Pela primeira vez, Flip convida mais autoras que autores
Festa Literária Internacional de Paraty busca se reinventar e trazer mais representatividade para a sua programação, aumentando também a presença de autores negros
Após 15 anos de existência, pela primeira vez a Festa Literária Internacional de Paraty convidou mais homens do que mulheres para sua programação. A edição contará com 24 mulheres e 22 homens nas 22 mesas do evento, que acontece dos dias 26 a 30 de junho. Além disso, em 2017 autores menos conhecidos e pequenas editoras ganharão mais destaque.
Outro diferencial dessa edição é que, segundo os organizadores, 30% dos autores escolhidos são negros. No ano passado, uma carta aberta publicada por professoras da UFRJ acusavam a Flip de estar promovendo um "Arraiá da Branquidade". As críticas eram direcionadas ao fato de que não havia autoras negras em meio às escolhidas para o evento.
Em 2017, além desse aumento de autores, o homenageado Lima Barreto também representa os afrodescendentes, e Lázaro Ramos será o responsável por dar voz ao escritor na abertura do evento.
Por trás dessas mudanças há a volta de uma mulher à frente da curadoria. Nesta edição, Josélia Aguiar substitui Paulo Werneck, que comandou a programação por três anos. Ela é a segunda mulher a assumir esse posto, que não tinha uma figura feminina desde 2005-2006, quando Ruth Lanna foi a primeira mulher curadora.
"Não estou criando uma programação como resposta às edições anteriores, ou para atender às expectativas mais imediatas", diz Josélia, que explica ainda: "Não foi fácil, sabemos que isso não representa ainda o mercado. A oferta de homens é maior, eles são mais premiados, mais conhecidos". Segundo a curadora, é preciso repensar a representatividade nesses eventos.
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