimestre encerrado em dezembro de 2021 para 55,2% no trimestre até março de 2022. No trimestre terminado em março de 2021, o nível da ocupação era de 50,9%.

Desalento

O País registrou 4,594 milhões de pessoas em situação de desalento no trimestre encerrado em março, segundo os dados da Pnad Contínua divulgados nesta sexta-feira.

O resultado significa 195 mil desalentados a menos em relação ao trimestre encerrado em dezembro de 2021, um recuo de 4,1%. Em um ano, 1,326 milhão de pessoas deixaram a situação de desalento, queda de 22,4%.

A população desalentada é definida como aquela que estava fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade - e que, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga. Os desalentados fazem parte da força de trabalho potencial.

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