Grifes adotam tons naturais para falar de sustentabilidade

Processos de tingimento podem ser feitos com o uso de frutos, flores e outros tipos de alimentos

por Junior Coneglian seg, 16/11/2020 - 18:02
Divulgação / Sou de Algodão Divulgação / Sou de Algodão

Diante das mudanças que apontam para um mercado da moda cada vez mais sustentável, as grifes estão de olho em matérias-primas menos poluentes e tinturas naturais, que ajudam a criar um vestuário atento às necessidades ecológicas. "Um ponto decisivo das peças de roupa é, sem dúvida, a cor escolhida para o produto final. Pode ser um jeans Levi's azul, uma camiseta branca ou um vestido tubinho vermelho; cada um passa por um longo processo de tingimento que, atualmente, dispõe de muitas alternativas de finalização", explica a personal stylist Erika Ometto.

Esses processos de tingimento podem ser feitos a partir do uso de frutos, flores e outros tipos de alimentos. Grandes empresas ou marcas que integram o conceito de slow fashion tem buscado pela coloração feita com matéria-prima naturalNo mundo, por ano, a indústria têxtil usa entre seis a nove trilhões de litros de água apenas para tingir tecidos, segundo pesquisa da Vogue Brasil, realizada em 2018. "Em um momento em que os continentes estão enfrentando questões de escassez de água, novas formas de projetar um futuro mais consciente, ecológico e sustentável deixa de ser tendência e vira necessidade", afirma Ometto.

Materiais usados e recortes também entram no vestuário e dão espaço para o reuso de matérias-primas, como a madeira, rede e palha em confecções. "Falar de moda sustentável é garantir que todo o seu processo seja humanizado, responsável e consciente. Garantir o acesso de seus funcionários às necessidades básicas e assegurar que seus métodos sejam os menos nocivos possíveis é apenas o início de um longo caminho a ser traçado", comenta a personal stylist.

Grifes como Balmain, Stella McCartney e a brasileira Sou de Algodão são quase pioneiras em introduzir e intensificar suas relações com uma moda com propósito. Por meio de cores que fogem de estilo baseado em tons extremamente artificiais, como o rosa millenial, cores sóbrias como o areia, verde, lilás e amarelo, que facilmente podem ser extraídos de produtos naturais, surgem e dominam as mais recentes semanas de moda.

Entre as grifes renomadas que praticam esse olhar sustentável está a francesa Jacquemus. O dono e estilista da marca, Simon Jacquemus, 28 anos, nasceu em Mallemort, um vilarejo com pouco mais de seis mil habitantes no sudeste da França, que serve de inspiração para as coleções da maison. "Minha marca não tem a ver com sair à noite ou clubbing. Tem mais a ver com frutas, legumes e rolar na grama", definiu Jacquemus, em entrevista a revista Dazed.

A grife francesa segue a estética cottagecore, que tem apego pelo simples, pelo rural e pelo artesanato, e que foi impulsionada pelo êxodo urbano provocado pela pandemia do coronavírus. "Jacquemus é o nome mais interessante que temos hoje na moda mundial. Ele [Simon] é o que melhor define os rumos da indústria, com caminhos que se preocupam com o futuro de um ecossistema que sofre suas mazelas por indústrias poluentes, como a moda", comenta a estilista e especialista em tendências e desenvolvimento de coleção Fer Faustino.

 

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