Heroínas carregam o peso do preconceito

No cinema de super-heróis, o protagonismo feminino caminha lentamente. Mulheres ainda são apresentadas como personagens frágeis ou românticas.

sex, 06/03/2020 - 18:49
Internet A Mulher Maravilha da DC teve bom desempenho nas bilheterias Internet

  No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Comemorada em mais de 100 países, a data lembra as lutas políticas por direitos e emancipação das mulheres. Porém, um setor em especial só aos poucos resgata sua dívida com o protagonismo feminino.

  Desde o inicio do século XXI, o cinema de super-heróis tem crescido imensamente. Em 2008, com os filmes “Batman – O Cavaleiro das Trevas” e “Homem de Ferro”, esse tipo de mídia alcançou outro patamar. Mas não apenas nesses filmes como em muitos outros do gênero, a mulher na maioria das vezes é tratada como uma figura frágil que está sempre pronta para ser resgatada pelo herói.

  Ter heroína como protagonista também se mostrou um grande fiasco por muito tempo. Em 2003, o longa “Mulher-Gato”, protagonizado pela vencedora do Oscar Halle Berry, fracassou em crítica e bilheteria. Poucos anos depois, “Elektra” foi considerado pelos próprios executivos do filme como “uma péssima ideia que resultou num filme muito, muito, ruim”.

  Essa somatória de fatores fez com que filmes de heroínas fossem engavetados por anos até a indústria se sentir confiante para trazê-los de volta. No universo Marvel, por exemplo, a Viúva Negra foi tratada como coadjuvante dos Vingadores por muitos anos. Já na concorrente DC comics, a Mulher Maravilha precisou fazer uma ponta no filme “Batman Vs Superman” antes de ganhar seu filme solo.

    Todo esse processo foi feito de forma gradativa. Grandes filmes de heróis passaram a não relacionar mulheres com figuras indefesas e foram colocando personagens fortes em diversas obras conhecidas do grande público. Como a filha do titã louco Gamora, no filme “Guardiões da Galáxia”. A Mística de Jennifer Lawrence no reboot de X-men. Ou até mesmo a vilã Arlequina, conhecida por muito tempo como a namorada do Coringa, no filme “Esquadrão Suicida”. 

Em junho de 2017 a DC estreou o primeiro filme com uma heroína protagonista em muito tempo, "Mulher Maravilha". O resultado foi um grande sucesso. Com muita aprovação de crítica e público, e milhões de dólares de faturamento em bilheteria. Isso fez com que as produtoras enxergassem um futuro positivo no gênero.

A Marvel se arriscou com "Capitã Marvel" em 2019 e emplacou mais um sucesso de crítica e bilheteria. Tudo isso resultou em muitos filmes de heroínas sendo desenvolvidos por grandes distribuidoras. No ano de 2020, pela primeira vez, o cinema de heróis conta com mais filmes de heroínas do que heróis, contando com “Aves de Rapina”, “Viúva Negra” e “Mulher Maravilha – 1984”.

  Porém, o problema das personagens femininas vai além das câmeras. O Centro de Estudos de Mulheres na TV e no Cinema revelou que, em 2018, apenas 18%  do total dos cargos de diretores, roteiristas e produtores foi ocupado por mulheres. Mesmo com o número de protagonistas mulheres aumentando, e mesmo com a representação de figuras femininas fortes, a maior parte das mulheres nas histórias serve apenas como interesse romântico dos heróis. Como é o caso de Mary Jane em "Homem Aranha" ou Louis Lane, em "Superman".

Apesar de todo o avanço nos últimos anos, ainda há questões que podem ser melhoradas. E toda a expectativa de mudança nesse cenário está nos futuros projetos em que a mulher aparece protagonizando nos longas.

Por Henrique Herrera.

 

 

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