Cine Pipoca exibe filmes para alunos do ensino médio
Com a presença de professores, alunos da rede estadual discutem temas políticos presentes nas tramas baseadas em clássicos das histórias em quadrinhos
Alunos do ensino médio participaram, na tarde de quarta-feira (12), de uma sessão do filme "Pantera Negra", realizada pelo projeto Cine Pipoca UNAMA, do Núcleo de Responsabilidade Social da Universidade da Amazônia (UNAMA). A exibição ocorreu no campus Alcindo Cancela, com a participação dos professores do curso de História e Engenharias e com a colaboração da Livraria Fox.
Foi a segunda sessão do projeto - a primeira, na livraria Fox, ocorreu em agosto -, que busca despertar o olhar crítico dos alunos. “Nesse semestre trabalhamos com filmes baseados em histórias em quadrinhos. A ideia é trabalhar com filmes que permitam pensar em algumas questões ligadas à história ou a questões contemporâneas”, disse Luciana Batista, professora de História e uma das organizadoras do projeto.
Participaram do evento alunos do ensino médio da escola estadual Frei Daniel, localizada no Guamá, que estão nos preparativos para o vestibular deste ano. “O evento casou perfeitamente com o projeto 'Frei rumo ao Enem', que a gente desenvolve dentro da escola. A análise crítica vai somar com o que eles veem em sala de aula”, contou Cristina Lopes, técnica pedagoga da escola.
Após as sessões, organizadores e alunos debateram sobre questões abordadas no filme, como, por exemplo, representatividade. “O objetivo desse projeto é dialogar com essas pessoas a respeito dos filmes, como 'Pantera Negra' e 'Mulher Maravilha', e a representatividade desses personagens na sociedade atual”, disse Emerson Rodrigues, professor dos cursos de engenharia da UNAMA e integrante do Núcleo de Responsabilidade Social.
Para os organizadores, os filmes baseados em histórias em quadrinhos (HQ) reforçam o olhar crítico dos alunos em relação a assuntos do cotidiano. “Percebemos que boa parte dos filmes de HQ da modernidade trata de assuntos sociais comuns, como feminicídio, empoderamento feminino, conflito de fronteiras e reserva tecnológica, que são questões que geram conflitos sociais, às vezes até armados, e são falados dentro do filme, mas com uma leitura mais jovem. Achamos essa discussão importante e para atrair o público jovem tentamos utilizar o filme como um interlocutor”, contou Mike Pereira, professor de Engenharia e um dos mentores do projeto.
Mike também disse que o sucesso do projeto só é possível com a ajuda das escolas. “O apoio das escolas é fundamental. Faço meu convite aos diretores de escolas públicas e privadas para que conheçam nosso projeto, nosso calendário de programações, tragam seus alunos, venham debater junto com a gente e usufruir dessa discussão”, disse o professor.
Os estudantes que participaram da sessão acharam o projeto importante. “Está sendo muito interessante. Ouvindo a explicação dos professores, antes do filme começar, entendi o processo histórico e por que ele foi feito. Estou achando muito proveitoso por causa da discussão no final do filme”, disse Lucas Valente, estudante do 3º ano do ensino médio da escola Frei Daniel.
Os organizadores acharam fundamental passar o filme "Pantera Negra" e debater com os alunos as relações entre ficção e realidade. “Escolhemos alguns filmes a dedo. Esse filme, em especial, é a questão da representatividade negra. O herói foi criado em uma década em que estava tendo uma grande convulsão social nos Estados Unidos, final da década de 50 e inicio da década de 60, quando estavam ocorrendo os movimentos negros. Questões de igualdade junto à sociedade como a separação entre negros e brancos, inclusive para uso de banheiros”, disse Luis Tadaiesky, professor do curso de Engenharia e um dos idealizadores do projeto.
O Cine Pipoca é a continuação do Cinema UNAMA, um projeto que existia antes na Universidade, mas agora apresenta novo formato. “Fazemos com que o aluno perceba toda a criticidade e reflexão do panorama social, econômico, político e cultural que está ao redor dele. Ganhamos saldo positivo com o que estamos oferecendo. As escolas estão nos procurando, e queremos que elas nos procurem mais, porque pensamos na responsabilidade e compromisso social. Atender esse alunado e prepará-lo através da reflexão, até para os estudos do Enem, é um compromisso nosso”, detalhou Rachel Abreu, professora do curso de Ciências Sociais e integrante do Núcleo de Responsabilidade Social da UNAMA.
Os diretores que quiserem cadastrar suas escolas para participar do projeto podem procurar o Núcleo de Responsabilidade Social da UNAMA, no campus Alcindo Cacela.
Por Rosiane Rodrigues.