Fenearte apresenta sua mistura das raças e etnias
Artesãos atravessaram o país e até o mundo para expor suas obras na feira de artes de Pernambuco
Atravessando o país, artesãos como Cleiton da Cerâmica, 49 anos, e Beti do Tururi, 64 anos, são os exemplos que podem ser encontrados na 19ª Fenearte, de pessoas que rodam o Brasil para expor as suas obras e, assim, ganhar reconhecimento e o sustento do lar. Vindos do Amapá, Norte do Brasil, para que os seus produtos chegassem no Centro de Convenções, Olinda, Região Metropolitana do Recife, foi preciso três dias de transporte através de balsa e três dias de estrada. "Nossa cidade só tem estrada até Belém (Pará), e pra sair de lá a gente só consegue de avião ou navio. Por conta disso a gente não conseguia trazer todos os produtos pra essa exposição", informa Beti do Tururi.
No entanto, agora com a ajuda do governo no Amapá, eles conseguiram trazer para a 19ª Fenearte outros produtos que eram impossibilitados de transportar em avião, como as mesas de árvores caídas na ilha. "Pela primeira vez nós conseguimos trazer as peças grandes. Mas anteriormente sempre participávamos com as nossas cerâmicas, vime, cestaria, as fibras e sementes dos frutos", confirma Beti.
Ainda ao Norte do país, Rodney Paiva, vindo do Acre, estava no evento oferecendo para o público produtos já premiados. Denominados de "biojóias", feitos de sementes e das madeiras caídas – que possibilitaram a Rodney o prêmio "Top 100 Sebrae", no ano de 2016, além do selo de excelência dado pela UNESCO na Escola de Arte de Montevidéu, no Uruguai, sendo a única mulher em 2012 a ganhar esse prêmio – com a peça chamada "Cores da Mata". "Eu comecei como artesã quando o meu esposo teve que sair do Amazonas para trabalhar em Rio Branco, Acre, e eu tive que ir com ele. Lá, conheci uma instituição e comecei a participar dos cursos no ano de 2004", lembra Roney Paiva.
Hoje, a artesã Rodney conta com o sucesso de seus produtos na Fenearte. Tendo já vendido boa parte de toda a sua obra. "No início não foi fácil. Mas hoje em dia eu tenho cliente até em São Paulo. Para você ter ideia, eu trouxe 52 peças do 'Cores da Mata' no primeiro dia de feira e vendi tudo para os próprios lojistas daqui", informa Rodney. Agora, o esposo que era mecânico acabou se tornando o funcionário da artesã que sonha em ser mais reconhecida pela sua arte.
Vindo de África
Engana-se quem pensa que só o Brasil está reunido nessa feira. Serigne Touba Gueye, veio diretamente do Senegal, no Continente Africano, para expor e vender as suas peças. Há 4 anos, o senegalês mostra a sua arte africana para o público que vai prestigiar a Fenearte. "Aqui no Brasil eu importo todo esse material de minha família e o que não dá para trazer eu mesmo faço na hora. Quando comecei a expor na Fenearte o governo do meu país apoiou. Agora que eu já me estabeleci a oportunidade vai para outro", ratifica Serigne.
Mesmo falando pouco o português, o artista consegue rodar por outras feiras em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo. Levando as suas obras primas e integrando com o que se consegue ser produzido por ele no Brasil. Mas, para o senegalês, "sem dúvidas que Pernambuco é melhor", finaliza.