Como as selfies revolucionaram a fotografia (e a sua vida)

Neste domingo (19), data em que é comemorado o Dia Mundial da Fotografia, entenda como esse tipo de autorretrato mudou a história da humanidade

por Paula Brasileiro dom, 19/08/2018 - 12:00
Pixabay As selfies revolucionaram a fotografia e a sociedade Pixabay

Os primeiros 'curiosos' que trabalharam para desenvolver 'engenhocas' que registrassem imagens não poderiam imaginar que a fotografia se tornaria uma das ferramentas mais importantes da humanidade. Muito menos poderiam vislumbrar que, séculos depois, as fotos se tornariam tão populares e diversas, servindo para os mais diferentes objetivos como documentação, publicidade e registro de momentos, entre outros.

Com o avanço da tecnologia, a chegada das câmeras digitais e celulares com câmeras cada vez mais potentes, fazer fotos ficou mais fácil e mais barato; e fotografar (com qualidade) passou a estar ao alcance de qualquer um. Os autorretratos, especialmente, ganharam mais força e, batizados de 'selfie', deram à fotografia novo sentido e uso.

Autorretratos sempre existiram. Os grandes pintores da história, como Da Vinci, Rembrandt, Van Gogh e Frida Khalo, só para citar alguns, já registravam suas próprias fisionomias em suas telas. Na fotografia, o primeiro a retratar a si mesmo foi Robert Cornelius, um químico alemão que conseguiu a façanha em 1839, em um 'antigo' daguerreótipo. 

Mas, a fotografia de si próprio se revolucionou quando os dispositivos mais modernos possibilitaram que o 'fotógrafo' pudesse ver a foto antes mesmo que ela fosse feita, nas câmeras frontais. Essa revolução transformou o autorretrato em selfie, para não dizer, em febre, fazendo surgir outras novidades como costumes, equipamentos culturais e, até mesmo, doenças.  

2002

Foi no segundo ano do século 21 que o termo 'selfie' surgiu. Um jovem australiano, Nathan Hope, publicou na internet um autorretrato exibindo os lábios feridos após uma bebedeira com os amigos. Na legenda, ele escreveu: "Desculpem o foco, era uma selfie". Os australianos costumam colocar a terminação 'ie' nas palavras e, assim, nasceu o termo que batizou esses retratos na era da internet. 

Popularidade

Com o acesso à tecnologia cada vez maior, em todas as camadas da população ao redor do mundo, as selfies logo se popularizaram e viraram moda. Do antigo Fotolog (site de publicação de fotos) ao badalado aplicativo de imagens Instagram, as pessoas, das mais comuns às mais famosas, passaram a compartilhar, indiscriminadamente, fotografias de si mesma, nas mais inimagináveis poses e situações. Em 2013, o termo selfie foi eleito o mais popular do ano, pelo Dicionário Oxford e, hoje, o Instagram já cresceu tanto que vale 100 vezes mais do que quando foi comprado pelo Facebook, em 2012. 

Comportamento

As selfies carregam com elas tamanho poder que são capazes até de mudar o comportamento das pessoas. Uma pesquisa feita pela Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva, neste ano de 2017, constatou que 55% dos pacientes que procuraram mudar o rosto nos centros cirúrgicos o fizeram para sair melhor nas fotos. Outros comportamentos como tirar bichos selvagens de seu habitat natural só para posar ao lado deles também têm sido recorrente. Sem contar nos casos de mortes decorrentes da busca pela selfie perfeita, em lugares perigosos como trilhos, penhascos e prédios altos. Também há aqueles que registram a sua própria presença em momentos delicados como velórios, a exemplo do que aconteceu na ocasião da morte do sertanejo Cristiano Araújo e do político Eduardo Campos. 

Saúde

A vontade de fazer selfies constantemente é apontada, pelos médicos, como uma doença desde 2014. Segundo pesquisadores da Universidade de Nottingham Trent, de Londres e da Escola de Administração de Thiagarajar, na Índia, a síndrome de selfie, ou Selfit, se caracteriza pela necessidade obsessiva em tirar autorretratos e postá-los nas redes sociais, em busca de aprovação externa. O distúrbio pode estar relacionado a transtornos de personalidade narcisista ou ao transtorno do corpo dismórfico, quando o paciente não se enxerga exatamente como é, apresentando uma preocupação excessiva com sua aparência. Os sintomas podem variar entre baixa autoestima, insegurança, dificuldade nas relações interpessoais, e podem levar a quadros de depressão se não tratados.  

Faculdade

Para aqueles que levam a sério suas selfies, algumas instituições resolveram abrir suas salas de aulas para cursos específicos. Em Londres, a City Lit oferece um curso chamado 'A Arte do Autorretrato', prometendo ensinar técnicas de aperfeiçoamento. Isso sem contar com os inúmeros tutoriais existentes na internet que ensinam técnicas e truques para a selfie perfeita.

Direitos autorais

Os direitos autorais de uma fotografia foram exaustivamente revisados e debatidos em 2011 quando um macaco achou uma câmera de 'bobeira' na floresta e fez várias selfies. O fotógrafo David Slater resolveu brincar com os macacos e deixou sua câmera à disposição deles. A selfie fez tanto sucesso que motivou uma disputa judicial para definir quem seria o dono da foto. O macaco acabou perdendo por não fazer parte da espécie humana. 

Cultura

Com tanto impacto na sociedade atual, as selfies já viraram bens culturais com direito, inclusive, a museu. O equipamento cultural fica em Los Angeles e recebeu o nome de Museu da Selfie. Lá, é possível encontrar a história desse tipo de foto, desde seus primórdios, além de salas temáticas que mostram, de forma interativa, tudo sobre as selfies. O slogan do museu é um convite quase irrecusável: "Amando-as ou odiando-as, você nunca mais verá as selfies da mesma maneira".

 

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