Wagner Moura detona Bolsonaro e fala de censura a filme
Diretor falou sobre Marighella e acusou o governo Bolsonaro de tentar censurar a obra
Prestes a lançar seu primeiro filme como diretor, Wagner Moura falou sobre a situação do país e Marighella, que chega aos cinemas do Brasil no dia 4 de novembro depois de dois adiamentos após problemas com a Ancine, Agência Nacional do Cinema. Segundo ele, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o longa foi censurado pelo órgão por conta da história ser sobre um guerrilheiro comunista que lutou contra a ditadura militar brasileira.
O filme conta com um elenco estrelado, como Bruno Gagliasso, Adriana Esteves e Humberto Carrão, além Seu Jorge no papel principal. O longa já foi visto no Festival de Berlim de 2019, mas com as proibições da Ancine e a pandemia, demorou a chegar no país.
"As negativas da Ancine para o lançamento e, depois, o arquivamento dos nossos pedidos não têm explicação. E isso veio numa época em que o Bolsonaro falava publicamente sobre filtragem na agência, que filmes como ‘Bruna Surfistinha’ eram inadmissíveis, que não ia dar dinheiro para financiar filmes LGBTQIA+”, disse à Folha.
“Não é censura como foi na época da ditadura, de que não vai passar e pronto, mas é uma censura que inviabiliza o lançamento de filmes por uma via burocrática”, explicou.
Finalizando, Wagner avaliou negativamente o governo. “Esse cortejo de mediocridade que vem atrás dele mostra que o Bolsonaro não é um alien, não veio de Marte. Ele é um personagem profundamente conectado ao esgoto da história brasileira, que nos mostra que o Brasil não é só um país de originalidade, de beleza, de potência, de diversidade, de biodiversidade. O favor que o Bolsonaro nos fez foi revelar esse outro Brasil, que estava camuflado, foi nos mostrar que nós também somos um país autoritário, violento, racista, de uma elite escrota”, concluiu.